Quem usa o Linux sabe que o sistema está mais do que pronto para disputar o mercado de desktops com os sistemas proprietários. Qual seria, então, o motivo para o lento progresso na adoção do software livre?
Quem usa o Linux sabe que o sistema está mais do que pronto para disputar o mercado de desktops com os sistemas proprietários. Seja com o Gnome ou com o KDE, com o Ubuntu, Fedora, openSUSE ou Debian, há muito já se foi aquele tempo em que o Linux era um sistema para quem tinha tempo, disposição e conhecimento técnico para usá-lo. Qual seria, então, o motivo para o lento progresso na adoção do software livre?
Diversos obstáculos podem ser apontados, como, por exemplo, o custo da migração, o preconceito, a impossibilidade de rodar alguns determinados softwares proprietários, a inércia etc. Neste post quero focar em apenas um deles, que, cada vez mais, parece-me de importância central: o marketing.
A proposta do software livre contém elementos de contra-cultura e seus proponentes são, na maior parte, participantes de uma subcultura que pouco tem em comum com a cultura mais geral que permeia a sociedade capitalista globalizada. Frise-se: a comunidade do software livre não possui os mesmos valores (ao menos não em mesma ordem de prioridade) que o restante da sociedade. Isto implica em um problema fundamental na comunicação: como convencer um leigo em tecnologia, muitas vezes com pouca preocupação em manter um posicionamento ético e político, de que as liberdades de rodar, estudar, compartilhar e modificar softwares são de grande relevância? Mais do que isso, como fazer com que o movimento tenha alguma visibilidade em um mundo tão acostumado à informação mastigada, picotada, de no máximo 140 caracteres?
Considerando que somos nós que queremos subvertê-los à nossa ética, não contrário, parece evidente ser nossa a incumbência de buscar construir um diálogo em sua língua. Com isso quero implicar mais do que apenas mastigar termos técnicos como particionamento e montagem de hd, boot loader, sistema de arquivos, desktop manager etc. Com isso quero implicar que devemos gerar empatia, devemos nos apresentar como semelhantes, devemos vestir uma máscara que nos torne agradáveis, familiares.
Tudo isso começa pelos nomes. GNU/Linux, por exemplo. Os mais conscientes da história do movimento sabem que Linux, a despeito de sua importância central no sistema, é apenas o nome do kernel, um dos muitos softwares que fazem parte de um sistema operacional. Assim, chamá-lo de Linux é negar crédito a todo o restante, mais do que isto, é negar crédito àqueles que começaram a divulgar a necessidade de liberdade em matéria de software. GNU/Linux é sem dúvida uma nomenclatura muito mais fiel à história do sistema.
Isto, contudo, não implica que este deve ser o nome a ser adotado em quaisquer situações. Ao conversar com alguém que nunca ouviu falar de software livre, preocupar-se em dar ao sistema o seu nome correto, GNU/Linux, não agrega qualquer valor, sendo ainda uma péssima forma de apresentá-lo. Para o leigo GNU/Linux não quer dizer nada. Ele não sabe o que é Linux, não sabe o que é GNU, nunca ouviu falar de Richard Stallman, nem de Linus Torvalds, nem de GPL, e a palavra kernel não possui significado algum.
A dimensão disto talvez nos escape. Pense na sua tia ou no seu primo macho-alpha desmiolado. O que você acha que tem mais apelo, Mac ou GNU/Linux? O que é mais fácil de memorizar, XP ou GNewSense? Tente, então, explicar-lhes que GNU quer dizer GNU's not UNIX, que é um acrônimo recursivo. Explique o que é um acrônimo recursivo e que eles foram muito usados pelos hackers nos anos 70. Aí tente explicar o que é UNIX ou você realmente acha que Bell Laboratories, MIT, C e UNIX são parte da cultura geral e estão de mãos dadas com a Madonna? Tente então explicar que, na verdade, não existe um sistema GNU/Linux, e logo que não é possível comprá-lo, de forma que eles devem procurar por distribuições GNU/Linux, mas que existem infinitas delas, aconselhando-os a começar com algo como o openSUSE e explicando porque algumas letras estão em maiúsculas no meio do nome. Explique, então, o que é uma distribuição.
Quando tive meu primeiro contato com o movimento eu me apaixonei e todos estes detalhes me encantavam, como sei que encantaram e ainda encantarão muitos outros. Mas devemos estar cientes de que somos e sempre seremos minoria.
Toda essa miríade de informações e nomes simplesmente não tem, nem nunca terá, qualquer apelo para a grossa maior parte dos usuários. Pior do que isso, essa avalancha de informações só fará com que estes usuários encarem o sistema como algo extremamente complexo, "coisa de nerd", desenvolvendo um receio, um preconceito contra ele.
Em minha opinião esta nossa postura denota somente falta de humildade, falta de disposição para entender o outro, falta de estratégia. Nós queremos convencer a sociedade da superioridade do modelo livre, mas de tão convictos que somos desta superioridade, queremos que a sociedade se curve aos nossos valores e queremos isto desde o primeiro contato. Somos, então, constantemente derrotados por aqueles que, ao invés de tentar mudar os valores da sociedade, manipulam as disposições e desejos humanos mais primitivos em seu favor. Depois de uma hora discorrendo sobre a importância ética da adoção do software livre, chore ao ver o seu primo comprar um iPhone pelo simples fato de que ele é "descolado".
