Mulheres na Informática: O Movimento LinuxChix BR

Neste artigo apresento o movimento LinuxChix BR, que tem por objetivo incentivar mulheres a participar e contribuir com o Linux e o movimento do Software Livre. Conheça e participe!

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Por: Matheus Santana Lima em 21/08/2006


História do LinuxChix



A Canadense Deb Richardson funda em Março de 1999 o movimento LinuxChix, vivendo em Ottawa, no Canadá, ela contribui com a comunidade organizando o movimento. Muitos encontros do movimento de mulheres usuárias dos sistemas GNU/Linux são feitas diariamente pela lista de discussão do movimento, e os temas abrangidos vão desde a filosofia do Software Livre a temas técnicos sobre configuração de servidores.

Deb trabalha na empresa LinuxCare, que prove suporte a inúmeras distribuições Linux: Red Hat, Caldera, Slackware e plataformas como Intel, PowerPC e Sparc. O Movimento Linuxchix é frequentado por todas as faixas etárias, desde garotas de 14 anos, até senhoras de 150 anos.


O LinuxChix Brasil


A história do LinuxChix Brasil é contada com perfeição pela sua maior colaboradora, neste texto reproduzido abaixo, você poderá conhecer pelas palavras da própria Sulamita Garcia, a história do movimento em território nacional.

"Um dos convidados do 6º FISL foi David A. Wheeler, defensor do movimento Open Source, que apresentou a palestra "Why Open Source? Look at the Numbers!". Após voltar a sua casa, ele escreveu um relato para o site que mantem, onde escreveu uma sessão especial notando a grande participação feminina no evento e elogiando o trabalho do LinuxChix Brasil. Notou que esta participação ainda é muito rara em outros países, e que gostaria muito de saber como foi que o Brasil conseguiu mudar este quadro. Escrevi então um relato histórico de toda a história e o trabalho feito por muitas meninas do LinuxChix Brasil, que batalharam para que a comunidade Linux fosse um lugar onde homens e mulheres pudessem conviver e contribuir.

Esta história foi contada no 3o Encontro Nacional LinuxChix Brasil de forma plena, e resumida na 6a edição do Forum Internacional de Software Livre deste ano[1]. Entrei em contato com o LinuxChix Brasil em 2001, seguindo o link existente no LinuxChix Internacional. Na época, a lista consistia de 30 pessoas que mandavam posts em média a cada 2 meses(o que pode ser visto em [2]). A mensagem original continua na descrição da lista, que "existe para dar às usuárias brasileiras de GNU/Linux e Software Livre a sensação 'hey, eu não sou a única!'".

A lista foi criada por Andrea Fabiana Flores, na época funcionária da Conectiva, que junto ao Cipsga[3] conseguiu um espaço para a lista e colocou alguma descrição em [4]. Inspiradas por uma palestra feita por Fabiana no segundo FISL, as Gnurias criaram um grupo voltado ao trabalho social e de inclusão digital. Depois de algum tempo, Fabiana resolveu se afastar de tudo, e passou a responsabilidade do grupo para Michelle Ribeiro. Nesta época, o grupo estava criando identidade. Houve até uma discussão sobre a mudança para GnuChix, o que não representava o que eu particularmente acreditava, e apos algum debate, Michelle colocou o questionamento de "então precisamos fazer o grupo ter ações de verdade. Quantos eventos promovemos? Que ações efetivas fizemos?".

