Será o software livre um caminho para a educação? De que forma o "pingüim" pode ajudar na construção do conhecimento? Leia este artigo e perceba as vantagens de se falar em informática educativa tendo em vista o software livre.
Cada vez mais, encontramos referenciais teóricos que nos levam a refletir
a respeito da premente necessidade de se buscar e idealizar novas
estratégias e paradigmas para a educação. Crescem as pesquisas dentro desta
linha. O professor, o pedagogo, o especialista desta área, entende a
necessidade de propor novos olhares à construção do conhecimento. Mas,
apesar das dificuldades de se encontrar uma nova forma de ensinar /
aprender, e aqui me refiro ao ato propriamente dito, independente de
terminologias ou questões semânticas, há um referencial interessante surgindo:
a utilização da informática como ferramenta educativa.
Paulo Freire nos preconizava uma educação libertadora onde era abominada a
relação de poder e dominação instaurados pela escola tradicional. Nesta nova
ação educativa libertadora, deveria existir uma relação de troca horizontal
entre educador e educando exigindo-se nesta troca, atitude de transformação
da realidade conhecida. É por isso, que a educação libertadora é acima de tudo
uma educação conscientizadora, na medida em que além de conhecer a realidade,
busca-se transformá-la.
Nesta direção, não consigo ver outra possibilidade senão o Linux para a escola!
Pensar a educação sob a ótica de Paulo Freire nos remete diretamente ao universo
do software livre. O que é mais gritante neste universo senão a liberdade de
fugir da opressão do software proprietário; permitir a transformação da realidade
dos códigos abertos; a relação de cooperação que se estabelece entre as comunidades
desenvolvedoras de Linux; e acima de tudo, o que não é mais gritante do que a ação
conscientizadora que este movimento nos permite em relação à inclusão digital, e
porque não ressaltar a responsabilidade social de cada cidadão.
Com o Linux somos sujeitos no processo de criação; somos atores principais se assim
nos aventurarmos. Segundo Paulo Freire é essa relação dialética onde educadores e
educandos que se fazem sujeitos do seu processo, que devemos encontrar nas práticas
pedagógicas desejáveis para uma escola transformadora, bem como encontramos na
caminhada do software livre.
Aqui surge uma nova ordem. Não estou mais falando de detalhes técnicos de como o
Linux é melhor; não estou apenas falando de que vantagens econômicas eu terei, não
estou falando apenas de uma postura comprometida com a responsabilidade social e
inclusão digital; estou falando sim de uma possibilidade de prática pedagógica
fundamentada e amparada em um discurso epistemológico legítimo. Um olhar dentro do
viés pedagógico de um mundo que até então eram comandos; configurações, instalações,
etc, etc. É o Linux como caminho para qualificar e possibilitar uma nova escola,
um novo aluno, um novo homem.
Jacqueline Aguiar
Especialista em Informática Educativa
Assessora Pedagógica de Informática Educativa na Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre.
[1] Comentário enviado por agk em 27/04/2004 - 16:07h
Parabéns, belo artigo.
Essa consciência de software livre deve vir com certeza desde a infância, originando-se nas escolas, onde são formados nossos cidadãos. Para a formação de uma sociedade mais igualitária e mais justa, onde todos possam ter a oportunidade de aprender.
[2] Comentário enviado por thiagosc em 27/04/2004 - 17:07h
Adorei o artigo, muito interessante o ponto de vista do software livre na educação, hoje trabalho com Informática Educativa e infelizmente o Linux não está tendo muita oportunidade, não por minha parte, lógico... pois sou um mero subordinado... um exemplo: foram compradas máquinas novas para o local onde trabalho e advinha qual sistema operacional que veio pré instalado???
[3] Comentário enviado por kikosp em 27/04/2004 - 18:45h
Gostei muito do seu artigo,também concordo contigo no que diz respeito a software livre, temos de criar nas novas geraçãoes a importancia de uso e manipulação de software livres,ainda mais levando-se em conta que a tendencia mundial leva para esse lado, uma economia monopolista,só não concordo com o que está acontecendo hoje no mercado se fechando para algumas distribuiçõe e empurando guela abaixo dos usuarios,afinal estamos nos livrando ou não do monopolio,viva o software livre,viva a liberdade de escolha.
