Soluções: open source ou proprietária? Salada mista!

Neste segundo texto vamos abordar, sob aspecto geral, como as soluções de T.I. (open source ou proprietária) podem ser implementadas de forma combinada nas empresas, de acordo com as necessidades de negócio.

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Por: Maurício Silva em 29/08/2009


Visão geral



Frase chave: Necessidade por demanda.

Texto anterior: Linux em casa? Ih... Não tem o botão iniciar!

Você se depara com a seguinte situação: é chamado para fazer uma avaliação em uma empresa, onde a diretoria procura saber qual a estrutura mais adequada para receber, por exemplo, um escritório de contabilidade (dois trabalhos em um, por sinal). Geralmente, qual o primeiro pensamento que vem, até mesmo antes da estrutura física? Servidores e desktops Microsoft! Pelo menos uma boa porcentagem de nós profissionais pensa dessa maneira.

Levantamento de requisitos, necessidades, orçamento disponível para implantação deste projeto etc, um mundo de detalhes a serem levantados, catalogados, organizados e principalmente, avaliados. Quem já não passou por isso? Quem não quer deixar aquela ótima impressão?

Aderindo à salada mista

Converso bastante com amigos do ramo e alguns deles são irredutíveis no ponto software: tem que ser proprietário. Os outros só enxergam escritórios open source. Porque não juntar os dois? Porque não usufruir do melhor de cada um? Porque não uma "salada mista"? Gostaria de compartilhar com vocês a minha experiência aqui na empresa.

Infelizmente a parte dos servidores não cabe a mim. Fica à meu cargo os clientes, a parte de análise e suporte. Como citado acima, aqui é um escritório de contabilidade, contendo atualmente 21 computadores desktop (com Windows XP Professional SP3), 3 servidores (um servidor PDC com Windows 2003 Server R2 Enterprise; um servidor de arquivos + servidor de internet com firewall e controle de tráfego com Mandriva 2008; um servidor de SGBD [Oracle] para o sistema MXM com Fedora 10) e 1 impressora HP Laser Jet P4015n, via cabo de rede e administrada via browser. Aqui já se percebe a "biodiversidade" do ambiente. Alguns podem perguntar:

"- Não tem problema em juntar softwares da gigante de Redmond (Microsoft) com softwares GNU, aka Tux (Linux)?"

Resposta: Sem problema algum! O diferencial aqui é qualidade de implementação. Não adianta transformar um escritório de contabilidade em um modelo totalmente open source, visando apenas a economia e segurança. Temos questões muito fortes, tais como enumero a seguir:

01) Um setor de Departamento Pessoal não sobrevive sem os programas da Caixa Econômica. São a essência deste setor. Os principais: Sefip, Grff e Conectividade Social, são softwares desenvolvidos somente para a plataforma Microsoft. A utilização do Wine, por exemplo, não garante a total funcionalidade destes no Linux.

02) Ainda no setor de Departamento Pessoal, temos as chaves de movimentação de funcionários, feitos através de um navegador. Esse sistema é desenvolvido em Java. Ah, pelo menos esse eu posso utilizar fora do Windows né? Não. Mesmo sendo desenvolvido em Java, o cmt.caixa.gov.br funciona somente e exclusivamente no Internet Explorer 06 e superiores. Ou seja, mesmo que o analista do projeto opte por implantar, por exemplo, o Firefox como browser padrão, sob essas condições o plano acaba por ser descartado.

03) Setor de Contabilidade: boa parte do Mercado Contábil opta pela suíte Alterdata, que é bem difundida nesse setor. O banco de dados deste sistema é o Nexus e ambos foram projetados para a plataforma Microsoft.

Novamente, utilização do Wine não garante a total funcionalidade destes no Linux.

Uma nova pergunta surge: mas e aí, onde que os sistemas open source entram nesta história? Para os itens 01 e 02: já conversei com os analistas da Alterdata e me disseram que está descartada a possibilidade da migração da base de dados + Pack contábil para o Linux. A Caixa Econômica também não dá sinais de interoperabilidade. Para o item 03, infelizmente, ainda não temos softwares alternativos capazes de suprir em totalidade as necessidades do modelo contábil brasileiro, inclusive o novíssimo SPED. Bom, mas a pergunta ainda não foi respondida:

"- Onde que os sistemas open source entram nesta história?"

