Alguns recursos do BASH para você utilizar em seus programas

Neste artigo mostrarei alguns recursos úteis para os amantes de shell-script, mas que não querem escrever somente scripts, e sim verdadeiros e complexos programas.

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Por: Leandro Santiago em 07/02/2008 | Blog: http://leandrosan.wordpress.com


Como criar programas com opções - melhorado



Numa dica anterior eu havia apresentado uma solução para criar programas que recebessem parâmetros na linha-de-comando, e que soubessem interpretar os valores recebidos.

O link para o texto original é:
Agora mostro o antigo método, mas melhorado. Agora ele é capaz de resolver parâmetros que utilizam mais de um argumento.

Mostro aqui um script de exemplo, que utiliza o método q criei:

#!/bin/bash

# Um exemplo de tratamento de parâmetros
# recebidos pela linha-de-comando no bash
#
# Por Leandro Santiago da Silva
# leandrosansilva [ ARROBA ] gmail [PONTO] com

# Inicializo variáveis booleanas

PARAMD=false
PARAME=false

# Crio o vetor que guarda todos os parâmetros
j=0
for i
{
    PARAMET[$((j++))]="$i"
}    

# Índice verificado
INDICE=0
# Indica se devo parar a verificação
FIMCADEIA=false
# A quantidade de parâmetros que devo verificar (poderia pegar o tamanho do vetor, mas assim também funciona)
QtdPar=$#
# Enquanto houver parâmetros para verificar
# e não estiver acabado a lista
while (( INDICE<QtdPar )) && ( ! $FIMCADEIA )
do
    case ${PARAMET[$INDICE]} in # Opções que necessitam de argumentos -A|--param-a|-B|--param-b|-C|--param-c)    
        # Aqui verifico parâmetros que necessitam de argumento.
        # Juntei tudo num case para facilitar a localização
        # e modificação
            if ((INDICE<QtdPar))
            then
                ((INDICE++))
                if ((${#PARAMET[((INDICE))]}>0))
                then
                        #Área 1
                        case ${PARAMET[((INDICE-1))]} in
                            -A|--param-a) PARAMA=${PARAMET[((INDICE))]}
                            ;;
                            -B|--param-b) PARAMB=${PARAMET[((INDICE))]}
                            ;;
                            -C|--param-c) PARAMC=${PARAMET[((INDICE))]}
                            ;;
                        esac
                else
                     echo ${PARAMET[((INDICE-1))]} precisa de um argumento
                    FIMCADEIA=true
                fi
            fi
        ;;

        # Parâmetros que recebem mais que um argumento
        -K|--param-k|-J|--param-j)
            INDICE_PARAM=$INDICE  
            while ((INDICE<QtdPar)) && ( ! [ "${PARAMET[((INDICE+1))]:0:1}" = "-" ] )
            do
                #Área 2
                case ${PARAMET[$INDICE_PARAM]} in
                    -K|--param-k) PARAMK="$PARAMK ${PARAMET[((INDICE+1))]}"
                    ;;

                    -J|--param-j) PARAMJ="$PARAMJ ${PARAMET[((INDICE+1))]}"
                    ;;
                esac
                ((INDICE++))
            done
        ;;

        #Área 3  
        -D|--param-d) PARAMD=true
        ;;

        -E|--param-e) PARAME=true  
        ;;

        --help) echo "Uso:
--param-a|-A opção
--param-b|-B opção
--param-c|-C opção
--param-d|-D (Ativa)
--param-e|-E (Ativa)
--param-k|-K mais de uma opção
--param-j|-J mais de uma opção"
            exit  
        ;;
        # Se o parâmetro for incorreto, paro a verificação    
        *)  echo Parâmetro inválido: ${PARAMET[((INDICE))]}
            FIMCADEIA=true
        ;;
    esac
    ((INDICE++))

    # Se passei um parâmetro errado, imediatamente finalizo o programa
    if $FIMCADEIA
    then
        exit 4 ## Porquê 4?
    fi
done

# Relatório final
echo PARAMA = $PARAMA
echo PARAMB = $PARAMB
echo PARAMC = $PARAMC

echo PARAMK = $PARAMK

echo PARAMJ = $PARAMJ

if $PARAMD
then
    echo PARAMD está ativo
else
    echo PARAMD está inativo
fi

if $PARAME
then
    echo PARAME está ativo
else
    echo PARAME está inativo
fi

Agora, explico o que cada coisa faz.

Primeiramente inicializo as variáveis booleanas. Isto é opcional, já que nem todos os programas as utilizam.

Logo após, crio um vetor com os parâmetros. Aqui, cada opção recebida pela linha-de-comando, tenha caractere espaço ou não, é colocada num elemento.

Alguns me perguntariam: "Mas porque colocar tudo num vetor?"

Eu diria: "Já vi muitas implementações de interpretação de parâmetros que manipulavam cada opção avançando com o comando shift. E confesso que não gostei nenhum pouco."

Com vetores você manipula somente índices. Modificando o valor do índice, você tem acesso à qualquer elemento do vetor na hora q bem desejar. Pode voltar ou avançar da maneira que quiser.

Isto tem um lado bom e um ruim. O bom é que é a lógica é - em minha opinião - mais fácil de ser visualizada. Outra vantagem é que você pode colocar as ações a serem executadas dentro do local correto, e não precisar se preocupar com a lógica da verificação.

Vejam como exemplo o caso dos parâmetros que recebem uma só opção. No caso do tratamento dos parâmetros '-A' e '--param-a', bastou o código PARAMA=${PARAMET[((INDICE))]} para que o próximo elemento fosse considerado um argumento dos parâmetros em questão. Não precisei analisar mais nada. Só uma linha-de-código.