[4] Comentário enviado por jllucca em 27/04/2004 - 21:57h
Bom, o artigo entre os muitos "não tecnicos" daqui do site(a exemplo tem uns do arknoid e de outros membros que não lembro). Acredito esse ter sido um dos artigos mais bem escritos daqui do site tanto que ficou estranho. Mas, aproveitando pra questionar uma parte do artigo : "...Não estou mais falando de detalhes técnicos de como o Linux é melhor...". Certo, "não estou mais falando" e nem nunca foi citado detalhe tecnico no artigo. Acho desnecessario, mas poderia ter usado isso ainda pra frizar mais o como o linux pode ser usado na educação. Creio que tenha sido isso que achei estranho, é um artigo puramente ideologico sobre como o linux tem haver com a educação ou ainda o oposto devido as inumeras citações referentes ao Paulo Freire.
[5] Comentário enviado por jose_maria em 27/04/2004 - 22:08h
Excelênte artigo, esse eu tava sentindo falta.
O Linux é a opção mais viável dentro do ambiente educacional.
Com o uso de ferramentas livres, passando essas informações para os alunos, é possível educar com os valores de cooperação e Liberdade. Valores que estão no software livre no uso e no desenvolvimento.
A educação e os ambientes educacionais não só não devem ficar de fora da revolução do software livre mas também devem ser uma vanguarda nesse movimento. Desde o prézinho até as universidades.
Já vi casos em que o software proprietário e pago, dentro das escolas, prejudicam a educação das crianças.
Há escolas públicas estaduais que usam somente aquele outro sistema operacional e não possuem nenhuma aplicação interessante em seus laboratórios, até porque se tivesse seria pirataria.
Todos nós, com certeza, fomos vítima do software proprietário durante a infância. Nós fomos vítimas porque usavamos um software fechado como uma caixa preta.
Como a gente pode aprender, fuçando, com um sistema assim?
No Linux há transparencia para o usuário, tudo são arquivos! No Linux há cooperação extrema entre os usuários. O Linux é uma experiência de Liberdade, e pode ser também uma experiência libertadora!
Há uma empresa de software proprietário que diz que investe na criatividade e acredita no potêncial das pessoas, mas é uma mentira!
[6] Comentário enviado por ricardo_valmir em 27/04/2004 - 23:09h
Parabéns, pelo artigo
Adorei o artigo estava precisando mesmo que fosse feito um artigo sobre esse tema, apesar que tods os temas são muito bons.
Parabens Jacqueline pelo artigo.
[7] Comentário enviado por Oki em 28/04/2004 - 02:51h
Tem um projeto Open de um camarada que é bem interessante e está focado na educação à distância. Chama-se Ponto Futuro (www.pontofuturo.org) e o objetivo do projeto é construir uma universidade virtual.
[8] Comentário enviado por Azevedo em 28/04/2004 - 07:59h
Parabéns Jaqueline. Seu artigo contextualiza, de forma absolutamente irretocável, a filosofia do software livre com todas as questões sociais e ideológicas da educação hoje. Você foi muito feliz e seu ponto de vista mostra sua preocupação com uma sociedade justa, humana e livre.
[9] Comentário enviado por jacqueaguiar em 28/04/2004 - 11:27h
Realmente a intenção do texto era essa: fomentar a discussão sobre as questões relacionadas aos valores que estão contidos no utilizar Linux na educação. Percebi que tenho parceiros importantes desta discussão aqui. Que bom! Obrigada pelos comentários e por essa oportunidade de construção coletiva!
Abraços a todos!
JacqueAguiar
[10] Comentário enviado por everton_mello em 30/04/2004 - 16:05h
Bom Jaqueline, acho que vou ter que acabar sendo o vilão desse comentário e ser negativo, estamos num espaço democrático e é justo eu explanar minha opinião.
Bom eu trabalhei na Escola Ana ïris do Amaral dois anos(o tempo máximo de estágio) acompanhei todo crescimento da escolha em termos de tecnologia,etc. E posso dizer que depois que foi implantado o Conectiva 8 na escola, a produção de trabalhos diminuiu consideralvelmente, os investimentos em tecnologia em equipamentos praticamente deixaram de existir e faltou um grande planejamento pedagógico,etc.Acho que ficamos na época em muita teoria,etc.
