Nesta parte do artigo, dedico a esclarecer qual é a finalidade principal de cada opção de montagem que podem ser usadas para tunar os sistemas de
arquivos abordados no artigo, podendo incluir as mesmas no "/etc/fstab", além de explicar a vantagem de usar um
journal externo.
Opções:
- atime: Opção usada para atualizar o tempo de acesso aos arquivos, este tipo de informação é armazenada nos inodes dos
arquivos. Por exemplo, quando você clica com o botão direito e vai em 'Propriedades' do arquivo, lá tem o tempo de acesso.
- noatime: Esta opção faz com que o sistema de arquivos não atualize o tempo de acesso aos arquivos. Caso habilite este
comportamento no F.S., não conseguirá obter o tempo preciso do último acesso feito aos arquivos gravados.
- async: Opção usada para que o sistema de arquivos faça as operações de forma assíncrona. A sincronização de dados
(input/output) será feita depois, e não na hora da transferência de dados.
Por exemplo: Se você está gravando dados no seu disco externo, os dados serão sincronizados aos poucos, de forma tardia.
Caso esqueça de desmontar o dispositivo, removendo o mesmo sem desmontar da forma correta, o risco de perder seus dados é alto, este é o
comportamento padrão dos sistemas de arquivos usados no GNU/Linux.
- sync: Opção usada para que o sistema de arquivos trabalhe de forma síncrona, fazendo a sincronização de dados (input/output) no
momento da transferência de dados.
Por exemplo: Você vai gravar alguns arquivos no pendrive com esta opção habilitada no sistema de arquivos do pendrive, toda a gravação dos dados
será feita na hora e não no momento de desmontar o sistema de arquivos.
Este não é o comportamento padrão dos sistemas de arquivos usados no GNU/Linux. Caso habilite esse comportamento, a transferência de dados
ficará bem lenta, principalmente em transferência de dados grandes.
- diratime: Esta opção é similar ao atime, mas ao invés de atualizar o tempo de acesso aos arquivos, atualiza o tempo
de acesso aos diretórios.
- nodiratime: Ao contrário da opção diratime, está opção não atualiza o tempo de acesso ao diretórios, pode ser usada
para ter um pouco mais de desempenho, já que toda ação de acesso não será armazenada nos inodes.
- dirsync: Similar a opção sync, mas ao invés da sincronização de dados (input/outpu) serem feitas de forma síncrona
nos arquivos, serão feitas nos diretórios.
- relatime: Opção usada para atualizar o tempo de acesso aos arquivos referentes à modificação/alteração nos arquivos.
Caso habilite este comportamento no seu sistema de arquivos, o tempo de acesso aos arquivos só será atualizado caso o tempo relativo à
modificação for mais atual do que o antigo, ou seja, só será atualizado caso haja alguma modificação/alteração nos arquivos, e não um simples
acesso. Esta opção é similar ao noatime. Caso deixe a mesma habilitada terá um ganho de desempenho.
- norelatime: Esta opção desabilita o recurso relatime, pois não vai atualizar nos inodes o tempo de acesso relativo à
modificação e/ou alteração.
- barrier: Este comportamento chama-se barreira, e é usado em conjunto com journal.
Para entender melhor esta opção de comportamento do sistema de arquivos, temos que ter em mente o seguinte: toda alteração no sistema de
arquivos que usa journaling, armazena primeiro os registros de alterações de sua estrutura, seja um arquivo ou diretório, no journal, para
posteriormente fazer a gravação efetiva dos dados.
Porém, se os blocos de dados e/ou registros de alteração de dados que serão feitos de forma efetiva não forem escritos antes no journal, seu
sistema e arquivos poderão comprometer as informações armazenadas na sua estrutura.
Habilitando o barrier, evita-se a gravação desordenada, evitando que os dados fiquem corrompidos no sistema, pois os blocos de dados
e/ou os registros são primeiro armazenados no journal para posteriormente, serem gravados efetivamente no sistema.
