O projeto
FreeBSD iniciou em 1993, como consequência da manutenção não oficial do 386BSD, pois este já estava a mais de um ano sem receber atualizações. Depois de um ano era necessário uma revisão crítica e esta não ocorria. O primeiro lançamento oficial foi o FreeBSD 1.0 em dezembro do mesmo ano e foi coordenado por Jordan Hubbard, Nate Williams e Rod Grimes.
O projeto 386BSD era um sistema operacional desenvolvido por Bill Jolitz, e que estava naquele momento passando por um período de negligência, ou seja, havia uma série de problemas que não estavam sendo resolvidos. Estes problemas estavam cada vez mais críticos, e isso foi o que motivou a criação do FreeBSD. Este era o principal objetivo, corrigir uma série de problemas detectados no 386BSD, e que a equipe de manutenção não havia conseguido.
Inicialmente o projeto possuía o apoio de Jollitz, porém depois de um tempo ele decidiu, repentinamente, retirar sua sanção ao projeto, sem indicação clara do que deveria ser feito. Neste momento o projeto FreeBDS já começava a ganhar corpo e era claro que valeria a pena continuá-lo mesmo sem o apoio de Bill. Foi então adotado o nome FreeBSD sugerido por David Greenman.
Distribuição inicial do projeto
Um dos primeiros passos a ser definido foi a forma de distribuição do FreeBSD. Neste momento da história a internet não era tão difundida e a forma mais utilizada para se distribuir softwares era o CDROM. Por este motivo a equipe entrou em contato com a Walnut Creek CDROM, para desta forma difundí-lo para pessoas que não tinham acesso à internet.
A Walnut Creek CDROM abraçou o projeto de tal forma que disponibilizou, ao projeto, uma máquina para trabalho dedicado e uma conexão rápida com a internet. Esta parceria foi fundamental para que o projeto, até então desconhecido, conseguisse uma divulgação inicial grande e alcançasse uma boa adesão.
A primeira distribuição em CDROM, e na internet em geral, foi o FreeBSD 1.0 e foi baseado na fita 4.3BSD-Lite (Net/2) da Universidade da Califórnia, Berkeley (U.C Berkeley). Claro que possuía muitos componentes originados no 386BSD e da Fundação do Software Livre (Free Software Foundation) e foi um sucesso razoável para a primeira versão que foi fundamental para a continuação do projeto. Em maio do ano posterior (1994) foi lançado a release FreeBSD 1.1.
Impasse judicial
Em meados de 1994, a Novell e U.C Berkeley entraram em um acordo sobre a situação legal da fita contendo o Net/2, de propriedade da Berkeley. Segundo este acordo grande parte do NET/2 se tornavam códigos impedidos, pois pertenciam à Novell, que havia adquirido-os da AT&T algum tempo antes.
Ainda segundo este acordo a Berkeley receberia a permissão para o lançamento da versão 4.4BSD-Lite que passaria a ser a versão oficial do sistema. Dessa forma o projeto foi diretamente afetado, e recebeu o prazo limite de julho de 1994 para parar o desenvolvimento e distribuição do sistema. Porém, os desenvolvedores ainda poderiam lançar versões antes deste limite e foi o que fizeram. Acabou, assim, sendo lançada a versão FreeBSD 1.1.5.1.
Como pode-se imaginar, este acordo prejudicou totalmente o desenvolvimento do projeto, pois a partir deste momento todo o sistema precisaria ser reinventado, ou seja, produzido a partir de um sistema completamente novo, o 4.4BSD-Lite. Esta versão continha grandes blocos de códigos de Berkeley e acabou sendo impedido o seu uso, devido a várias decisões legais, resultantes do acordo já mencionado, por este motivo o sistema era considerado incompleto em relação às versões anteriores ao acordo.
Mesmo diante desta barreira o projeto conseguiu lançar o FreeBSD 2.0 em novembro de 1994, que apesar de ser um pouco bruta teve um sucesso razoável e logo deu lugar a release 2.0.5, em junho de 1995, esta versão era bem mais robusta e de fácil instalação. Não demorou muito para que outras versões surgissem e com elas as melhorias que fazem, hoje do FreeBSD o sinônimo de estabilidade e segurança.
Sem dúvidas, as questões legais fizeram com que o FreeBSD perdesse muito em sua divulgação inicial, pois por algum tempo o projeto não pode se quer ser divulgado, até que fosse regularizadas as questões legais. Porém outras questões podem ter influenciado a baixa adesão do sistema por muitos. Usuários do
GNU/Linux, por exemplo, possuem uma certa resistência ao conhecer o FreeBSD, pois acreditam estar aprendendo um sistema totalmente do zero.
Embora existam diferenças básicas entre GNU/Linux e FreeBSD, no que se refere a sua usabilidade, como por exemplo, Shell utilizado, Kernel distintos e forma de instalação de aplicativos, aprender o FreeBSD não significa necessariamente aprender "tudo de novo", pois o sistema é muito parecido com o GNU/Linux, afinal ambos descendem do mundo Unix.
Por falar em instalar aplicativos é exatamente o que veremos na próxima parte do artigo, abordaremos as formas de instalação de aplicativos, tanto por meio dos Ports, quanto por meio de pacotes binários.