A primeira razão e a que considero mais importante, por envolver questões relacionadas ao caráter e aos princípios éticos que permeiam as relações pessoais e institucionais, é a adequação ao que chamamos de cultura anti-pirataria.
Sempre fui usuário de computadores, desde a época do longínquo Windows 3.11/MS DOS, e me fascinava uma máquina em que podíamos gerenciar nossa vida, de forma que lazer, informação e trabalho se combinavam em um único equipamento. Porém, mesmo contando com um equipamento relativamente atual a cada época, o uso de softwares ilegais era muito maior do que os legalizados.
Com relação ao sistema operacional, usei um Windows 98 SE e Windows Vista Start, os únicos que eu detinha uma chave de utilização válida. Podia contar nos dedos de uma mão os jogos e aplicativos instalados nessas plataformas que igualmente fossem legais, além é claro da quantidade absurda de arquivos ditos compartilhados (MP3, filmes, livros digitais).
Comecei a pensar comigo mesmo:
"Isso não está certo. Estou usando um sistema original, mas quase tudo o que roda em cima dele não passa de material que nem deveria estar em meu poder, pois não paguei por ele!"
Isso me levou ao estágio em que me encontro hoje - se é livre eu uso, mas se não é, ou eu pago ou não levo. A mudança foi radical: abandonei jogos piratas (quem precisa deles?), office pirata (o MS Office 2007 é muito bonito e estável, mas o BROficce.org atende plenamente minha demanda), programas da área de mídia piratas (Nero, WinAvi e outros que viviam caindo em listas negras de chaves inválidas), arquivos de MP3 e filmes (quer se divertir, pague! Não dê a desculpa de que é caro...), e o que dizer de antivírus (sem comentários - é um absurdo você precisar de chaves piratas de sites que disseminam justamente o que o programa antivírus combate, um verdadeiro contrasenso!). Foi como uma desintoxicação, e devo admitir que foi bem menos traumático do que pode parecer!
A segunda razão que me levou a optar pelo mundo
Linux foi a estabilidade e o visual elegante que era possível implementar ao meu sistema. Sempre achei muito frustrante aquele visual "todo dia igual" do Windows XP, e quando queria algo diferente, esbarrava na necessidade de uma infinidade de programas necessários à modificação que eu queria, e todos sabemos quanta memória de um micro esses complementos consomem. Logo que comecei a fuçar no Linux (usei várias distribuições até chegar ao que uso hoje - Ubuntu no trabalho, e Fedora em casa), descobri que tudo o que eu queria em termos de performance, usabilidade e customização estava ao meu alcance, bastando uma boa dose de persistência, curiosidade e boa vontade. Posso dizer que estou bem satisfeito, e as pessoas que tem a oportunidade de ver minha área de trabalho sempre ficam espantadas com a aparência elegante, quase futurista do desktop, e ficam espantadas ao saber que é "apenas" uma distribuição Linux.
Foi muito bem sucedida a minha migração, diga-se de passagem. No trabalho, sou o único que utiliza sistema Linux, sendo que a maioria de minhas rotinas foram totalmente assimiladas pelo meu desejo de mudança. Evidentemente, nem tudo são flores: até hoje não consigo utilizar dois ou três sites em nenhum dos navegadores que tenho instalados em minha máquina, mas isso nem chega a ser um transtorno, já que tenho alternativas para suprir tais dificuldades. Em casa, cheguei a ter 4 distribuições diferentes instaladas em meus equipamentos (Kurumin e BigLinux no desktop, e Fedora e Ubuntu no laptop), e em todas todo o meu hardware foi reconhecido sem traumas (impressora multifuncional, modem 3G, placa de vídeo, webcam etc).
Como vocês podem ver, não existem argumentos que permaneçam em pé por muito tempo quando se busca honestamente as respostas corretas. Ainda há uma grande estrada pela frente: fui apresentado ao mundo Linux a apenas alguns meses, não domino quase nada ainda, mas posso dizer que me viro muito bem, como eu disse, com uma boa dose de persistência, curiosidade e boa vontade.
Aos novatos como eu, alguns conselhos:
- não desistam quando aparecer a primeira dificuldade, afinal os desafios nos fazem melhorar.
- não desanimem quando você perceber que não consegue "resolver alguma dependência", pois sempre tem alguém que já passou por isso e pode te ajudar.
- lembre-se: não adianta nada ter um sistema legal, se suas práticas são ilegais - não se aproprie de softwares, músicas, filmes e outros pelos quais você não pagou (se isso for necessário), afinal de contas, qual a vantagem de usar Linux, se você ainda rouba músicas dos artistas que deram duro para produzi-las e viver delas?
- seja livre!