Servidores! Sim, isso mesmo meus amigos, servidores! E não temos limites: servidor de arquivos, servidor de internet, servidor de PABX, servidor de impressão, servidor de PDC etc! O Linux tem sido a preferência em servidores por questões de personalização das configurações, refinamento nas questões de segurança, administração remota, entre outros. Quando bem configurado e implementado, torna-se uma poderosa ferramenta de trabalho, dando flexibilidade ao negócio.

Conclusão

Tanto o lado proprietário quanto o lado open source podem caminhar juntos, em um mesmo ambiente, em prol da resolução de problemas/necessidades de um escritório, por exemplo. Dei bastante enfoque ao ramo contábil, que é onde trabalho, mas a ideia citada aqui se aplica a qualquer necessidade, de qualquer empresa! A qualidade da implantação deste ambiente misto depende unicamente de nós. Viva a liberdade de escolha e a interoperabilidade das plataformas!

Grato mais uma vez! Sugestões e críticas são bem vindas, sempre! E também estou a disposição para discutir mais sobre o assunto, troca de ideias e compartilhamento do conhecimento.

   

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Comentários
[1] Comentário enviado por dbahiaz em 29/08/2009 - 17:45h

Cara, concordo contigo plenamente, eu ainda mantenho o Windows em dual boot, por falta de opção open source, uso Linux como sistema padrão do dia-a-dia, porém necessito do autocad, tentei usar algumas alternativas no Linux, mais a diferença na produtividade é muito grande, porém estou estudando a possibilidade de virtualizar, essa também pode ser a saída em alguns casos.

Abraço, e parabéns pelo texto.

[2] Comentário enviado por gontijobh em 29/08/2009 - 18:20h

No caso dele a melhor não seria virtualização, e sim TS (Terminal Service).
Não sei se você estudou essa possibilidade, mais no seu caso seria a melhor solução.

[3] Comentário enviado por Teixeira em 29/08/2009 - 19:00h

Concordo com o seu ponto de vista.

No entanto, o Brasil - conhecido mundialmente por seu "apoio" ao open source e pelo uso "intensivo" do Linux, usa de grande hipocrisia ao aceitar tais famas.

Digo isso porque, por aqui já deveríamos ter adotado OFICIALMENTE os documentos de formato aberto há muito tempo, evitando qualquer formato proprietário.
Os fabricantes que se adequem ao país, não o país a eles.
E isso não é difícil e muito menos impossível, pois os desenvolvedores são suficientemente competentes e versáteis.

Mas já que o governo prefere pagar, que seja por um serviço ou um produto que atenda às NOSSAS condições, e não o contrário.

Quando contratamos um software de contabilidade, ou de folha de pagamento, esses devem atender às nossas necessidades, e não às necessidades do desenvolvedor, não é assim?

Acho portanto que não há nada de mais em comprarmos licenças e mais licenças dO Microsoft Windows; no entanto, o pacote Office estaria fora de questão, pois muito embora alguns afirmem apaixonadamente que é melhor que todos os pacotes open source (até concordo em parte) essa diferença não é assim tão relevante a ponto de justificar gastarmos (nós, o governo) uma fábula com a sua aquisição.
Os produtos open source atuais têm ótima qualidade e são bem mais baratos (não vamos dizer "gratuitos" por motivos que explicaremos adiante) não justificando a escolha de produtos proprietários POR MERO CAPRICHO, comodismo ou incompetência de uma meia-dúzia.

Lamento que a Caixa Econômica dificulte tão ostensivamente e durante tanto tempo a utilização de qualquer outro sistema operacional ou quaisquer aplicativos que não sejam provenientes de nossa "matriz" de Redmond.
Tenho observado a luta e o sofrimento do pessoal da contabilidade ao tentar acertar versões, com um java "meia-boca" (ou seriam implementações meia-boca??).
Parece que contadores e contabilistas têm mesmo é que sofrer, na opinião de certas pessoas.

