Como já dito anteriormente, o processo de extração grava as faixas do CD em arquivo utilizando um formato sem compressão, que ocupa muito espaço em disco. Para você se situar, uma música de 4 minutos em formato WAV PCM (16 bits, 44.1 Khz, 2 canais) ocupa 40,37 MB, ao passo que em formato FLAC (formato de alta fidelidade, sem perdas) a mesma música ocuparia cerca de 20 MB e, em MP3 ou Ogg Vorbis de alta qualidade (192 Kbps), ocuparia apenas 5,62 MB.
O Grip pode utilizar qualquer codificador de áudio que você tenha instalado no seu computador. Nesse artigo tratarei apenas da configuração dos principais: MP3, Ogg Vorbis e FLAC.
Configurando o codificador MP3
Para acessar as configurações de codificação, vá atá a aba 'Encode', como na figura abaixo.
Você deve selecionar o codificador que quer utilizar na caixa 'Codificador'. Para codificar para MP3, selecione o 'lame'.
O lame é o executável do projeto LAME (LAME Ain't an MP3 Encoder). Ele é utilizado para gerar arquivos compatíveis com o padrão MP3, mas utilizando um algoritmo completamente diferente do codificador de MP3 padrão, desenvolvido pelo laboratório Fraunhofer. Dessa forma, os arquivos gerados pelo LAME são reconhecidos normalmente pelos players de MP3, mas não são MP3!
Ficou confuso? Tudo bem, isso não tem lá muita importância. Basta você saber que o lame é o melhor codificador de arquivos compatíveis com MP3 que existe (melhor até mesmo que o codificador oficial da Fraunhofer :-D), e o melhor de tudo, é livre.
As configurações de codificação que serão utilizadas devem ser digitadas na caixa 'Encoder command-line'. Você deve digitar os parâmetros de linha de comando do codificador, e é aí que está a complexidade do Grip. Se você não for um maníaco por terminal, desses que gosta de texto branco sobre tela preta, dificilmente vai saber o que digitar aqui, optando por utilizar a configuração padrão do Grip, que, honestamente, não é boa :-/.
"Palma, palma, não priemos cânico"! Eu fiz uma seleção das linhas de comando para utilizar alguns dos melhores modos de codificação de músicas com o lame. "Não contavam com minha astúcia" :-P.
- -V 2 -b 96 -B 224 -F %w %m: padrão R3Mix (VBR qualidade 2, bitrate mínimo 96 Kbps, máximo 224 Kbps). O R3Mix é uma configuração considerada por vários experts em codificação para MP3 como a que consegue o menor tamanho de arquivo mantendo alta qualidade de som;
- -V 2 --abr 192 -F %w %m: bitrate variável (VBR) qualidade 2, bitrate médio (ABR) 192 Kbps. Esse ajuste é uma variação do R3Mix. A qualidade da codificação será maior, e o tamanho do arquivo gerado também;
- -h --abr %b -F %w %m: bitrate médio (ABR) definido pela variável %b. O tamanho do arquivo será o mesmo de um arquivo que utilize o mesmo bitrate fixo (CBR), mas a qualidade será maior;
- -V 0 -F %w %m: bitrate variável (VBR) ajustado para máxima qualidade. Para maníacos por qualidade sonora.
Para você entender o que significam esses montes de letras, seguem a lista o significados dos parâmetros do lame acima citados:
- -h: ativa alguns recursos para aumentar a qualidade da codificação. O comportamento resultante é o mesmo de -V 2;
- -V: qualidade do bitrate variável (VBR), de 9 (pior) a 0 (maior);
- --abr: número do bitrate médio (ABR) a ser utilizado;
- -b: em conjunto com os parâmetros -V ou --abr, especifica o bitrate mínimo a ser utilizado;
- -B: em conjunto com os parâmetros -V ou --abr, especifica o bitrate máximo a ser utilizado;
- -F: utilizado para forçar o uso do bitrate mínimo nos trechos onde o nível de som for inaudível. Isso economiza alguns bits que podem ser utilizados nos trechos mais complexos que necessitem utilizar mais bits para armazenar a informação do áudio. Use com as opções -V e/ou –abr.
