Considerado o país mais fechado do mundo, e potencialmente perigoso, a Coreia do Norte vive num regime ditatorial que não é de hoje. Sempre tive a curiosidade de saber como é a vida de seus habitantes, principalmente a digital. E foi essa curiosidade que me levou ao conhecimento do
Red Star OS. Distribuição
GNU/Linux oficial da Coreia do Norte.
Seu desenvolvimento começou em 1998 e sua primeira versão foi lançada em 2002, a mando do governo de Kim Jong-il, para acabar com a dependência do Windows e atingir um objetivo primordial para o ditador: o controle de acesso à informação dos cidadãos no ambiente virtual.
A distribuição fora criada no Centro de Computação da Coreia do Norte, em Pyongyang, capital do país. Seu principal objetivo, como já mencionei, é monitorar e controlar o acesso à informação dos cidadãos norte coreanos. O sistema operacional utiliza da ferramenta SELinux, para permitir que as políticas de controle de acesso, que limitam os programas do usuário e servidores de sistemas para a quantidade mínima de liberdade, possam realizar seu trabalho.
Atualmente, a distro está em sua terceira versão, lançada em 2013 e seu projeto continua ativo. A mesma se baseia em Red Hat e possui ambiente gráfico KDE 3. Além disso, ela conta com seu "próprio" navegador, uma versão modificada do Mozilla Firefox, chamada Naenara, que significa "Meu País", em coreano. O navegador se conecta exclusivamente com a intranet do país, chamada Kwangmyoung.
A versão 2.0 imita o ambiente gráfico do Windows
Apesar de seu ambiente gráfico ser o KDE, este foi modificado para se parecer ao máximo com o Windows, da Microsoft, em suas versões 1.0 e 2.0, que ainda possuem suporte. Já em sua versão 3.0, a distribuição se parece mais com o Mac OS, da Apple.
A versão 3.0 lembra o Mac OS
É largamente utilizada em empresas, universidades e no setor público, de uma forma geral. Após sua criação e implementação, quase todos os seus habitantes, salvo algumas autoridades políticas, nunca mais usaram qualquer outro tipo de sistema operacional. Alguns nem sequer sabem o que é Windows! Uma vez que o acesso a computadores pessoais é extremamente restrito no país, além da censura na internet. Uma curiosidade se refere a busca da palavra "democracia", na intranet. Ela simplesmente não é encontrada.
Os usuários do Red Star OS não têm acesso ao YouTube
No ano de 2010, tornou-se possível baixar a distribuição fora do território Norte Coreano, graças a um estudante russo. Este passou algum tempo na universidade Kim il Sung, em Pyongyang, comprou uma cópia da distribuição na versão 2.0, por cinco dólares e, ao deixar o país, postou a mesma em seu blog pessoal, que pertence a um hospedeiro de blogs, chamado "LiveJournal".
Em 2013, um professor americano de Ciências da Computação, chamado Will Scott, em visita à Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang, adiquiriu a versão 3.0 da distribuição. O mesmo postou screenshots em seu site pessoal e, posteriormente, a imagem para download.
Will Scott em sua visita a Pyongyang
Detalhe: toda a distribuição está em coreano. Além de seu código ser fechado, o que já era de se esperar.
Se você quer saber mais sobre como é a vida dos estudantes de T.I. na Coreia do Norte, acesse aos seguintes links abaixo. Todos se referem ao professor Will Scott, citado no artigo. Dê especial atenção à matéria (primeira da lista) sobre como foi sua experiência de ensino naquele país. Alguns pontos que ele destaca são realmente impressionantes. Como, o serviço de 3G para smartphones que chega a custar 140 dólares por apenas 50 megabytes de dados ao mês.
Obs.: está tudo em inglês!