Penso assim:
Todos os formatos de documentos deveriam ser abertos (porque não?);
Use-se o Windows à vontade, desde que isso permita o uso com perfeição de formatos abertos e não proprietários (se alguém pensa que isso é tecnica ou comercialmente inviável, é porque não viveu no Brasil nos anos 60, onde tudo era possível, e mesmo as coisas impossíveis tinham de ser feitas, e bem; Época em que ninguém sentia "necessidade premente" de fazer greve, etc.
Foram tempos duros, porém muita coisa funcionava. Não deram uma melhor solução para o país simplesmente porque não era essa a intenção original).

Neste momento não estou agindo como "defensor do Linux" em detrimento da Microsoft e/ou de seus produtos. Têm suas qualidades inegáveis.
Defendo o formato livre e a PORTABILIDADE, coisa que vem sendo prejudicada neste país pela ação de pessoas em funções estratégicas mas que não tem digamos, um senso de patriotismo ou mesmo de economia devidamente apurados.

Aliás, o Brasil é igualmente famoso lá fora pelo DESPERDÍCIO.

Quanto ao open source, acho ótimo que seja gratuito, mas também acho que deveríamos contribuir financeiramente com os projetos de desenvolvimento e suporte de open source.
Essas atividades têm sido exercidas na maioria das vezes através de trabalho voluntário.
Seria bom se esses profissionais tivessem algum incentivo por parte dos usuários e também por parte do governo.

Nossos técnicos estão sendo mal formados.
Qualquer formatador de HD hoje em dia já sai por aí dando alguma forma de "assistência" a micros e COBRANDO por isso.
A diferença entre um técnico credenciado e o "curioso" é gritante, mas por questão de comodismo e de desatenção estamos pagando o preço que se apresente MENOR, sem critério algum.
E da mesma forma estamos contratando nossos profissionais de quqlquer área de atividade.

Claro que existem excessões excelentes, porém o que acabei de descrever é o que tem tomado conta do mercado na atualidade, e tende a piorar para o futuro.

[4] Comentário enviado por Urso_Polar em 30/08/2009 - 00:40h

Impecáveis comentários amigos! de alta riqueza! Obrigado! Vocês são 10!

[5] Comentário enviado por andrefreire em 30/08/2009 - 10:40h

Bom dia a todos ! Já há algum tempo que utilizo soluções mistas em servidores buscando equacionar agilidade na adminstração e custo de implementação. Sempre que possível financeiramente utilizo o Win2003 server como PDC pois com o implemento de GPO, WSUS e outros recursos me facilitam muito o controle total cetralizado das estações. Não digo que isso não possa também ser feito com Linux, porém o trabalho administrativo é bem maior. Já a cargo do Linux deixo firewall, proxy, servidores de impressão, compartilahmento de arquivos, inventário de hardware e software, serviço de mensageiro interno e externo, etc... .Em algumas soluções tenho um win2003 server como TS e estações Linux, o que diminui mais ainda custo da soluções. Opnião minha que o profissional de T.I. deve saber equacionar a solução e unir o melhor dos dois mundos atendendo as necessidades dos seus clientes.

[6] Comentário enviado por ctavares em 30/08/2009 - 12:24h

Pois é, de tudo isso eu só não me conformo dos programas da caixa ainda serem desenvolvidos apenas para windows, tomara que essa visão de desenvolvimento mude nos próximos anos porque enche o saco mesmo o caso do cmt.caixa só rodar em internet explorer é de amargar...

[7] Comentário enviado por Teixeira em 30/08/2009 - 22:18h

Ainda hoje (domingo!!!!!!!) tivemos uma reunião do tipo "arranca-rabo" onde foram cobrados "resultados urgentes" sobre um assunto que - entre mais outros três ou quatro estágios - depende inicialmente de um ferschluggenigger programa da Caixa que não funciona nem que a vaca tussa.
Depois que o tal programa funcionar, após a próxima passagem do Cometa de Halley, teremos a graça e a felicidade de conseguir uma CND e todos finalmente morrerão felizes.
Simples assim.

