Rousseau
(usa Manjaro Linux)
Enviado em 31/12/2016 - 11:24h
Não creio que as alternativas que temos são boas. O dito "socialismo real" funcionou muito bem até determinado ponto. Depois, degringolou para um esquema, um tanto quanto, questionável. Segundo a Arendt, muito próximo ou, até, igual aos fascismos alemães e italianos. O sistema de rápida industrialização de economias agrarias do leste europeu, criado pela URSS, funcionou, muito bem, até determinado ponto. Mas, se pensarmos na velocidade em que foram realizados, foi um feito bastante interessante.
O liberalismo, depois "transformado" em neoliberalismo (que de liberalismo não tem absolutamente nada além do nome), também não funciona como vemos nos dias atuais. Foi "construído" na metade do século vinte com medo do "socialismo real" (que ainda estava na fase de seu bom funcionamento), gerando os, tão falados hoje em dia, estados de bem estar social (Welfare State). Foi, então, um tipo de reposta ao "outro lado", no mundo dicotômico da época. Mesmo gerando
Usando um exemplo. As duas grandes potências industriais, Inglaterra primeiro e depois os EUA, se voltaram, no boom de desenvolvimento industrial, muito tempo, para dentro de si mesmos, com fortíssimas práticas protecionistas e pouquíssimo livre-mercado. Criarem gigantescas reservas, para sua própria proteção e, aos poucos, foram se transformando em sistemas com livre-mercado. Ou seja, só se voltaram para fora quando a situação estava extremamente satisfatória. Afinal, o que Trump (só o estou usando de de exemplo, pois esse é um debate recorrente em solo norte-ameicano) tem falado todos os dias desde que começou sua campanha? Dar novos empregos aos próprios americanos; fazer voltar a crescer a economia interna do país; trazer de volta ao solo norte-americano os investimentos que se distribuirão mundo afora etc. O que quero mostrar é que o país foi, em certo nível, prejudicado pelo que ele mesmo prega.
Em relação ao estatismo. Países como a Suécia, embora não tenham um fortíssimo controle feito pelo estado, mas ele existe. Tem um aparato estatal extremamente organizado, em relação a leis, sindicatos, impostos etc. Ou seja, o estado se bem organizado pode funcionar perfeitamente bem. A Alemanha, por exemplo, tem um sistema trabalhista, que anda sendo desmontado, que funcionou extremamente bem até os cortes e o desmanche do welfare state. Os sindicatos negociavam, diretamente com o estado, os tributos e salários que são cobrados por eles. Por fim, o estado, mesmo sendo mínimo, tem que existir, logo, basta uma boa administração. Grande parte dos países europeus, tem um sistema meio misto, onde partes são totalmente controladas pelo estado e outras pela iniciativa privada. Basta pesquisar sobre o sistema de saúde, educacional (básico e superior), o setor industrial etc. O estado, as vezes, se torna fundamental. Basta lembrarmos do caso da Peugeot na França.
No Brasil, não creio que o problema seja a presença do estado, forte ou não, mas a condição que o nosso sistema dá aos representantes. O nosso judiciário, nos dias atuais, faz o que quer com eles mesmos e com o povo, ao mesmo tempo, em que os políticos, protegidos ou não, por esse mesmo judiciário, fazem o que querem com leis, licitações e direitos do povo.
Enfim, o que quero dizer é: sendo o estado ou o mercado. Temos que ter e, tentar reproduzir, o bom senso. Coisa que não vemos, em grande medida, no funcionamento do mercado atual. Se pegarmos o setor de investimento dos EUA, dos anos 1960 para cá, eles passaram de investimentos de longo prazo e, relativo, baixo risco, para investimentos de prazo extremamente curto e altíssimo risco. Porém, com rápido retorno financeiro. O que isso gera? rápido processo de retirada de dinheiro do próprio mercado, porque o dinheiro circula em uma velocidade exorbitante e sem controle. Logo, quando se consegue um lucro com o investimento, o dinheiro é recuperado e investido em outro que gerara o mesmo ciclo. Claro, o funcionamento não é tão simples assim. Isso é apenas um modelo mais grosseiro e geral.
Agora, chamar o que se tem no mundo atual de liberalismo é cuspir na cara de Adam Smith, John Locke, E. Burke, T. Paine etc. Inclusive, o texto muito citado, "Riqueza das Nações", é sempre muito mal lido. Assim como muitos outros que temos por ai, seja Marx, Maquiavel, Hobbes, etc. Quem já teve a oportunidade de fazer uma leitura mais calma de Locke vai entender o que estou falando.
Para finalizar, de verdade, não acredito que a simples dicotomia estado x "liberalismo" seja a real solução dos nossos problemas.
Obs: terminado este delírio, não consegui ler todos as postagens ainda. Quando conseguir, faço uma atualização do meu post.