Diante de tantas distribuições disponíveis, é normal o usuário de
GNU/Linux ficar em dúvida sobre qual distribuição deve escolher. Este artigo não é uma ajuda para
quem sofre de
crise de distro, e sim, uma ajuda para quem está em busca da distribuição ideal
para sua realidade.
O artigo destina-se a usuários domésticos, não profissionais.
Veremos alguns pontos essenciais que devem ser levados em consideração antes de escolhermos uma distribuição.
São eles:
- Compatibilidade com o processador
- Estabilidade
- Modernidade
- Documentação
- Repositório
- Facilidade de uso
- Ambiente gráfico
Ao final do artigo, disponibilizo links para as distribuições citadas.
* Aviso: as distribuições aqui citadas, são algumas com as quais tive mais contato, mesmo que por alto, e por isso, é claro que deixei de fora MUITAS outras. Por
isso, o artigo pode ser injusto com algumas distribuições. Trata-se menos de uma análise e mais de um compartilhamento de experiência. Por favor, se acharem que
cometi alguma injustiça grave com alguma distribuição (seja citando ou deixando de citá-la), deixe um comentário como contribuição. Obrigado pela atenção.
Alguns pontos que devemos levar em consideração na escolha de uma distribuição:
1.
Compatibilidade com o processador
Seria interessante saber qual é o seu processador, não é mesmo?
Para saber o seu procesador, no Windows, pode usar o programa
CPU-Z [http://www.cpuid.com/softwares/cpu-z.html] ou então,
clique em Iniciar -> Botão direito em "Meu Computador" -> Propriedades.
E no GNU/Linux, basta executar:
uname -p
Mas, o que realmente interessa, é saber em que categoria de arquitetura o seu processador se encontra. Pois é assim que as distribuições apresentam sua
compatibilidade.
Como saber isso?
No caso do Windows, execute:
>
cmd.exe /k echo %processor_architecture%
No caso do GNU/Linux, execute:
uname -m
Anote mentalmente o tipo da arquitetura do seu processador. Isso pode ajudar em sua escolha de distribuição. Você pode instalar, em computadores x86_64,
qualquer imagem de distribuição GNU/Linux
x86_64 ou
x86. Mas em computadores
x86, você não pode instalar uma imagem de distribuição
x86_64, não funciona.
Embora cada vez mais raras, ainda existem distribuições que não suportam arquitetura
x86_64. Por isso, antes de baixar uma
distribuição, leia um pouco sobre ela e sua compatibilidade com processadores.
Por exemplo, a distribuição
Arch Linux é compatível com
x86_64, mas não é com
x86 e
sim com
i686. Também a distribuição
CRUX só é compatível com
x86_64, apenas.
2.
Estabilidade
Algumas distribuições se destacam por serem consideradas muito estáveis e exaustivamente testadas. Isso significa que o sistema tem menos chances de apresentar
defeito. Dentre estas distribuições, algumas que se destacam são:
- Debian estável
- Slackware
- CentOS
Pensei em adicionar
Ubuntu LTS também, mas não seria justo. Ubuntu LTS não é necessariamente estável, principalmente se for recente. Versões LTS
do Ubuntu mais estáveis são as versões mais antigas, que ainda recebem atualização.
Explico: hoje, a versão LTS atual do Ubuntu é 14.04, mas a versão 12.04 ainda recebe atualizações. Não considero a versão 14.04 tão estável como a 12.04, que já
recebeu a maioria das correções possíveis. De fato, ao utilizar Ubuntu 14.04 recentemente, me deparei com janelas de envio de relatório de erros, "a lá Windows XP".
Distribuições que tem por base uma distribuição estável, também podem ser consideradas estáveis. Dentre as baseadas em
Slackware, temos as
famosas: Salix OS e Zenwalk. Dentre as baseadas em Debian estável temos, por exemplo,
CrunchBang e
Kwheezy.
Dentre as baseadas em Ubuntu LTS, temos
Linux Mint e
Elementary OS, como exemplos.
É bom saber se determinada distribuição tem como base alguma distribuição estável, caso queira levar esse aspecto em consideração na escolha de uma distribuição.
3.
Modernidade
Uma das características mais marcantes de algumas distribuições é sua "modernidade", isto é, se ela possui pacotes novinhos, as últimas versões disponíveis dos
programas. Normalmente, isso também indica que são pacotes, possivelmente, menos estáveis.
Dentre as distribuições com foco em novidades, destacam-se:
- Fedora
- Arch Linux
- Gentoo
- Funtoo
- Debian instável
Aqui, um site que mostra um ranking de algumas distribuições e seu grau de modernidade:
O ranking está dividido entre versões atuais (current) e versões vindouras (future), que inclui versões testing, unstable, beta, etc.
Seria bom termos modernidade e estabilidade, infelizmente, as distribuições que tem os softwares mais novos costumam ser menos estáveis e tem maiores chances
de apresentar problemas.