Citando exemplos:
Primeiro:Quando fui contratado , o requisito era saber o Windows, mas quando mudaram a plataforma para Linux, foi nos dito que seria dado um curso para todos caso fosse mesmo feita a migraçã0, algo que não aconteceu, falha 1, como os estagiários que iriam auxiliar alunos e professores sem saber a ferramenta iriam ajudar corretamente?mas tudo bem, como informatas,etc são curiosos fomos atrás.
Segundo:os professores ofereceram resistências as mudanças e outros simplesmente abandonaram de levar as turmas a Informática, pq não sabiam o que iam fazer nos compuatdores, falta de planejamento pedagógico.
Terceiro:Onde foi parar os recursos ecnomizados na licenças?deveriam ter iso usados na parte de aquisição de máquinas melhores para terem uma performace melhor.
Quarto: não existem quase programas educativos em software livre o q ue prejudicou muito o trabalho.
Bom vou parar por aqui, mas acho que esas questões servirão de reflexão para todos aqueles que pensam que software livre é "mil maravilhas"na área educacional.
[11] Comentário enviado por jacqueaguiar em 30/04/2004 - 17:08h
Querido Everton!
Que prazer conversar contigo através deste espaço. Teu comentário ao texto não te coloca de forma alguma em papel de vilão. Ele traz a tua experiência, e é muito bem vindo.
O que posso te afirmar sem medo de errar é que assim como em qualquer outro campo, também no desenvolvimento desta relação software livre e educação o caminho é longo. Com certeza muitas experiências frustradas vão acontecer. No entanto, o que tento expor com o texto é uma idéia, um conceito no qual acredito. Mesmo conhecendo as dificuldades de se apresentar algo novo a professores que já conheciam o software proprietário, mesmo sentindo muita resistência, mesmo percebendo que muitas dificuldades surgirão no começo e ao longo do caminho, mesmo assim acredito nesta escolha como uma opção de qualidade. Uma escolha que vai permitir, num futuro próximo, discutir com os alunos uma gama de valores importantes como a cooperação, trabalho em equipe, liberdade, etc, etc...
Quanto aos softwares educacionais, concordo que muito se deve avançar nesta área também. No entanto, acredito em uma utilização dos computadores na educação baseada na pedagogia de projetos. Pedagogia esta que permite ao aluno criar, avançar, pesquisar para além da simples utilização de sof. educativos, como os que conhecemos até agora. Mas este é outro assunto: Como utilizar a informática com fins educativos? Como fazer do computador um facilitador de aprendizagem? Será que utilizar sof. educativos garante isto? Em breve pretendo contar com os companheiros desta comunidade para começar a discutir isso.
Mas, realmente Everton, não sei dizer o que acontecerá no futuro. Talvez daqui a alguns anos vamos todos olhar pra trás e dizer que os tropeços foram muitos e podíamos ter feito tudo diferente. Quem saberá?!
O que é preciso é acreditar e buscar fazer o melhor. E aqui não estou falando de instituições, estou falando de nós mesmos. Pessoas comprometidas com as mudanças.
Viste que boa reflexão o teu comentário permitiu!
Obrigada!
Abraços a Todos!
Jacque Aguiar
[12] Comentário enviado por quinho_k em 30/04/2004 - 17:11h
Pela minha experiência, como professor e técnico, arriquei meu emprego fazendo uma migração radical no colégio onde trabalho: mudei, de um ano para o outro, o laboratório inteiro para Linux.
O único inconveniente que encontrei foi o vício pelo Windows. Principal reclamação: "Ai, mas eu não sei Linux!". Em um ambiente gráfico, intuitivo e organizado, não é necessário "saber linux", mas saber LER! LER as opções do menu principal (não é menu K, não é menu iniciar ou qualquer outra coisa), as opções dos menus dos programas e interpretar os desenhos dos ícones. É tudo tão óbvio quanto o Windows. A principal mudança que sofri nas aulas que acompanho foi de descrever os componentes do sistema em termos mais genéricos possíveis, e que encaixam-se nos dois ambientes. Desta maneira funciona. Tanto é que estou ensinando os professores do colégio a operar os computadores em Linux, e eles vão para suas casas e sentem uma experiência muito mais agradável no Windows, sabendo que podem mexer tranquilamente em qualquer sistema operaciona.
PS: Uso o Slackware Linux, OpenOffice.org 1.1, Gimp, tudo em português em terminais leves, de forma segura e muito flexível.