O site então foi reformulado, sob coordenação da Michelle e alguns colaboradores, e começamos a incentivar a produção e contribuição. Começamos com a tradução do Howto Encourage Women, de autoria da Val Henson[5]. Criamos um outro howto, pois o primeiro era dirigido ao público masculino, e entendemos que era das mulheres a responsabilidade de criar um ambiente para se desenvolverem na profissão, o que motivou o segundo Como incentivar Mulheres no Linux[6], desta vez com tradução para o ingles[7], produção brasileira. Reuni diversos materiais técnicos, de Alta Disponibilidade, Qmail, Slackware, continuamente atualizados, e convocamos as Chix a participarem. Diversas Chix aceitaram o desafio e começaram a enviar materiais para publicação: Danielle Santini falou sobre Programação Paralela, Camila "Misfit" falou sobre Samba, LDAP, Liziane sobre CVS, Vanessa sobre Java[8]. Na mesma época surgiu o primeiro Encontro Nacional LinuxChix Brasil, assistido por mais de 300 pessoas, com objetivo de incentivar as mulheres a se sentirem a vontade em comparecerem a eventos técnicos e palestrarem. Na época foi feito em conjunto ao grupo de Slackware e Fernanda Weiden, uma das fundadoras do PSL Mulheres. Porém devido a divergências de como as coisas deveriam ser mantidas, com a criação da lista em novembro de 2003, surgiu o PSL Mulheres, cujo próprio site informa que "O propósito não é ser um grupo de usuárias. Estamos abrindo espaços para que as iniciativas aconteçam e para isso buscamos apoio nas diferentes esferas da sociedade - pública e privada." E então a Michelle também se afastou, e eu herdei a responsabilidade sobre o grupo.

E no ano seguinte o segundo ENLB fez o primeiro vôo solo. Um trabalho bastante árduo porém bem sucedido, assistido novamente por mais de 300 pessoas, mantendo o espírito Open Source de contribuir e incentivar o desenvolvimento técnico, hoje em dia tão divulgado na forma de que precisamos contribuir, sermos produtores, não apenas consumidores. E desde o começo o ENLB defendeu esta idéia. O resultado destas iniciativas espalhou-se por todo o Brasil, não apenas no ENLB ou FISL, mas em eventos como Conisli, Sinapse Digital, Semana da Informatica de Santo Andre, de Campinas, no Congresso Catarinense, onde a participação feminina na comunidade foi tomando corpo. Por mais de uma dúzia de vezes a palestra "Software Livre é coisa pra Macho? As mulheres e o software livre" foi apresentada pelo Brasil, desde Salvador até Porto Alegre, alem de outras de cunho técnico[9].

Este ano, visando incentivar mulheres fora dos locais já tradicionais em eventos Linux, o ENLB foi visitar Belo Horizonte para iniciar uma série de expedições visando incentivar mais mulheres a se envolverem com Open Source. O trabalho local centralizado por Priscilla Pimenta e Carolina Lauriano, com apoio remoto meu e da Luana Coimbra, resultaram num evento amplamente divulgado pela iniciativa de promover a integração de mulheres, e reconhecido pela própria LinuxChix Internacional como "uma das mais bem sucedidas regionais em trazer mulheres aos eventos de Linux pelo país"[10]. Várias estudantes depois promoveram pequenos install fests pela cidade, e preparam uma apresentação sobre Linux e mulheres na Enecomp que irá acontecer em Bonito-MG, de 1 a 5 de agosto deste ano.


O resultado destes eventos vai além da simples divulgação. O dinheiro adquirido com o segundo ENLB foi transformado em um servidor próprio, visando fornecer espaço para mulheres que queiram divulgar iniciativas de desenvolvimento e treinamento. O terceiro Encontro forneceu fundos para financiar a ida de diversas integrantes, como Priscilla e Renata Romanazzi entre outras, ao FISL, que não pôde custear a ida das integrantes do grupo, onde elas apresentaram palestras e debates, sobre temas técnicos e sobre o próprio grupo e o trabalho desenvolvido nestes 5 anos. Além de um stand colorido e amigável, onde apresentamos nossas idéias, fizemos um mural sobre a história das mulheres nas Ciências da Computação, revelando efeitos memoráveis para a informática como a criação do compilador, do conceito de funções recursivas, e da primeira rotina que hoje conhecemos como programação, entre outras.

Lá contamos de como foi duro aguentar piadas machistas e o preconceito existente de que mulheres mechendo com Linux deveriam no máximo saber usar interface gráfica, não servindo para trabalhos técnicos. Suportamos o preconceito de primeiro julgarem a aparência depois o valor das contribuições para a comunidade. E vimos com muita felicidade quando os próprios membros da comunidade começaram a combater este preconceito[11].