Quando este comportamento é habilitado, é garantido que o F.S. tenha sua consistência mantida, mas em compensação, terá uma perda de
desempenho. Caso deixe desabilitada, ganhará desempenho, porém, tenha certeza que o mesmo poderá ficar corrompido de forma mais fácil do que
quando este comportamento está habilitado, pois nenhum sistema de arquivos é anti falhas, e sim tem uma tolerância à falhas.
Para habilitar, coloque no "/etc/fstab barrier=1", ou "barrier=flush" (vai depender do F.S. usado). Caso queira deixar desabilitada, coloque no
"/etc/fstab barrier=0", ou "barrier=none" (relativo ao F.S. usado).
Vantagens de se usar Journal Externo
Antes de falar sobre as vantagens, primeiro vem a definição de journal, que é uma área reservada para armazenamento de registros/log de ações que serão feitas nos dados, tais como: leitura/alteração e
ou gravação de novos dados na estrutura do F.S.
Para uma melhor compreensão, acesse o artigo
Sistemas de arquivos para GNU/Linux, página 2.
O Journal do sistema de arquivos é a parte mais acessada do seu disco rígido. Seja para qualquer ação que você faça o Journal é acessado, ou seja,
tanto nas operações de leitura como de escrita.
Desta forma, o disco precisa gravar os dados no journal (log) e no sistema de arquivos. Logo, nota-se que o disco tem que fazer dois movimentos:
um para gravação no journal e outro no F.S. em si, além de ter um journal com tamanho limitado.
Isto pode influenciar no desempenho, já que o log fica limitado pelo tamanho e também o Seek time é maior.
Seek time é o tempo gasto para movimentar a cabeça do disco para ler e escrever no disco até a trilha/setor desejado.
No entanto, ao colocar o journal (área de log) em outro disco, tem-se um ganho quanto ao seek time, pois o mesmo disco que armazena o sistema,
não precisará fazer dois movimentos (um no sistema de arquivos e outro journal).
Com isso, ganha-se velocidade na leitura/escrita de dados, além de poder deixar o Journal com um tamanho maior, permitindo armazenar mais
dados (se necessário) de uma vez. Com isso, o ganho de desempenho é garantido.
Mesmo colocando o journal em outra partição do mesmo disco onde está o sistema, tem-se um ganho de desempenho. Não igual se comparado a
colocar em outro disco, mas ganha.
Lembre-se que, para cada partição que usará com journal externo, deverá ter uma partição dedicada para armazenar o journal. Se pretende colocar o
diretório "/" e "/home" em partições separadas e usar a área de registro para ambas partições com localização externa, então dedique duas partições
para para receber o log, cada partição para um diretório.
Desvantagem de usar Journal Externo
Se o disco rígido em que está o journal externo for acidentalmente desligado, você não poderá iniciar o seu sistema, mas nenhum dado estará
perdido!
Nem mesmo dando boot pelo LiveCD, você terá acesso aos seus dados. Você precisará do Journal externo para ler os seus dados. Basta então,
religar o disco rígido em questão, na mesma ordem em que tudo foi configurado, que tudo volta ao normal.
Se o disco rígido em que está o journal externo chegou ao fim de sua vida útil, ou está com defeitos irreparáveis, você não poderá acessar os seus
dados e o que estiver fazendo no momento do problema pode estar perdido.
Aí você pode perguntar-se: Como então eu volto a ter acesso aos meus dados?
Resposta: Substitua o disco onde estava o journal da partição, aplique o sistema de arquivos em uma nova partição, e execute os comandos que
serão usados nas páginas seguintes para preparar o HD para receber o journal externo, e anexar o journal do sistema no novo HD. Depois reinicie a
máquina e use o sistema.
* NOTA: Nem todos os sistemas de arquivos abordados neste artigo poderão migrar o seu journal externo para outro dispositivo, sem que o
dispositivo anterior (dispositivo que continha o journal) esteja presente e/ou sem formatar a partição que contém o sistema.
Independentemente do seu sistema de arquivos e das modificações que você possa fazer no seu sistema, sempre faça backup antes de fazer as
alterações instruídas nas páginas seguintes.