Quantidade de usuários Linux [RESOLVIDO]

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 05/10/2014 - 21:15h

Muita coisa mudou desde que eu comecei com GNU / Linux há dezoito anos. Já adianto que não sou profissional da área (eu tinha dez anos na época e atualmente sou professor de Filosofia), então minhas palavras têm o viés ideológico, não financeiro.

Antes mesmo de eu nascer havia uma discussão [*****] de séria com relação ao mundo da tecnologia da informação. De um lado, gente como rms, Ritchie e Maddog e o bordão "A informação deseja ser livre". Esses caras, os primeiros hackers, viam na TI um meio de melhorar a vida das pessoas e defendem até hoje que essa tecnologia deve ser aberta e de uso livre, que você possa fazer dela o que quiser. De outro, gente como Gates, Jobs, Poettering e de Icaza, que vê o lado financeiro da coisa e estão pouco se fudendo com os seres humanos do outro lado da equação.

A história ensina que esse time do financeiro venceu, como a existência de coisas como DRM, closed source e serial keys mostram. TI se tornou uma nova divindade, seus profissionais, um novo clero, e gente como rms, dissidentes heréticos e perigosos. O lado bom desse papo é que o impulso financeiro levou a um desenvolvimento acelerado dessa nova tecnologia. O lado ruim é o uso da propriedade intelectual como ferramenta para escravizar o usuário à vontade do desenvolvedor. TI não realizou seu potencial de ser uma ferramenta de libertação, mas se tornou dominação.

Os idealistas não desistiram, claro, e é por isso que há uns quase trinta anos falamos em GNU. Não em Linux nem em GNU / Linux, mas GNU. rms deu um passo decisivo para a salvaguarda da sanidade nesse mundo de loucos dominadores, e ainda que o projeto dele esteja sendo subvertido por dentro (Poettering, de Icaza e o próprio Torvalds como agentes principais dessa subversão) podemos levantar essa bandeira. A informação deseja ser livre, ao contrário do que nós somos socialmente levados a crer. "Quem não deve não teme" é a maior das falácias da história da humanidade.

Torvalds como agente da subversão do GNU? Sim, afinal de contas em nome da amplitude de alcance do kernel Linux ele permite blobs desnecessários no código! De Icaza é o cabeça do maior inimigo que a liberdade do mundo GNU poderia encontrar, o GNOME. Tente personalizar o Nautilus sem recompilar o código e aí você vai entender o que eu estou dizendo. Lennard Poettering (ou seria Shittering?) e os malditos PulseAudio e systemd, dois exemplos de coisas que não funcionam fora do cenário ideal de funcionamento, é a famosa quinta coluna à soldo de algum inimigo de tudo que o GNU, a FSL e a FOSS representam.

A discussão sobre liberdade de informação meio que morreu, soterrada pelos usuários que apenas usam o computador. Pessoas que não se interessam em saber o que está acontecendo ao redor das novas tecnologias, desde que elas consigam postar arremedos de frases com até 140 caracteres em um português estropiado nos microblogs da vida. Pessoas que acham não precisar saber o que se discute por trás da máquina maravilhosa que lhes permite digitar os documentos do trabalho sem a barulheira de uma máquina de escrever (embora eu pessoalmente ache relaxante o tec-tec de uma máquina manual). Ainda se discute? Sim, mas principalmente entre os ideólogos e idealistas - que, convenhamos, meio que concordam sobre as respostas a serem dadas, o que torna a discussão uma mera escusa para uma reunião social.

E ainda temos o GNU / Linux, que apesar dos alvitres e achincalhos está aí mantendo a sanidade em meio aos loucos. Para o desespero do usuário comum, ainda é preciso entender o que está acontecendo ao redor dessa tecnologia. Por isso ele é pouco usado. Um usuário comum, que não liga pra essas discussões, se perde no meio dessas questões todas e sai com a pérola, "isso é muito difícil e não funciona, tô fora." Apenas 2% de usuários domésticos de GNU / Linux no mundo? Eu acho que esse valor foi superestimado, isso sim. O usuário comum ignoraria essa postagem toda como sendo longa e não relacionada ao tópico. O GNU / Linuxer sabe a diferença, e por isso somos tão poucos.