Nós da LinuxChix Brasil reconhecemos a comunidade FOSS como uma comunidade que precisa de trabalho efetivo para sobreviver. Acreditamos que não teria efeito criar uma geração de apertadoras de botões em um ambiente machista e hostil como era quando começamos. Que as mulheres precisavam de incentivo para não largarem a profissão e descobrirem as vantagens de compartilhar código e conhecimento. E que era nossa tarefa fornecer este ambiente para futuras profissionais[12].

Nos orgulhamos do trabalho feito por muitas mãos e muitos nomes, mas não nos furtamos a apresentar dados e fatos que efetivamente resultaram na participação feminina como atuantes e contribuidoras da comunidade. Não queremos minimizar trabalhos alheios nem ocultar nomes, que qualquer busca na Internet revelaria. O que sempre desejamos foi fazer parte da comunidade, termos amigos e contribuirmos, compartilhando o que mais nos motiva: conhecimento. Just for fun ;)

Pois é gente... de "Porque existem tão poucas mulheres no Linux?" passamos a receber perguntas de "Como isto aconteceu? Porque existem tantas mulheres envolvidas no Brasil, quando isto ainda é raro em outros países?(how did this occur? Why are so many women involved in Brazil, when this is still relatively rare in many other countries?""
  1. http://br-linux.org/linux/?q=node/985
  2. http://listas.cipsga.org.br/pipermail/linuxchix/
  3. http://www.cipsga.org.br
  4. http://www.cipsga.org.br/sections.php?op=viewarticle&artid=151
  5. http://www.linuxchix.org.br/encouragewoman
  6. http://www.linuxchix.org.br/node.php?id=67
  7. http://www.linuxchix.org.br/node.php?id=72
  8. http://www.linuxchix.org.br/node.php?id=9
  9. http://www.linuxchix.org.br/node.php?id=74
  10. http://www.linuxchix.org
  11. http://br-linux.org/linux/?q=node/691
  12. http://www.linuxchix.org.br/node.php?id=121

Fonte: http://www.linuxchix.org.br/?q=node/22

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Páginas do artigo
   1. Conhecendo o Movimento LinuxChix
   2. A idéia do movimento
   3. História do LinuxChix
   4. Conclusão
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Comentários
[1] Comentário enviado por komodo em 21/08/2006 - 20:19h

opa,

Muito bom, o artigo. E que essa chamada permita que elas também participem mais aqui no VOL ... não lembro de ter lido algum artigo delas por aqui...
Os artigos da Sulamita (a que lembro agora, mas não a única) por exemplo, possuem bom nível técnico.´É isso aí

[]'s

Silésio Gabriel

[2] Comentário enviado por bigua em 22/08/2006 - 00:10h

Seria interessante vc estudar portugues (principalmente interpretação de texto) para nao falar as neuras :)

o LinuxChix - Brasil do próprio site delas: : "para apoiar as mulheres na computação em geral."
-
O LinuxChix Brasil, uma regional do Projeto LinuxChix internacional é uma comunidade para [[[mulheres que gostam de Linux]]], ----e---- para [[[[[[[apoiar]]]] as [[[[[mulheres na computação em geral]]]]]
-

E não a maneira analfabetica funcional como tu apresentou (incentivar mulheres a participar e contribuir com o Linux)

incentivar a participar -e- contribuir é bem diferente das que gostam de Linux mas que apoia -na computação geral-


E belo texto inutil esse seu apresentado.

[3] Comentário enviado por andrack em 22/08/2006 - 00:43h

Legal Matheus!

Já conhecia um pouco o LinuxChix, mas não tinha lido muito sobre, e surgiu
agora a oportunidade... :-)

Bem legal o artigo... prabéns!