E parabéns pelo artigo, inspirador.... \m/
[16] Comentário enviado por jeffestanislau em 20/05/2004 - 11:05h
Cara Jacqueline,
Quero te parabenizar por dois motivos... 1. Pelo excelente artigo que difunde a idéia da utilização real do sistema do pinguim em ambiente educacional e 2. por ser o primeiro artigo no site escrito por uma mulher, coisa que a muito já estavámos buscando.
Trabalho em parcialidade com educação a 4 anos, e neste período já me deparei com muitas barreiras... usuários, preguiça, medo de perder o controle, medo do novo... etc... etc...
Apesar de darmos muitas possibilidades de uso do equipamento, os professores precisavam ser quase carregados para o laboratório para ver o que tínhamos... simplesmente por medo...
PS: e isso independente de sistema operacional... medo da tecnologia mesmo...
Então, a primeira coisa que se deve fazer para ser feliz nessa empreitada é cativar os professores com bons resultados, pois depois que eles apreciam a satisfação de uma aula no laboratório que gera uma compreenção imediata em comparação a uma aula de sala tradicional no que o aluno as vezes demora 2 ou 3 aulas pra compreender todo o significado do que foi explicado... eles nunca mais irão largar a tecnologia!!!
E isso aí...
Espero poder contar com soluções utilizadas por você que deram certo, descritas aqui no VOL....
[17] Comentário enviado por jacqueaguiar em 23/05/2004 - 17:35h
Agradeço enormemente a acolhida calorosa pelos membros que aceitaram o convite e se dispuseram a discutir um pouquinho sobre educação e informática a partir deste artigo. Senti que este espaço é valioso não apenas para nos ajudar a dirimir as dúvidas quanto às questões técnicas, mas também quanto às questões conceituais que envolvem o movimento do software livre. Com certeza é um espaço qualificado para isso!
Obrigada e abraços a todos.
[18] Comentário enviado por jeanarouche em 12/02/2005 - 12:54h
Jacqueline,
Seu artigo é de um valor muito importante para comunidade.
Também sou especialista em informática na educação, no qual defendir na minha monografia justamente isso, a aplicação do sistema operacional GNU/Linux em laboratórios de informática educativa.
Enquantos muitos defendem o Windows, devido encontrar menos dificuldades em operar o sistema, não procuram refletir sobre o valor pedagógico do mesmo.
Isso é um fato que Piaget defende na sua epistemologia genética, conforme suas palavras:
"(...) a inteligência constitui estruturas próprias, estruturas de conhecimento. Construídas no decorrer das interações, as estruturas cognitivas evoluem mediante a influência recíproca de fatores externos, do meio, e de fatores internos, próprios da organização intelectual. Os objetos a ser conhecidos pertencem ao meio, enquanto a inteligência é a atividade do sujeito, que pouco a pouco se torna capaz de conhecer as coisas próprias do seu meio mediante várias construções sucessivas."
Em termos educacional, usuários do Windows perdem a faculdade de reconstruir o seu conhecimento, ficam atrelados a conhecimentos estáticos, ou seja, sua mente fica fechada igual ao seu próprio código. E quando se deparam com algo que força a mente trabalhar, rechaçam e voltam a comodidade do mesmo. Se tornam viciados de um conhecimento mecânico da máscara do sistema, sem ter se quer idéia de como é construído aquelas interfaces, devido o código ser fechado.
Quando querem adaptar aquele sistema as suas necessidades, pagam um preço alto para empresa detentora da licença, e o pior de tudo, a forma como é feito este processo é totalmente restrito, ou seja, o usuário continua sem saber de nada do sistema, totalmente passivo e dependente.
Enquanto que o GNU/Linux, é totalmente oposto a isso, o usuário convive com desafios, próprios do construtivismo. A sua inteligência, vive em constante adaptação sucessivas conforme Piaget defende.
Isso é fantástico, devido formar comunidades de discussão em inúmeros temas distintos, onde ocorre a Interação que forma uma inteligência coletiva em prol de um objetivo comum.
E não a um grupo isolado de pessoas detentoras do conhecimento, como existe com os programadores do Windows, e deixando o usuário totalmente passivo e dependente de uma inteligência fechada e remunerada.
No ensino-aprendizagem, o sujeito não pode ficar passivo. Então do que adianta em ambienetes informatizados de educação, ter ferramnetas que possuem interfaces gráficas que temos idéia que atendem as necessidades, mas por outro lado o sujeito não é ativo no seu processo de aprendizagem.