Detalhe: O referido programa É para Windows, porém incompatível com ele mesmo.
E parece que essa "técnica" já vem fazendo cultura na Caixa há alguns anos.
Mas não tem problema: Se de todo não funcionar, botarão a culpa no hardware do usuário (acho que já vimos esse filme antes).

Detalhe importante 1: o pessoal da informática não foi convidado para a tal reunião;
Detalhe importante 2: o pessoal da informática acaba de mudar tudo para Linux;
Detalhe importante 3: a cúpula quer a CND de qualquer maneira...

[8] Comentário enviado por maran em 31/08/2009 - 10:01h

Teixeira como sempre impecável, eu tenho muitos, mais muitos problemas com softwares da caixa, datasus, entre outros Sistemas Hospitalares, e detalhe é pra Windows!
haha!

[9] Comentário enviado por Urso_Polar em 31/08/2009 - 12:47h

Amigos, creio que algum dia (por pressão ou não) a Caixa Econômica abre os olhos para tal. Porque? Tentem instalar/executar os programas da caixa com sucesso no Windows Vista!

[10] Comentário enviado por Teixeira em 31/08/2009 - 18:38h

O problema é que, se não funcionam NEM NO WINDOWS, será que esses sistemas da Caixa são feitos apenas para rodarem internamente?

É como dizia o macaco Sócrates, personagem do Orival Pessini:
"Não precisa explicar. Eu só queria ENTENDER!..."

[11] Comentário enviado por Urso_Polar em 01/09/2009 - 17:41h

Teixeira, esses programas da Caixa são feitos em Delphi e usam como BD o Interbase! Ou seja, para haver uma mudança muito radical (interoperabilidade), é necessário um fator muito forte... :(

[12] Comentário enviado por CCarvalho em 01/09/2009 - 18:45h

"02) Ainda no setor de Departamento Pessoal, temos as chaves de movimentação de funcionários, feitos através de um navegador. Esse sistema é desenvolvido em Java. Ah, pelo menos esse eu posso utilizar fora do Windows né? Não. Mesmo sendo desenvolvido em Java, o cmt.caixa.gov.br funciona somente e exclusivamente no Internet Explorer 06 e superiores. Ou seja, mesmo que o analista do projeto opte por implantar, por exemplo, o Firefox como browser padrão, sob essas condições o plano acaba por ser descartado. "

Vemos neste texto que os desenvolvedores do sistemas em Java usam a plataforma Microsoft e com certeza usam java apenas pelo nome forte da linguagem sem levar em consideração as vantagens da portabilidade que ele oferece.

"Os principais: Sefip, Grff e Conectividade Social, são softwares desenvolvidos somente para a plataforma Microsoft"

Estamos falando de sistemas do Governo e sabemos como é uma repartição governamental, lenta, muita das vezes governada por pessoas que não olham para as possibilidades tecnológicas disponíveis hoje. Tenho certeza que os programadores destes sistemas gostariam de atualiza-los para uma linguagem mais robusta e com uma portabilidade maior, mas eles são dependentes de pessoas que não estão nenhum pouco preocupado com isto.

Tb concordo com vc, não podemos abandonar os sistemas proprietarios como o windows de uma vez só, porque muitos dependem de programas que so se aplicam a ele. O linux so não é a maioria no mercado porque o mercado é "Dominado" por empresários, quando estes empresários verem o potencial do linux verão que suas utilização pode ser lucrativa.

O governo ja se deparou que usando Java por exemplo pode ser uma opção melhor para seus programas, vejam o caso da NF-e. O caminho é longo, mas ...



[13] Comentário enviado por riky_carvalho em 04/09/2009 - 01:57h

Parabêns pelo artigo!


[14] Comentário enviado por cezarlamann em 02/04/2010 - 01:20h

Solução que implantei no escritório do meu tio:

Servidor de aplicações: W2003Enterprise-SP2 (por causa do sefip, programas da receita federal e afins...)
Servidor DHCP+Squid: Slackware 13 (eficiente, e roda numa velharia de um k6-3 com 256mb de memória)
Estações: OpenSuse 11.2 com RDesktop para o W2003 (bonitinho, fácil de configurar...)

Quando não se pode com eles, juntemo-nos a eles....


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