Teixeira
(usa Linux Mint)
Enviado em 04/04/2010 - 11:01h
Eu não concordo 100% que quem programa em uma determinada linguagem - seja Java, Pascal, C, etc. - esteja totalmente apto a programar nas outras linguagens, isso por causa de diferenças bem marcantes entre elas.
Concordo, sim, que o entendimento da lógica seja fundamental e que facilite de alguma forma uma transição menos "dolorosa".
Existem coisas que podem ser implementadas de formas parecidas nas linguagens tal e tal, mas que em outra linguagem somos obrigados a reinventar a roda para poder chegar ao mesmo resultado.
Existem momentos em que temos até mesmo de tirar leite da pedra...
Tenho um amigo que tem "o mesmo" programa de contabilidade escrito em Assembly SL-3, Assembly Z80, Cobol, Basic, Clipper e Mumps.
Mas quando se fala em "o mesmo" entenda-se que as telas são mais ou menos iguais e que se chega efetivamente ao mesmo resultado desejado, porém que a implementação (o "miolo") é totalmente diferente, e que portanto seguiu por caminhos diversos.
Também não concordo com o conceito que se vê por aí de que "quem programa em C também programa em Java".
Em certos momentos, para algumas pessoas, as semelhanças até atrapalham, em vez de ajudar.
Eu mesmo tive pequenos impecilhos em dBaseII (!!!) por causa de velhos costumes do Cobol e do Basic.
Por exemplo, eu insistia em usar "PICT" em vez de "PIC".
Pode não parecer nada, mas em programas extensos, e dependendo das ferramentas de que dispomos, um errinho desses em algum lugar lá no meio do código pode gerar bugs bastante penosos de depurar.
Java é uma boa, pois é uma linguagem bastante abrangente e que permite realizar qualquer tipo de programa, qualquer que seja o grau de complexidade.
Como você já deve ter observado, faz desde aqueles Javascripts usados em webpages, até o sistema da Receita Federal. Dizem até que Javascript é outra linguagem, mas eu a considero um subset do próprio Java. E também tem HotJava, etc.
O que não falta é assunto para ser estudado.
Não se preocupe com o fato de que algumas pessoas afirmem que Java "não é segura", pois isso é meramente "intriga da oposição".
Afinal, quem deseja realmente aprender Java certamente aprenderá como evitar qualquer traço de insegurança.
Acho que, embora o tempo de aprendizado possa ser maior, vale a pena investir nessa linguagem, pois ela tende a ter uma boa sobrevida.
Muitas linguagens que eram "as tais" se encontram hoje em desuso, inclusive abandonadas por seus próprios desenvolvedores, que já lançaram outras linguagens para substituí-las, e que por sua vez também morreram.
C e suas derivadas permaneceram de pé, e assim o Java (e veja que pouquíssimo se ouve falar em D, que seria a "sucessora" de C).
Pascal é uma linguagem de cunho altamente didático, isso por causa de sua estrutura muito rígida. Nos áureos tempos do Basic, era a linguagem preferida da maior parte dos programadores no restante do mundo exceto no Brasil, onde era considerada uma linguagem meramente acadêmica.
Sempre houve uma discussão contrária ao Basic (e supostamente favorável ao Pascal) por causa do comando GOTO, que permitia quebrar estruturas e portanto tornar programas imperfeitos.
Contudo, Pascal em si (ou Pascal "a seco") não é tão abrangente quanto Java ou C.
Por último, quero deixar uma sugestão:
Ao desenvolvermos um programa, devemos ter em mente o tipo de usuário que fará uso dele.
Se é alguém que faz uso massivo de imagens, temos de providenciar todas as facilidades para isso.
O uso do mouse é plenamente recomendado.
No entanto, quando se trata de um aplicativo contábil, os gráfismos, as animações, etc. BEM COMO O USO DO MOUSE são um completo estorvo.
O que não falta na web (como exemplo horrível) são aqueles formulários de pedido de mercadorias onde o usuário tem de usar o teclado numérico, largá-lo para usar o mouse ou usar a tecla TAB para mudar de campo (às vezes os dois!).
Isso é coisa para quem tem pelo menos três mãos, pois geralmente quem digita estará com a mão esquerda perenemente ocupada segurando um papel, ou marcando uma linha com o dedo (não deveria, mas esta é a realidade em aproximadamente 80% dos casos práticos).
E já que estamos falando em estorvo, por que não falar nos tais dígitos "de controle" que ajudam tão pouco e cansam tanto o digitador?
Hoje em dia podemos usar mnemônicos em vez dos tais dígitos.
Imagine que se um digitador inserir 1000 clientes com 20 itens cada, ele terá dado 20000 toques a mais, o que significa desperdiçar aproximadamente uma hora e quarenta minutos apenas digitando o tal de CDC (isso na velocidade de um digitador "fera" mesmo, aproximadamente 240 kpm líquidos).
Mas para ser um bom programador, o principal é você gostar dessa atividade, e se dedicar a ela.
As dificuldades que aparecerem pelo caminho deverão ser vistas como desafios a vencer, e não como impecilhos. Acho que é por aí.