Sendo a universalidade uma característica fundamental da Web, a diversidade de usuários e de meios de interação com a mesma é um fator que não pode ser ignorado na sua construção. Todo desenvolvedor de conteúdo Web e de ferramentas para a Web é um dos agentes responsáveis por esta construção. Para estes, seguir os princípios da acessibilidade é um imperativo.
Para compreender os princípios da acessibilidade, é preciso primeiro compreender como as pessoas escolhem interagir com a Web e quais são os fatores que podem influenciar nessa escolha. Cada pessoa pode ter limitações diferentes e portanto necessidades diferentes. Algumas pessoas tem mais de uma limitação, o que impõe mais necessidades, e há também pessoas que creem não ter determinadas necessidades quando de fato as tem. Tudo isso precisa ser levado em consideração pelo desenvolvedor.
Algumas limitações comuns no uso da Web podem ser agrupadas em:
- deficiências auditivas: audição ineficaz ou nula (surdez), temporária ou permanente, parcial ou total.
- deficiências cognitivas e neurológicas: dificuldades para assimilar conteúdos complexos, deficit de atenção e hiperatividade, dificuldades para memorização, epilepsia e autismo.
- deficiências físicas (ou motoras): paralisia total ou parcial dos membros superiores, temporária ou permanente, tetraplegia, lesão por esforços repetitivos (LER), amputação ou deformidade dos membros superiores, artrite, reumatismo, tremores e espasmos e distrofia muscular.
- deficiências de dicção: mudez, dificuldades (ou incapacidade) de realizar a correta pronúncia das palavras e problemas no ritmo e na entonação durante a fala.
- deficiências visuais: baixa visão, daltonismo e cegueira.
NOTA: Gostaria de lembrar que não explorei todas as possibilidades que poderia ter incluído aqui, apenas citei alguns exemplos mencionados na página da
Web Accessibility Initiative (WAI). Caso você saiba de algum outro exemplo que ficou faltando, fique à vontade para complementar nos comentários.
Algumas barreiras comuns para deficiências auditivas são conteúdo em áudio sem descritivos textuais, vídeos sem legendas, reprodutores de vídeo que não permitem o ajuste do tamanho e fonte das legendas, serviços Web que exigem interação por voz e ausência da linguagem de sinais para complementar as partes mais importantes do conteúdo.
Para as deficiências cognitivas/neurológicas, alguns problemas no conteúdo Web podem estar envolvidos com navegação complexa, frases complexas ou com palavras difíceis e sem imagens para ajudar no entendimento, conteúdo que se move ou pisca com frequência, música de fundo que não pode ser desligada (e que distrai o usuário), navegadores que não permitem remover animações e páginas que não podem ser adaptadas para uma apresentação diferente.
Para as deficiências motoras, algumas barreiras comuns são páginas nas quais não é possível usar somente o teclado para navegar (geralmente dependendo do mouse também), tempo insuficiente para completar determinadas tarefas, controles e imagens que não apresentam um texto equivalente, ausência de menus de navegação e mecanismos de navegação complexos ou imprevisíveis.
Problemas comuns na interação por pessoas com deficiências de dicção incluem serviços Web que dependem da interação por voz e páginas que oferecem números telefônicos como única opção de contato.
Exemplos de limitações para pessoas com deficiências visuais incluem imagens sem alternativa textual, controles sem uma descrição do que fazem, texto que não pode ser ajustado ou que perde a legibilidade quando ajustado para fontes e tamanhos diferentes, páginas mal estruturadas e com navegação complexa, vídeos que não apresentam legendas e descritivos em áudio, navegações complexas ou imprevisíveis, ausência de menus de navegação, baixo contraste entre o texto e a cor de fundo ou entre imagens e a cor de fundo, páginas que não oferecem opção de mudar as cores utilizadas e páginas nas quais não é possível usar somente o teclado para navegar.