Sendo Linux um sistema operacional de código aberto, sua flexibilidade em termos de personalização é grande, pois é possível alterar desde um simples papel de parede, até as complexas ações de janelas. Sua maleabilidade permite modificar totalmente uma distribuição.
Este fato pode ser verificado, por exemplo, tomando por base a transformação da distribuição do Kurumin (Figura. 08). Modulado para a Famelix (Figura. 09), podemos verificar a estrutura de arquivos, com iconografia intuitiva e estrutura de arquivos bem definidas. Esta análise vem de encontro com o pensamento de Souza (2005).
Figura 01 - Ambiente Kurumin Linux 5.0
Segundo Souza (2005), o termo produtividade relaciona-se com a pergunta acerca de "se o uso do sistema permite ao usuário ser mais produtivo do que seria se não o utilizasse". Para ser produtivo é necessária a adaptação do sistema operacional às necessidades. Portanto a personalização é o caminho para a produtividade. Levando em conta a existência de mais de 20 distribuições, para ficar apenas naquelas desenvolvidas por brasileiros, onde qualquer pessoa ou empresa possa criar uma nova, podemos inferir que o Linux atende a este conceito de IHC.
Os dados desta pesquisa, analisados a seguir, demonstram que o SO Linux pode ser utilizado tanto por usuários iniciais quanto avançados, em modo gráfico (janelas, ícones, botões, menus, etc) ou até mesmo em terminais por linhas de comando (modo texto), considerando, configurando-se, desse modo, em um Sistema Operacional que suporta todos os níveis de usuário.
Analisando os dados a partir do gráfico 01 pode-se verificar que a iconografia utilizada é representativa e fácil de ser compreendida, pois, 56% dos usuários responderam afirmativamente sobre essa questão.
Gráfico 01 - Compreensão da iconografia utilizada
Esse fato é reforçado quando comparado aos dados do gráfico 02 e também pelo gráfico 03 a seguir, que indica que a maioria nunca teve contato direto com esse sistema (67%). Essa afirmação pôde ser também verificada a partir da observação realizada durante a fase de experimentação do sistema pelos usuários especializados.
Gráfico 02 - Conhecimento sobre software Livre
Gráfico 03 - Contato com o sistema operacional Linux
Quando observamos ao gráfico 04 abaixo, percebemos que 66% dos usuários responderam "sim" à questão apresentada, 18% encontrou dificuldade, entretanto, levando-se em conta os dados do gráfico 03, onde apenas 33% das pessoas conheciam o que é Linux, podemos concluir, baseado nos conceitos usabilidade definidos pelos padrões de IHC (Interação Homem-Computador), que o Sistema Operacional Linux é de fácil utilização, tal como destacado por Souza (et al., 2005).
....facilidade de uso: avalia o esforço físico e cognitivo do usuário durante o processo de interação, medindo a velocidade de e o número de erros cometidos durante a execução de uma determinada tarefa; (SOUZA et al., 2005).
Gráfico 04 - Facilidade no seu uso
Examinando a gráfico 05, a seguir, pode-se constatar que o grau de dificuldade de utilização dos softwares que acompanham o Linux foi baixo, 18%, considerando que a maioria dos usuários (77% de acordo com o gráfico 4) teve o primeiro contato com o Linux. É importante ressaltar que de acordo com o gráfico 12 citado anteriormente, 66% dos usuários encontraram extrema facilidade para realizarem as tarefas que lhe foram solicitadas, 16% encontraram alguma dificuldade, e apenas 18% demonstraram grandes dificuldades.
Gráfico 05 - Facilidade na localização dos programas
Deve-se levar em conta, ainda, a observação do gráfico 06, no qual se encontram 11% de usuários dentro da faixa dos que nunca utilizaram ou utilizam raramente um computador. Portanto sua facilidade de uso está em um nível aceitável, já que usuários sem conhecimento do mesmo conseguiram interagir com o sistema.
