Você, iniciante, não precisa se preocupar tanto com os editores de texto em modo comando, porque de início não irá usá-los extensivamente.
Como vimos, certos arquivos de texto precisam ser feitos ou editados rapidamente em
Linux, pois podem ser usados para controlar o regular o próprio sistema operacional.
Por isso precisam existir editores muito simples, que trabalhem fora da interface gráfica do Linux, fora da tela gráfica, "fora do X-Window". De fato, esses editores existem.
A maioria deles são bem antigos e foram herdados do Unix, numa época em que nem as interfaces gráficas ainda existiam.
Na realidade, os primeiros editores de texto para computadores datam das décadas entre 50 a 70, eram editores rudimentares, "de linha", que editavam apenas uma linha de comando ou de código por vez.
Mesmo seus sucessores, da década de 80, como a primeira geração do Vedit (1980) eram difíceis de usar e simplistas, por isso hoje são obsoletos.
Entretanto, alguns bons editores em linha de comando, semi-gráficos, como os que vamos ver abaixo, ainda são muito usados.
1) Pico
O mais clássico, histórico, se chama "Pico" ("Pine Composer") e é a sessão de edição do texto de um antigo cliente para E-Mail (originalmente em Unix) chamado "Pine". O Pine e o Pico, na realidade, não são softwares livres e foram desenvolvidos pelo Depto. de Computação Aplicada à Comunicação da Universidade de Washington.
No início da Internet, quando a Web ainda não existia, o Pine era o principal cliente para mandar e receber e-mails.
Nessa época, essa era a única forma de comunicação eletrônica por Internet, possível de ser usada de maneira rotineira (eu mesmo usei muito o Pine em Unix, na Universidade, no começo da carreira).
2) Nano
Porque o Pico era um software proprietário, alguns clones livres (GNU) e gratuitos dele foram desenvolvidos, e um desses clones chamava-se Tip.
Uma modificação melhorada e mais sofisticada do Tip, é o atual Nano:
Este é um dos mais simples e mais usados editores de texto em linha de comando.
Seu uso rotineiro com recursos básicos é bastante fácil. Geralmente, basta iniciar o editor no diretório onde está o arquivo a ser editado, com o comando:
sudo nano /.../arquivo
Abrir o arquivo, editá-lo, salvá-lo com CTRL+O e sair do editor com CTRL+X.
3) Vi e Vim
Frequentemente, usuários bem experientes e principalmente os veteranos, "dinossauros" do Linux (ou os que migraram do antigo Unix) preferem usar o Vim ou o Vi (com mais recursos) ao invés do Nano.
O Vi é um dos mais antigos (1976) editores de texto em linha de comando, para Unix e Linux. É derivado do Ed, do Ex, Joe e de outros editores "de linha" rudimentares.
É clássico e parte integrante das distribuições Linux, mesmo modernas:
Seu nome, "Vi", vem de "Visual", porque sua base é um antigo comando de Unix BSD, que transformava edição "de linha" para modo Visual.
Como o Vi é um editor portável a outros SOs (Windows, BSD etc...) e extensível (pode ser aumentado e modificado) gerou muitas variantes. A principal delas é o Vim ("Vi Improved", Vi melhorado):
Embora usado em Linux e em Unix, podendo também ser usado em MacOS, o Vim foi desenvolvido originalmente para os antigos (e hoje extintos) computadores Amiga.
Geralmente os editores Nano e Vi ou Vim são muito comuns e vem instalados, incorporados por default, na maior parte das distribuições Linux.
4) Emacs
O Emacs ("Editor for MACroS", Editor para macros) é um editor de texto desenvolvido (a partir do antigo TECO - "Text Editor and Corrector", Editor e corretor de textos) pelo Físico e Programador Americano Richard Stallman, iniciador e principal articulador do projeto GNU.
Podendo ser considerado um editor que opera em linha de comando, o Emacs é na realidade, muito mais que isso. Por isso é muito utilizado por profissionais especializados em TI, programadores e hackers.
É um editor especial, porque é tão poderoso e portável que pode rodar numa variedade de condições, sozinho, ou dentro ou fora de jogos, navegadores, programas em código, com ou sem interfaces gráficas, em qualquer sistema operacional, embebido ou não dentro de linguagens de programação (principalmente Lisp) etc.
Ele não vem instalado por default, mas faz parte dos repositórios de todas as distros
GNU/Linux, e ao menos a versão Emacs com interface gráfica GTK, é de relativamente fácil utilização.
5) Diakonos
O Diakonos é uma modificação melhorada e de uso mais fácil, do Pico e do Nano. Foi objeto de uma dica recente publicada aqui no VOL:
6) Outros editores em console ou em linha de comando:
Pode-se citar muitos outros, mas são bem menos usados.
Por exemplo, o Elvis (uma modificação do Vi e do Vim); Yi; Vile ("Vi like Emacs", uma "mistura" do Vi com o Emacs); Vim-GTK (uma implementação do Vim em interface GTK); Xemacs (um muito bonito e poderoso "Fork" gráfico do Emacs); Aquaemacs (outra modificação do Emacs); GVim (uma implementação do Vim para o GNOME); Cream (uma modificação de Vi mais fácil de usar) etc.
Na realidade vários deles são de linha de comando, mas também podem operar gráfica ou semigraficamente:
A figura 1 mostra as telas iniciais do Vim, do Nano e do Emacs (a distro é openSUSE com KDE4):