hrcerq
(usa Outra)
Enviado em 08/09/2017 - 19:22h
sevrale escreveu:
[...] 1 -Não tenho o que esconder do governo chinês ou de qualquer outro. Acho essa discussão sobre o Deepin ou Windows espionar ou não, simplesmente falta do que fazer. [...]
É tentador pensar assim. Mas depois de algum tempo revirando esse assunto não é difícil mudar de ideia. Reflita sobre o seguinte questionamento: "você moraria numa casa de vidro"? Não necessariamente vidro, mas apenas uma maneira de dizer que seria uma casa onde todos os seus passos, todas as suas ações poderiam ser observadas. Se sentiria a vontade num lugar assim?
O que quero pontuar é que nem tudo o que se faz escondido é algo errado. Por exemplo, necessidades fisiológicas não tem que ser feitas na frente de todo mundo pra serem legítimas. Conversas com advogados, médicos ou psicólogos são mantidas em sigilo, não por serem algo errado, mas porque é direito do cliente/paciente não divulgá-las. Informações de conta bancária, como senhas, saldos e histórico de transações não são tipicamente divulgadas a quem quer que seja. Senhas de e-mail também não.
O fato é que quando você deixa uma informação privada vazar para além do planejado, você sabe que aquilo pode ser usado contra você, seja por criminosos, por interesseiros ou até mesmo por "amigos" que querem te sacanear. Aqui estamos falando de governos. Vamos, por alguns instantes, partir do pressuposto de que só existem pessoas idôneas no governo. Vamos imaginar que os governos só tem pessoas trabalhando com a melhor das intenções pelo seu povo. Ainda assim, não existem sistemas 100% seguros, e as informações guardadas por estas instituições podem acabar caindo nas mãos de criminosos. Será que os governos estão preparados para guardar tanta informação sensível? A julgar pelo recente caso do Wannacry, eu diria que não.
Em outras palavras, garantir a privacidade é importante para garantir a segurança. O que tanto se fala de que a perda de privacidade é um preço a se pagar pela segurança é pura falácia. Quanto mais se sabe sobre você, menos seguro você está.
---
Atenciosamente,
Hugo Cerqueira