hrcerq
(usa Outra)
Enviado em 03/05/2019 - 21:42h
4nderson escreveu:
[...] A sociedade está doente. Depressiva, desesperada, despreparada e ignorante.
As tecnologias já estão substituindo o trabalho humano. A tendência é de que, num futuro não tão distante, todas as atividades que não exigem raciocínios e decisões humana e socialmente complexas podem ser substituídas por robôs. [...]
Aí você tocou num assunto interessante. Eu costumo pensar que as máquinas tem o seu papel no mundo, assim como nós temos o nosso. O das máquinas é ser eficientes. O nosso é ser inteligente. Quando tentamos inverter isso, o resultado é o caos.
Quando nos comportamos como zumbis programados e esperamos que as máquinas tomem as decisões por nós, obviamente viveremos uma vida infeliz, porque estamos fora da nossa função, e as máquinas não ficarão infelizes, obviamente, mas estarão sendo subutilizadas. Elas não foram feitas pra pensar e sim pra obedecer.
Um dos movimentos que tenho visto no cenário tecnológico é o das pessoas que entram nos "jardins murados", abrindo mão da própria capacidade decisória, e delegando as decisões a algoritmos aleatórios. Em outras palavras, a relação aí está invertida, pois somos nós que devemos tomar as decisões, não as máquinas. É claro que nesse caso as máquinas estão tomando decisões com base nas ideias de quem as programou, mas há elementos de aleatoriedade embutidos nos jardins murados que são relativamente difíceis de prever.
Há quem pense que a inteligência artificial é capaz de substituir a humana, e a julgar pelo modo como algumas pessoas subutilizam sua capacidade intelectiva (especialmente as que costumam pensar esse tipo de coisa), há certa verdade em pensar assim. Mas o próprio nome "inteligência artificial" é um equívoco. Não é de fato uma inteligência, e sim uma rotina que se repete e se aprimora conforme recebe mais dados. Ela tem a capacidade de cruzar dados e produzir novos efeitos, mas não tem a capacidade genuína de criar informação, apenas de reorganizá-la.
Assim, penso que a automação é algo bom, porque nos permite ser mais humanos, nos afastando das tarefas repetitivas e monótonas, e deixando isso para as máquinas, que tem esse papel. A nós, resta o que devemos fazer, que é nos ocupar do pensamento, das artes, do diálogo, das relações, da criação, etc.
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Atenciosamente,
Hugo Cerqueira
Devuan -
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