No mesmo dia que analiso novas tecnologias agregadoras de valor no mercado de TI, e abrangem esta área aplicativos como Visual Studio, Embarcadero 10 Seattle, Eclipse, e outros mais, recebo a notícia do falecimento de Ian Murdock criador do Debian.

Talvez a notícia represente um pouco da sua genialidade, pois o Debian surgiu no momento que todos nós tínhamos que aceitar a imposição da industria de software, para atender a ambição desta mesma industria.

Para os brasileiros, 2015 foi um ano difícil com crise econômica, porém surgiram rumores que a velha rival do mundo Linux, a Microsoft, estaria aderindo ao universo Open Source disponibilizando o código fonte da plataforma .Net para as principais distribuições Linux. O OpenOffice tem se tornado cada dia mais presente nas nossas vidas e grandes aplicativos livres como Qt Creator tem ajudado desenvolvedores no mundo todo a criar aplicativos estáveis e robustos.

Graças ao ideal de homens como Ian Murdock, Jon "Maddog" Hall, hoje utilizo mais aplicativos livres do que piratas, primeiro pelo respeito ao direito autoral, depois pela procedência, afinal sites especializados em download de programas gratuitos infestam nossos equipamentos de vírus e programas maliciosos.

O motivo de empresas como Microsoft estar abandonando a antiga prática de venda de software, deve-se a uma nova tendência de mercado, sinalizando que até 2017 as vendas de PC e Note representarão no máximo 20% do mercado atual, pois a maioria dos usuários atuais migrarão para dispositivos móveis, setor dominado pelo Android sob plataforma Linux Mobile.

Criei um blog chamado "Empreenderama" com o objetivo de ajudar pessoas que sonham em iniciar um negócio a obter ajuda para inicicar seus projetos.

Como contador e consultor financeiro tenho experiência com Start-ups, e já presenciei muita bobeira sendo feita por pessoas que sonham em ficar ricos com projetos tecnológicos mirabolantes, mas sem planejamento e pé no chão.

Ian Murdock entrará para a história não só por ter criado o Debian, mas por ter falecido no início de uma nova era, aonde a velha briga Windows vs Linux deixará de existir, assim como a guerra fria também esfriou fazendo surgiu um novo mapa mundial com novas oportunidades e novos problemas.

O maior legado de Ian será a comprovação de que muitas vezes ganhamos perdendo e outras vezes perdemos ganhando. Se todos os colaboradores Linux tivessem exigido ganhos antes do trabalho, hoje estaríamos falando da lenda Linux.

Grandes empresas do setor de Tecnologia estarão rumando a decadência, não por tentar vender produtos fracos, mas por tentar privar os usuários de conhecer seus produtos.

Sem dúvida alguma a Borland e agora a Embarcadero produziram desde a primeira versão do Delphi a melhor ferramenta RAD do mercado que depois foi copiada por outras empresas, porém nos últimos anos vem perdendo mercado para aplicativos livres como Qt Creator ou pagos como Visual Studio, simplesmente porque estas empresas aprenderam com o Linux que o melhor caminho do sucesso é a eficiência e não a imposição.

A Microsoft sob a gestão Bill Gates, tentou durante anos impor o uso de um Windows cheio de falhas, incapaz de atender as necessidades dos usuários, que obrigavam os consumidores a adquirir novos equipamentos mesmo quando não precisavam e o pior pagando caro por isso.

A mentalidade conservadora deste gestor monopolista, forçou seus concorrentes a se unirem para patrocinarem o desenvolvimento de um concorrente livre na década de 90, possibilitando um grande avanço do Linux.

Hoje o Linux não só revolucionou como produto, mas como filosofia também, possibilitando que o setor Tecnológico crescesse assustadoramente na última década e mudasse o comportamento das empresas do setor.

Fora do setor tecnológico sou forte defensor do Liberalismo Econômico, pois acredito que as leis de mercado permitem o máximo desenvolvimento da sociedade, cria a mentalidade de respeito a individualidade e gera inovação, neste sentido não há o que contestar: a letra L do Linux deve ser de Liberal.

Conversando com meu amigo, Alessandro Oliveira - Cabelo, fiquei sabendo que a Microsoft exigiu certificação Linux de todos os empregados, isso é a prova, que ninguém é dono do mundo e quem quiser prosperar deverá respeitar as diversidades.

Quando mencionei a Embarcadero, é porque consultei a documentação da última versão do seu software e fiquei perguntando, porque não aproximar esta tecnologia das pessoas? A posição comercial desta empresa me traz a mente a história do video-cassete: no início surgiram 2 tecnologias, a VHS e a BETAMAX, esta segunda muito superior tecnologicamente a primeira.

Se o VHS era inferior, porque monopolizou o mercado? A resposta é simples, ela chegou primeiro nas mãos dos usuários.

Durante anos o Linux foi um sistema operacional de gueto, porém na década de 90 foi se aproximando das pessoas, para que estas perdessem o medo do desconhecido e hoje ele está em todo lugar, desde computador até celular.

Muitas pessoas ainda acreditam que Linux foi uma opção gratuita de sistema operacional para quem não queria gastar dinheiro, isso explica porque a cada 5 anos novas empresas de tecnologia despontam no mercado e antigas empresas desaparecem mais rápido do que surgiram. A maior experiência que acumulei no setor de Tecnologia, é que a Inovação é a energia que move o setor e que não há espaço para mentes fechadas.

Deixo a todos um Feliz Ano Novo e espero que em 2016 consigamos ser inovadores como Ian Murdock, Jon "Maddgo" Hall e o brasileiro Cabelo com seu Certiface.

ANDRÉ TOMASSO