Abraços! :-)


[4] Comentário enviado por klederson em 22/08/2006 - 03:24h

Kra isso deu saudade! :) em 2003 estivemos todos presentes no primeiro encontro linuxchix e slackware brasil hehehehe depois de ler seu artigo fui ver as fotos hahahahahaha la estou eu hahaha com aquele bando de povo doido e nossas historias :P Piter dormindo no chuveiro e outras cronicas :)

Legal o artigo e legal a nostalgia :)

[5] Comentário enviado por removido em 22/08/2006 - 08:35h

Desculpem as mulheres mas eu não vejo razão nenhuma em um grupo como este. Por que não criar um grupo só de homens? Seria estranho, não seria? Então por que um grupo de mulheres é tão aclamado?

Eu sou totalmente a favor de mulheres que fazem computação, tenho muitas amigas trabalhando na area. Mas eu não vejo razão para incentivar mulheres ao software livre. Devemos incentivar a todos o software livre.

Acho que se não temos tantas mulheres é pq elas não estão gostando da area. Já viram alguém incentivando homens a fazer enfermagem? Ou algum grupo de enfermeiros homens?

Imagine se começassem a surgir grupos como LinuxBlack, um grupo de negros que usam linux, ou NipoLinux, um grupo de japoneses que usam linux. As diferenças tecnologicas entre as pessoas já é muito grande, se começarmos a diferenciar raças, credos, sexos, etc. A bagunça vai ser muito grande.

Mesmo assim, o grupo cresceu muito nos ultimos tempos, respeito muito a iniciativa e pretendo participar do proximo evento que irão promover em floripa daqui algus dias.

[]'s

[6] Comentário enviado por gabrihell em 22/08/2006 - 09:10h

¬¬

[7] Comentário enviado por bigua em 23/08/2006 - 02:02h

fdettoni, acontece que o analfabeto que escreveu o artigo não soube deixar claro o por que surgiu o grupo...

é mesmo, imagine incentivar homens a serem enfermeiros.. vamos comecar fazer multirões em favelas, ensinar as pessoas usarem camisinhas, fazer palestras "tecnicas" gratuitas sobre enfermagem, primeiros socorros

putz coisa inutil ahahhaah

[8] Comentário enviado por pink em 23/08/2006 - 12:32h

Olá!!!
Então quer dizer que faço parte de 2% no Movimento Software Livre....
Bom gostei muito do seu artigo embora eu seja cadastrada no LinuxChix mas nunca procurei e ou me interessei a ajudar esse movimento que acho muito importante o incentivo de mulheres linuxers. Lembrando que não são somente mulheres que fazem parte desse movimento qualquer indivíduo do sexo masculino poderá fazer parte do LinuxChix...
Quanto aos comentários acima, acho que comparar enfermagem com informática não foi muito feliz.. Quem não gostou LinuxChix é porque não quer mulheres na informática.
Muito bom seu artigo, continue assim que vc chega lá quer dizer está quase, é uns dos meus favoritos....
Abraços.

[9] Comentário enviado por klederson em 23/08/2006 - 13:00h

fdettoni e bigua, vcs são (no mínimo pra ser educado) limitados, o LinuxChix não diferencia sexos apenas INCENTIVA o uso do linux (principalmente) por usuários do sexo feminino, quer queira quer não as mulheres ainda são minoria no mundo tecnológico. Eu lembro de uma conversa com a Sulamita (num momento não muito ébrio hehehe depois de varias vodkcas etc e tal) onde ela explicava exatamente isso, e o quão acuada é uma menina qndo entra num forum e todo mundo: Nossa que legal vc usa linux? Nossa q legal uma menina q sabe mexer! hahaha se sentindo acuadas ou no mínimo ets, pra isso serve o grupo, pra evitar essa chatisse toda uma vez que lá não acontece isso. Enfim preciso ir almoçar depois vejo no que deu.

[10] Comentário enviado por lyliane em 31/03/2008 - 13:14h

aqui estou eu, uma menina que trabalha com linux, não precisam ficar magoados!!
ahahahah

[11] Comentário enviado por meldenne em 13/03/2015 - 12:35h


O site do grupo brasileiro está fora do ar. =/

[12] Comentário enviado por removido em 05/10/2016 - 17:37h

05/10/2016 : Não há mais site brasileiro.

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Nem direita, nem esquerda. Quando se trata de corrupção o Brasil é ambidestro.
(anônimo)

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