Gráfico 06 - Freqüência de utilização do computador
Segundo Pressman (1995), para que um sistema seja intuitivo e usual ele deve, respeitar as diferenças culturais e geográficas de cada país, transformando as interfaces em uma linguagem mais simples e intuitiva tendo como conseqüência uma melhor adaptação aos usuários. Essa afirmação pode ser ratificada, uma vez que a distribuição utilizada (Kurumin) é nativa do país dos usuários pesquisados, ou seja, foi desenvolvido por brasileiros, permitindo que sejam respeitadas as diferenças culturais e regionais, o que, por sua vez, possibilitou um diálogo homem-computador mais eficiente, permitindo que as mensagens apresentadas ao longo da interação com o usuário fossem bem definidas, organizadas e estruturadas, contribuindo para elevar o seu grau de satisfação.
A partir da observação da figura abaixo é possível verificar a linguagem utilizada, interpretada pelos usuários pesquisados como amigável e simples de serem compreendidas. Para cada botão existe uma explicação clara e objetiva, o que contribui para elevar o nível de segurança do usuário, diminuindo assim o índice de resistência e "medo" na sua utilização.
Um ponto importante observado é a reação dos usuários ao utilizarem o Kurumin Linux pela primeira vez. Nesse sentido, verificamos que o seu personagem, "um pingüim abrasileirado", cativou todos os usuários dos mais diversos níveis de idade. Isto também foi comprovado quando o quesito "cor" foi avaliado. A partir das respostas dos usuários, analisadas no gráfico 07, abaixo, pode-se verificar que 93% dos usuários aprovaram sua definição de cores e gráficos, sendo que apenas 2% o reprovaram, dado estatístico irrelevante em termos percentuais de análises de opinião. O restante respondeu que às vezes as cores são agradáveis.
Gráfico 07 - Cores da interface Linux
De acordo com Rocha (2000), "sistema precisa falar a linguagem do usuário, com palavras, frases e conceitos familiares ao usuário, ao invés de termos orientados ao sistema. Seguir convenções do mundo real, fazendo com que a informação apareça numa ordem natural e lógica".
O fato da maioria dos usuários pesquisados apresentarem conhecimentos prévios acerca de softwares com funções análogas às do Linux, colaborou para a transferência de conhecimentos daqueles para o novo contexto, dos softwares do Linux. Isso é comprovado a partir da análise do gráfico 08, abaixo, que demonstra os conhecimentos de mundo trazidos consigo pelos usuários. Esse foi o ponto de partida desta pesquisa, a partir do qual pretendíamos medir o conhecimento de mundo dos usuários, procurando verificar até que ponto a familiaridade com o conhecimento adquirido a priori poderia ser aplicado ao sistema operacional Linux.
Os resultados demonstraram que 10% utilizam software para envio de e-mail, 5% editor de planilhas eletrônicas, 22% editor de textos, 29% navegadores de internet, 10% editor de apresentação de slides e 24% Mensageiros instantâneos. Tais dados, conjugados com a observação direta do comportamento dos usuários ao interagirem com o Linux, comprovam que este conhecimento adquirido pode-se ser aplicado nos softwares livres sem dificuldades, visto que a similaridade entre os mesmos é grande.
Gráfico 08 - Sistemas utilizados no computador
Os dados apresentados no gráfico 09, referem-se a questões específicas relacionadas a informações sobre o estado do sistema. A partir de sua avaliação, observamos que os usuários compreenderam seus princípios gerais, conseguindo relaciona-los ao conhecimento prévio do "mundo real", pois apenas 5% reprovaram sua estrutura de janelas, iconografia, barras de rodapé, etc.
Gráfico 09 - Barras e janelas da interface
Isso se deve ao fato do Linux utilizar representações pictóricas (gráficas) do cotidiano dos usuários. Entende-se melhor seu índice de aprovação, devido ao fato do mesmo utilizar comparações com o mundo real, tais como placas de transito, cores do semáforo, e objetos utilizados no cotidiano como calculadoras, som, computadores, etc podendo ser feita a similaridade entre eles, fazendo com que o usuário alcance seus objetivos sem traumas.
A síntese geral das análises até agora apresentadas nos permite inferir que, a despeito das várias discussões em curso, consensuais ou contraditórias em relação ao Linux, este, no nosso entender é o que define o maior grau de usabilidade, de acordo com os parâmetros considerados nesta pesquisa.