Configurando o codificador Ogg Vorbis
O formato Ogg Vorbis surgiu, assim como o LAME, por causa das patentes de software que envolvem o formato MP3. O que acontece é que o MP3 é um formato patenteado e o seu uso é restrito a quem tiver autorização dos detentores da patente, ou seja, se você quiser que o seu software reproduza arquivos MP3, vai ter que descolar um "jabá" pros caras da Thomson Consumer Electronics, caso contrário seu software estará infringindo a lei de patentes (nos países que permitam patenteamento de softwares, como os EUA) e seus autores estarão sujeitos a enfrentar processos por violação de patentes e tals.
Aposto que você agora entendeu porque as últimas versões de
openSUSE e
Fedora vêm de fábrica sem suporte a MP3 e outros formatos multimídia né? Até hoje os detentores da patente do formato MP3 não entraram com processos para cobrar royalties de projetos como XMMS, MPlayer e todos os demais softwares livres que suportem MP3, mas nunca se sabe...
Por isso, a fundação Xiph.org desenvolveu um algoritmo de compressão/descompressão de áudio livre, batizando-o de Vorbis. Para encapsular os arquivos comprimidos com o Vorbis escolheram o formato Ogg, igualmente livre, dando origem ao padrão Ogg Vorbis, totalmente livre.
Dessa forma, o formato Ogg Vorbis está completamente livre de patentes de software. Só esse motivo já deveria ser o suficiente pra você utilizá-lo como padrão para suas músicas. Mas se não for o bastante, aqui vai um motivo melhor ainda: o codificador Ogg Vorbis é mais rápido e mais eficiente que qualquer codificador de MP3, gerando arquivos com maior qualidade em arquivos menores.
Agora, vamos à configuração. Para codificar suas músicas para Ogg Vorbis, selecione o 'oggenc' na caixa 'Codificador', como você pode ver na figura abaixo:
A configuração da qualidade dos arquivos Ogg Vorbis é extremamente simples. Baseie-se na linha de comando abaixo:
- -o %m -a %a -l %d -t %n -d %y -G %g -q 6 %w: qualidade 6 (bitrate variável, 192 Kbps).
A qualidade 6 é o valor recomendado pelo pessoal do projeto Ogg Vorbis, e é o que eu uso aqui. Se você quiser utilizar a qualidade máxima, pode colocar -q 10. Evite usar bitrate fixo, é um desperdício de espaço em disco e geralmente compromete a qualidade final do arquivo de áudio.
Segue abaixo a descrição dos parâmetros mostrados na linha de comando acima.
- -o: nome do arquivo de saída;
- -a: nome do artista da faixa;
- -l: nome do álbum;
- -t: título do faixa;
- -d: data do álbum (ano);
- -G: gênero do álbum;
- -q: qualidade do bitrate variável, de -1 (pior) a 10 (máxima).
Configurando o codificador FLAC
O FLAC (Free Lossless Audio Codec) também é desenvolvido pela Xiph.org, a mesma criadora do Ogg Vorbis. Trata-se de um codificador de áudio do tipo lossless, ou seja, sem perdas. Ele é utilizado para codificar arquivos com absoluta fidelidade em relação ao áudio original. É o formato ideal para quem trabalha em estúdio e precisa armazenar seus arquivos de áudio sem que estes sofram qualquer tipo de perda sonora, ainda que imperceptível pelo ouvido humano.
Em virtude do alto nível de fidelidade em relação ao áudio original, os arquivos FLAC ocupam muito mais espaço em disco que os demais formatos comprimidos como MP3 e Ogg Vorbis, mas ainda assim ocupam bem menos espaço que um arquivo sem compressão.
O executável utilizado para gerar arquivos FLAC é o flac. Para codificar arquivos para esse formato, selecione a opção 'flac' na caixa 'Codificador', como visto na figura abaixo:
O flac não exige configuração adicional. Basta especificar o arquivo de entrada e o arquivo de saída e está tudo pronto. As opções pré-definidas pelo Grip são suficientes.
Opções de codificação
Existem algumas opções que são comuns para todos os codificadores. Elas estão disponíveis na aba 'Opções', como vemos na figura abaixo:
Eu considero essas opções auto-explicativas então vou passar direto para o processo de extração. "Sigam-me os bons"!