Usuários entusiastas, que gostam de novidades e não se importam muito com problemas (pois sabem resolvê-los), usam distribuições como:
Fedora, Arch
Linux, Funtoo, Gentoo, Debian Unstable.
Há muito tempo que vejo a distribuição Arch Linux no topo das mais modernas, seguido de perto pelo Fedora. No entanto, Fedora tem suporte a um número maior de
arquiteturas, o que torna a atualização mais lenta. E veja o caso de Gentoo, que tem suporte a mais arquitetura que todas as outras distribuições (empatando apenas
com Debian, mas Debian nunca se destacou por ser moderna).
Usuários que ficam no meio termo entre estabilidade e novidades, se dão bem com:
Ubuntu (atual ou LTS recente),
Linux Mint, openSUSE, Debian
testing, Mageia.
4.
Documentação
Com "documentação", eu me refiro a quantidade de fóruns, Wikis, tutoriais e qualquer coisa online que possa ajudar o usuário a usar a distribuição, resolver
problemas, etc. Algumas distribuições se destacam por terem uma qualidade excelente de documentação.
São elas:
A página Wiki do Gentoo destaca-se pela organização e quantidade de informação:
Apesar de ser voltada para Gentoo, possui informações úteis e explicativas para qualquer pessoa que queira aprender mais a fundo sobre um determinado assunto.
A página wiki do Arch Linux é tão boa, atualizada e rica, que serve para muitos usuários, inclusive para quem não usa Arch Linux:
Mas, o melhor conteúdo do Arch Linux também está em inglês.
Agora, se estamos falando em qualidade de documentação, uma que PRECISA ser bem detalhada é a documentação da distribuição LFS (Linux From Scratch), pois o
usuário vai seguir a documentação para criar o sistema do zero:
Mas, não é uma documentação muito mastigada (para alguns, pois para outros pode ser mamão com açúcar).
Em termos de quantidade de documentação, e não necessariamente qualidade, se destacam:
- Arch Linux
- Gentoo
- Ubuntu
- Fedora
- Debian
- Slackware
- openSUSE
Distribuições baseadas em uma distribuição que tem boa documentação, herda também a documentação da distro-mãe. Exemplo, quem usa
Funtoo
pode se aproveitar da documentação do Gentoo, e quem usa
Linux Mint pode se aproveitar da documentação do
Ubuntu.
Se você sente necessidade de ter muita documentação, leve essa informação em conta.
5.
Repositórios
Algumas distribuições têm repositórios grandes. O que isso significa? Significa que o usuário estará muito bem servido de programas disponíveis nos repositórios
oficiais da distribuição, não sendo muito necessário usar repositórios de terceiros.
Nesse caso o troféu, a meu ver, deveria ir para
Linux Mint, que herda tudo do
Ubuntu, que por sua vez, herda tudo do
Debian, todos os pacotes e mais alguns.
De resto, todas as outras distribuições mais famosas, com exceção de
Slackware, tem repositórios bons o suficiente. Slackware, pela minha experiência,
exige o uso de repositórios de terceiros, se não quiser compilar programas que não estão no repositório oficial. Slackware é o pior, neste ponto.
Pacotes binários no formato RPM (RPM Package Manager) e DEB (Debian package) são os mais comuns, mais fáceis de encontrar fora dos repositórios oficiais.
Essa informação pode ser útil, se você quer ter facilidade em encontrar pacotes binários. Distribuições que usam pacotes RPM são
Fedora (e suas
derivadas) e
CentOS. Distribuições que usam pacotes DEB são
Debian e
Ubuntu e suas respectivas derivadas.
6.
Facilidade de uso
Esse é outro ponto interessante. Se você faz questão de usar uma distribuição fácil de instalar e manter, completa e pronta para uso (out of the box), considere as
seguintes:
- Linux Mint
- Ubuntu
- Mageia
- PCLinuxOS
- openSUSE
Há poucos anos, não existia distribuição mais fácil que Ubuntu, que era um Debian mastigado, até que surgiu Linux Mint, um Ubuntu um pouco mais mastigado.
Qualquer distribuição baseada em Ubuntu, pode ser considerada fácil de usar, o que, além de incluir Linux Mint, inclui outras como Elementary OS e
Deepin.
Não incluí Fedora na lista, mas Fedora com o pacote
EasyLife ou
Fedy, se torna muito fácil de configurar.
Distribuições que podem ser classificadas como difíceis, mas tem a praticidade de terem pacotes binários são:
Arch Linux, Sabayon e
Slackware.
Distribuições que podem ser classificadas como difíceis, e são de compilação:
Sabayon, Gentoo, Funtoo, Lunar, Sorcerer, Source Mage, Exherbo.
* Sim, Sabayon aparece nas duas listas e eu não eu incluí LFS, pois considero essa a mais difícil, fora da classificação normal.
Na próxima página, veremos algo sobre ambientes gráficos.