Aqui vou tentar tirar a dúvida de muitos sobre qual filesystem utilizar, explicando passo a passo como um filesystem trata os arquivos e quais as principais características de cada um dos mais populares usados no Linux.
Quando formatamos um disco, na verdade estamos estabelecendo um filesystem. Nas áreas de dados, blocos são gerados para receber tais dados.
Vou dar em exemplo de um processo que ocorre em uma partição de um HD. Imediatamente depois da formatação de uma partição de HD (criação do filesystem) teremos diversos blocos vazios.
Bom, para melhor entendimento dessa estrutura fiz uma representação para o melhor entendimento de todos, espero que gostem, é simples mas bem objetiva:
Chegam dados para serem armazenados na partição, é um arquivo.
Vamos considerar que o conteúdo desse arquivo seja armazenado no primeiro bloco vazio. No entanto o tamanho do arquivo é maior que o tamanho de um bloco, então serão necessários vários blocos:
Note que o terceiro bloco não foi totalmente preenchido, no entanto concordam que este bloco não poderá receber um arquivo diferente, pois se isso ocorrer teremos uma mistura de arquivos, o que não é muito bom.
É assim que a maioria dos filesystems tratam os arquivos, há uma tendência a não misturar arquivos.
Um novo arquivo chega ao HD, novamente o primeiro bloco disponível irá receber o arquivo, desta vez por ser um arquivo pequeno será necessário apenas um bloco:
Novamente um outro arquivo chega para ser armazenado no HD.
O modo de funcionamento do filesystem preconiza que sempre o primeiro bloco vazio receberá o arquivo. Esse arquivo irá requerer cinco blocos:
Cinco blocos ficaram vazios e dois ficaram pela metade.
Como arquivos diferentes não se misturam em um mesmo bloco, não se pode considerar que há cinco blocos e meio disponíveis. Somente os blocos totalmente vazios poderão receber novos arquivos. Assim teremos cinco blocos disponíveis.
Agora uma consideração importante: a menor quantidade de informações que o sistema operacional consegue acessar em um HD é um bloco. Assim, estão equivocados as pessoas que dizem que existem programas que copiam dados de um HD para outro, por exemplo, byte a byte ou bit a bit.
[1] Comentário enviado por rafastv em 30/10/2007 - 13:48h
"Assim, estão equivocados as pessoas que dizem que existem programas que copiam dados de um HD para outro, por exemplo, byte a byte ou bit a bit."
Hum, que eu saiba existem diversos programas que realizam este tipo de operação(dd, cmp, etc)...mesmo que enquanto que para os dispositivos de bloco tenhamos um tamanho mínimo de setor a ser acessado, uma vez que o arquivo esteja carregado na memória RAM, o computador não irá copiar bytes ou bits vazios de um setor para o outro disco rígido ou dispositivo de memória, logo a denominação cópia byte a byte ou mesmo bit a bit está correta sob minha perspectiva. Dependendo é claro do programa que estamos utilizando, pois existem programas de espelhamento do disco rígido, mas mesmo assim acredito que estes não copiem os bits ou bytes vazios, apenas o conteúdo dos setores individualmente.
Se você já sabe o que é fragmentação, e tem o costume de desfragmentar o seu disco regularmente, aqui está a versão curta: o Linux não precisa de desfragmentação.
Agora imagine que o seu disco rígido é um armário enorme, com milhões de gavetas (obrigado a Roberto Di Cosmo por essa comparação). Cada gaveta pode guardar uma quantidade fixa de dados. Assim, os arquivos que são maiores do que essas gavetas podem suportar, precisam ser divididos. Alguns arquivos são tão grandes que eles precisam de milhares de gavetas. E claro, acessar esses arquivos é muito mais fácil quando as gavetas que ocupam estão próximas uma das outras no armário.
Agora imagine que você seja o dono desse armário, mas você não tem tempo de cuidar dele, e você quer contratar alguém para tomar conta dele para você. Duas pessoas vêm para o emprego, uma mulher e um homem.
* O homem tem a seguinte estratégia: apenas esvazia as gavetas quando um arquivo é removido, divide qualquer novo arquivo em partes menores, do tamanho de uma gaveta, e aleatoriamente guarda cada parte na primeira gaveta vazia disponível. Quando você menciona que isso torna difícil encontrar todas as partes de um determinado arquivo, a resposta é que uma dúzia de garotos devem ser contratados todo fim de semana para reorganizar as coisas.
* A mulher tem uma técnica diferente: tem anotado, num pedaço de papel, as gavetas vazias contíguas. Quando um novo arquivo chega, ela procura em sua lista por uma sequência suficientemente longa de gavetas vazias, e é onde o arquivo é colocado. Deste modo, contanto que haja atividade suficiente, o armário estará sempre arrumado.
Sem dúvida nenhuma, você deve contratar a mulher (vocês sabem disso, as mulheres são muito mais organizadas :)). Bem, o Windows usa o primeiro método; o Linux usa o segundo. Quanto mais você usa o Windows, mais lento fica o acesso a arquivos; quanto mais você usa o Linux, mais rápido ele fica. A escolha é toda sua!
[5] Comentário enviado por maran em 30/10/2007 - 17:04h
valeu ...
bom é mesmo esqueci essa parte de referências e inodes...
bom sobre não ter comando...
o artigo que montei é para você entender a estrutura como age e qual escolher...não adianta eu por um monte de comandos sendo que o publico alvo do artigo é quem nunca teve contato ocm um fylesystem...
bom uma parte masi pratica viria depois de etender como ele funciona...
Te Mais e valeu a todos pelos comentarios, pois assim estarei sempre melhorando...
[7] Comentário enviado por brunaocomanda em 31/10/2007 - 08:30h
Bom artigo...
Queria complementar citando uma diferença muito importante entre EXT3 e ReiserFS: O EXT3 faz um jornaling completo, ou seja, ele "loga" além dos metadados do arquivo, o arquivo em si. Assim, em caso de pane, ele é capaz de recuperar todos os dados gravados até o ultimo momento naquele arquivo. Isso o torna mais lento também. Já o ReiseFS, gera informações somente dos metadados do arquivo (localização, tamanho de bloco e etc), não sendo capaz de recuperar o conteúdo do arquivo!
[9] Comentário enviado por tenchi em 31/10/2007 - 13:07h
Legal o artigo. Bom mesmo.
Mas só achei estranho você sempre falar filesystem.
Não é querendo ser patriota, mas esta palavra tem uma boa tradução pata pt_BR: sistema de arquivos, ora bolas! hauahua
[11] Comentário enviado por adrianoturbo em 01/11/2007 - 08:28h
Muito legal o artigo sobre sistemas de arquivos,só quero acrescentar que agora a Distribuição Linux Ubuntu pode ser instalada no sistema de arquivos NTFS que já um grande avanço .
No mais parabéns pelo artigo técnico.