Tive a aportunidade de fazer a experiência com dois alunos, com perfis diferente de usuário, um totalmente leigo em informática e outro expert em Windows.
Por incrível que pareça, o expert em Windows se mostrou totalmente idiota no GNU/Linux, devido já trazer os vícios do sistema que dominava e ao mesmo tempo ter um conhecimento totalmente cristalizado da filosofia dessa paltaforma. Teve maior dificuldade de construção do seu conhecimento em GNU/Linux, devido está bastante avançada a capacidade de não se adaptar as coisas novas que o meio lhe oferecia. Sua organização intelectual estava totalmente parada, o seu centro de raciocínio-lógico não desenvolvia nada a ser diferente do que estava acostumado no Windows.
O problema não era a diferênça de configurações entre as duas plataformas, mas sim a dificuldade de organizar as idéias em torno dos objetos e formar o todo. Sempre procurava associar o novo a idéia que tinha anterior, não conseguia processar a teoria com a prática e a interação com o objeto era quase zero.
O pior de tudo, que o seu espírito de interação de grupo, estava nulo. O orgulho de não recorrer a grupo de discussão sobre o assunto do que não dominava, deixava elevado a humilhação de não aceitar que não sabia de nada, cujo a pose
e talvez o status de usuário avançado do Windows, tinha ido tudo por água a baixo naquela situação.
Em contrapartida, o usuário leigo, demonstrou um avanço aceitável, no qual desconhecia certos detalhes técnicos. A capacidade de construir a idéia interagindo com o meio fluiu normalmente, no qual a organização intelectual da teoria com a prática, foi bem mais lógica. Isso não quer dizer, que ele seje melhor do que o outro usuário em informática, mas sim ainda possuir a capacidade mais elevada de interagir com meio que o outro usuário perdeu com o vício trazido da outra plataforma.
Em virtude disso, não devemos analisar o GNU/Linux só por motivos econômicos e técnicos como a Jacqueline coloca, mas sim ver a contribuição do valor pedagógico que transformar o sujeito ativo no seu processo de ensino-aprendizagem. Cujo situação que ocorreu com o usuário expert em Windows, não volte a se manifestar não só em termos de tecnologia, mas sim nas inúmeras situações que ocorrem na vida de cada
um
[19] Comentário enviado por jeanarouche em 12/02/2005 - 12:55h
Seu artigo é de um valor muito importante para comunidade.
Também sou especialista em informática na educação, no qual defendir na minha monografia justamente isso, a aplicação do sistema operacional GNU/Linux em laboratórios de informática educativa.
Enquantos muitos defendem o Windows, devido encontrar menos dificuldades em operar o sistema, não procuram refletir sobre o valor pedagógico do mesmo.
Isso é um fato que Piaget defende na sua epistemologia genética, conforme suas palavras:
"(...) a inteligência constitui estruturas próprias, estruturas de conhecimento. Construídas no decorrer das interações, as estruturas cognitivas evoluem mediante a influência recíproca de fatores externos, do meio, e de fatores internos, próprios da organização intelectual. Os objetos a ser conhecidos pertencem ao meio, enquanto a inteligência é a atividade do sujeito, que pouco a pouco se torna capaz de conhecer as coisas próprias do seu meio mediante várias construções sucessivas."
Em termos educacional, usuários do Windows perdem a faculdade de reconstruir o seu conhecimento, ficam atrelados a conhecimentos estáticos, ou seja, sua mente fica fechada igual ao seu próprio código. E quando se deparam com algo que força a mente trabalhar, rechaçam e voltam a comodidade do mesmo. Se tornam viciados de um conhecimento mecânico da máscara do sistema, sem ter se quer idéia de como é construído aquelas interfaces, devido o código ser fechado.
Quando querem adaptar aquele sistema as suas necessidades, pagam um preço alto para empresa detentora da licença, e o pior de tudo, a forma como é feito este processo é totalmente restrito, ou seja, o usuário continua sem saber de nada do sistema, totalmente passivo e dependente.
Enquanto que o GNU/Linux, é totalmente oposto a isso, o usuário convive com desafios, próprios do construtivismo. A sua inteligência, vive em constante adaptação sucessivas conforme Piaget defende.
Isso é fantástico, devido formar comunidades de discussão em inúmeros temas distintos, onde ocorre a Interação que forma uma inteligência coletiva em prol de um objetivo comum.