Mas talvez o maior problema seja o tamanho do código. Ele pode parecer grande quando temos poucas opções à tratar, mas parece menor quando as opções são muitas.

Na "Área 1" você pode colocar os parâmetros que recebem somente um parâmetro. Como é um case, basta colocar o nome do parâmetro e o comando que deve ser executado com o argumento dele.

Em "Área 2", você coloca os parâmetros que recebem os parâmetros que podem receber um ou mais parâmetros. O engraçado é que ele elimina a utilidade da verificação acima. Mas tem o problema de utilizar um critério de parada diferente. Ele entende como "a partir daqui já outra opção" quando o próximo elemento do vetor começa com um hífen (-), enquanto que o método anterior não faz isso. Aí fica à seu critério se utiliza o primeiro ou não.

Já em "Área 3" você coloca as opções que não recebem argumento.

Agora mostro um exemplo de uso. Salvo o exemplo acima no arquivo teste-parametros.sh e dou permissão de execução à ele.

$ ./teste-parametros.sh -E --param-k um dois três -A quatro -J cinco seis -K sete oito -B nove
PARAMA = quatro
PARAMB = nove
PARAMC =
PARAMK = um dois três sete oito
PARAMJ = cinco seis
PARAMD está inativo
PARAME está ativo

Agora percebam este outro exemplo, onde não coloco argumento algum com um parâmetro que pode receber mais que um deles:

$ ./teste-parametros.sh --param-k -A 20
PARAMA = 20
PARAMB =
PARAMC =
PARAMK =
PARAMJ =
PARAMD está inativo
PARAME está inativo

E comparo com este outro:

$ ./teste-parametros.sh -A --param-j um dois três
Parâmetro inválido: um

Neste caso, vejam que "--param-j" ficou como argumento de "-A", e "um" foi reconhecido como um outro parâmetro, no caso, inválido.

Para verificar isso, executamos:

$ ./teste-parametros.sh -A --param-j
PARAMA = --param-j
PARAMB =
PARAMC =
PARAMK =
PARAMJ =
PARAMD está inativo
PARAME está inativo

O ideal é que você não coloque nenhuma ação para ser executada no momento da verificação dos parâmetros.O ideal é somente definir flags q servirão para uso do programa.

Deixo claro aqui que este exemplo, bem como o código e a lógica do script são de livre uso. Mas só peço que, se for utilizar este sistema em algum script, que cite meu nome e e-mail ;-)

Esclareço também que este código não é definitivo. Ele certamente tem falhas, e não há nada que impeça que você o melhore. Mas, se fizer isto, tente ao máximo retribuir com a comunidade mostrando as melhorias que criou.

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Páginas do artigo
   1. Introdução
   2. Declaração Condicional de Funções
   3. Como criar programas internacionalizáveis
   4. Como criar programas com opções - melhorado
   5. A diferença entre as crases (``) e o '$()'
   6. Curiosidades sobre a aritmética do bash
   7. Conclusão, referências e todo o resto
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Comentários
[1] Comentário enviado por hugoeustaquio em 07/02/2008 - 18:03h

"Eu havia dito que expressões como ((1<2)) retornam verdadeiro para o shell. A questão é: porque isto acontece? "

Isso acontece porque 1 é menor que 2 ;)

Viva o bash!

[2] Comentário enviado por tenchi em 07/02/2008 - 20:00h

Ah hugoeustaquio, não é que você está certo? rsrs
Acabei dizendo tal bobagem para mostrar que algumas operações do bash se assemelham muito às de linguagens como C, onde 1 é verdadeiro e 0, falso. O problema é que muitas pessoas simplesmente desconhecem tais recursos.
Mas valeu pela correção ;-)

[3] Comentário enviado por chimico em 08/02/2008 - 09:53h

Muito bom, parabéns pelo artigo!

[4] Comentário enviado por k4mus em 08/02/2008 - 09:59h

Parabens amigo. A algum tempo q eu procurava algum material como este.

vlw

[5] Comentário enviado por everton3x em 08/02/2008 - 11:57h

Muito bom artigo, não tanto por mostrar como fazer "algumas coisinhas" com Shell Script, mas principalmente por mostrar aos pagãos o quão poderoso é o bash.
Parabéns!

[6] Comentário enviado por juliaojunior em 08/02/2008 - 18:26h

muito bom. Direto para favoritos. :>

[7] Comentário enviado por Teixeira em 09/02/2008 - 22:15h

Gostei muito do artigo.
Eu mesmo tinha outra idéia do assunto, pois achava que a coisa seria muito complicada.
O amigo veio provar o contrário.
Pode ser complexo no início, e exige grande disciplina, mas certamente complicado não é.
( Normalmente é a verbose que assusta um pouco )
Parabéns !

[8] Comentário enviado por elgio em 22/02/2008 - 15:24h

Sobre a arimetica um cuidado deve ser tomado ao escrever os numeros:

$ echo $(( 9 < 011 ))
0


Ué? 9 é menor que 11, então porque a expressão deu FALSO? (valor 0)

Porque números precedidos com ZERO são interpretados como octal pelo BASH e 011 octal = 9 em decimal:

$ echo $(( 9 == 011 ))
1

[9] Comentário enviado por elgio em 22/02/2008 - 15:30h

A propósito: legal este teu artigo.
Cheio de manhas.

[10] Comentário enviado por removido em 28/04/2014 - 18:17h

Didática muito boa, favoritado!


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