E não a um grupo isolado de pessoas detentoras do conhecimento, como existe com os programadores do Windows, e deixando o usuário totalmente passivo e dependente de uma inteligência fechada e remunerada.
No ensino-aprendizagem, o sujeito não pode ficar passivo. Então do que adianta em ambienetes informatizados de educação, ter ferramnetas que possuem interfaces gráficas que temos idéia que atendem as necessidades, mas por outro lado o sujeito não é ativo no seu processo de aprendizagem.
Tive a aportunidade de fazer a experiência com dois alunos, com perfis diferente de usuário, um totalmente leigo em informática e outro expert em Windows.
Por incrível que pareça, o expert em Windows se mostrou totalmente idiota no GNU/Linux, devido já trazer os vícios do sistema que dominava e ao mesmo tempo ter um conhecimento totalmente cristalizado da filosofia dessa paltaforma. Teve maior dificuldade de construção do seu conhecimento em GNU/Linux, devido está bastante avançada a capacidade de não se adaptar as coisas novas que o meio lhe oferecia. Sua organização intelectual estava totalmente parada, o seu centro de raciocínio-lógico não desenvolvia nada a ser diferente do que estava acostumado no Windows.
O problema não era a diferênça de configurações entre as duas plataformas, mas sim a dificuldade de organizar as idéias em torno dos objetos e formar o todo. Sempre procurava associar o novo a idéia que tinha anterior, não conseguia processar a teoria com a prática e a interação com o objeto era quase zero.
O pior de tudo, que o seu espírito de interação de grupo, estava nulo. O orgulho de não recorrer a grupo de discussão sobre o assunto do que não dominava, deixava elevado a humilhação de não aceitar que não sabia de nada, cujo a pose
e talvez o status de usuário avançado do Windows, tinha ido tudo por água a baixo naquela situação.
Em contrapartida, o usuário leigo, demonstrou um avanço aceitável, no qual desconhecia certos detalhes técnicos. A capacidade de construir a idéia interagindo com o meio fluiu normalmente, no qual a organização intelectual da teoria com a prática, foi bem mais lógica. Isso não quer dizer, que ele seje melhor do que o outro usuário em informática, mas sim ainda possuir a capacidade mais elevada de interagir com meio que o outro usuário perdeu com o vício trazido da outra plataforma.
Em virtude disso, não devemos analisar o GNU/Linux só por motivos econômicos e técnicos como a Jacqueline coloca, mas sim ver a contribuição do valor pedagógico que transformar o sujeito ativo no seu processo de ensino-aprendizagem. Cujo situação que ocorreu com o usuário expert em Windows, não volte a se manifestar não só em termos de tecnologia, mas sim nas inúmeras situações que ocorrem na vida de cada
um
[20] Comentário enviado por gnovais em 19/10/2007 - 16:38h
Cara Jaqueline,
Li o seu artigo e fiquei muito feliz como você justifica a utilização do SL, fundamentando-o com o Paulo Freire.
Sou gerente de informática da Secretaria Municipal da Educação de Vitória da Conquista – BA, e estou escrevendo um projeto pedagógico que tem o Paulo Freire, e mais dois outros teóricos, na concepção da proposta pedagógica do uso da TI na Educação. A proposta tem o Linux e toda uma gama de software educacional, que faça parte da mesma filosofia do SL, como base. O software educacional será devidamente avaliado segundo a concepção pedagógica que adotaremos, bem como todos os aspectos de interação humano-computador; atividades serão sugeridas e cada disciplina terá um SE para trabalhar no laboratório.
Além dos laboratórios das escolas municipais, estou coordenando a migração para SL do local onde trabalho, e começamos pelo próprio setor, a fim de que cada pessoa da equipe de trabalho se torne um multiplicador, o que todos eles têm adotado com entusiasmo, e tenha condições de passar este entusiasmo adiante (sou professor num curso da área de Computação e Informática, além de coordenar um projeto de extensão em Inclusão Digital na mesma instituição de ensino superior).
Não tenho a ilusão que não enfrentaremos barreiras com as resistências, mas acredito que a forma como se planeja cada ação influencia, e muito, como os usuários reagirão.
Parabéns!
Gidevaldo Novais
Professor do curso de Sistemas de Informação (Engenharia de Software – Matemática Discreta)
Gerente de Informática da Secretaria Municipal da Educação de Vitória da Conquista – BA