Branding, marketing.
Se queremos chamar a atenção, temos que descer dos tamancos e jogar cartas com malícia, devemos nos tornar desejáveis, devemos parecer iguais; ao invés de confrontar devemos cooptar. Esta é a razão pela qual eu, apesar de ser um usuário Debian convicto, instalo Ubuntu quando me pedem. Instalo Ubuntu e não explico que o nome tem um significado em uma língua africana. Instalo Ubuntu e não explico que é software livre. Instalo Ubuntu e não explico que é uma distro Linux. Ubuntu é uma palavra simples, "marketável". O Ubuntu tem um site bonito e trata os usuários como se fossem crianças. Instalo o Ubuntu, ajusto o Compiz e digo apenas: "não é legal?" É somente isso que vai interessar a maior parte dos usuários de desktop. Shinny.
Isto não quer dizer que nunca mencionarei a questão da liberdade. Quer dizer apenas que aquele não é o momento. A maior parte das pessoas é avessa a migrar para um novo sistema. Veja o caso do Vista. Muita gente ainda hoje usa o XP e muita gente vai continuar usando. Para que o usuário decida reinstalar seu sistema operacional ele precisa sentir a necessidade de fazê-lo e ainda assim será um momento de insegurança e dúvida. O que ele precisa neste momento é sentir que o sistema que você está propondo é fácil de usar e que é mais legal do que o que ele vem usando. É triste, mas é uma realidade que não vai mudar tão cedo, nem será diferente porque assim desejamos.
Depois que este usuário já tiver migrado e já se sentir confortável com o novo sistema, aí então é o momento da aula de história. Nesse ponto a aula de história, ainda que entedie o aluno, não vai fazer ele reinstalar o Windows, porque ele já viu o suficiente para saber que o sistema que ele está usando é melhor, mais rápido, mais seguro, mais bonito, não trava e faz tudo o que ele precisa. Nesse momento, a aula de ética, se não fizer com que ele se apaixone, ao menos não lhe trará um preconceito.
[1] Comentário enviado por vinipsmaker em 08/07/2009 - 14:27h
Eu acho que falta o X Window System 12 para que os drivers das placas de vídeo tenha um desempenho quase surreal, falta o GTK+ 3, falta o codec Theora ter a versão 1.1 (do codificador) lançada, entre outras coisas pequenas.
Mas o Windows é o mais usado e tem problemas bem mais imperdoáveis, então não vejo problema que impeça o uso do Linux.
[2] Comentário enviado por nicolo em 08/07/2009 - 14:56h
"....ubuntu...um site bonito.....trata os usuários como criança" Genial. Escrevi um artigo tentando dizer isso "Porque o Linux é difícil" e não consegui me fazer entender.
Senhores Profissionais da informática: Decorem esse artigo, ele é a sua bíblia para a sobrevivência futura.
Genial, Genial nota mil.
É isso... a cultura da massa que paga, que dá Ipobe, que traz patrocínio e clientes é outra; é outra, e não adianta dar murro em ponta de faca
É isso, é isso mesmo.
Parabéns.
[4] Comentário enviado por oliveiraugusto em 08/07/2009 - 16:46h
concordo plenamente...la na faculdade (faço fatec aqui em Botucatu-SP) estou fazendo meu tcc em Linux e, no questionário que estou fazendo, muita gente respondeu que não usa Linux porque é muito difícil, mais na verdade ela nunca mexeu...alguem disse pra ela que é coisa de nerd usar! temos que começar a quebrar mesmo essa coisa de que Linux é coisa só de nerd e movimentar-nos para que o software livre comece a ganhar o espaço que podemos conquistar(e ate com muita facilidade...afinal de contas, se o usuário leigo consegue usar softwares proprietários com bugs e mal feitos...como não ira conseguir, com um bom marketing claro, migrar para uma plataforma mais enxuta, limpa e com muita gente disposta a judar?)
[5] Comentário enviado por stremer em 08/07/2009 - 18:03h
ai... ai ... ai...
denovo... denovo.... denovo....
volta a falar... o problema do linux não é o linux... não é marketing.... não é meia duzia de aplicativos....
mas sim milhares de aplicativos que existem SOMENTE para windows.... são INFINITAMENTE SUPERIORES.... precisam ser PRATICAMENTE REESCRITOS caso a empresa se interesse em fazer uma versão para linux, não tem concorrente a altura.... e as pessoas DEPENDEM DESTES APLICATIVOS no dia a dia...
Talvez se o Google realmente investir forte no WINE e torna-lo uma plataforma de qualidade para executar aplicativos windows no Linux com qualidade, performance, etc etc etc... a coisa comece a mudar no que se chama de DESKTOP!!! pois o legado de aplicativos é grande.... e reescreve-los não é simples...
[6] Comentário enviado por Teixeira em 08/07/2009 - 20:15h
O problema é marketing, sim, em parte. Se é que é realmente um problema.
Diria eu, até de merchandising e não de marketing em si.
Os usuários Linux não estão - nem estarão tão cedo - organizados para combater um produto consolidado no mercado, simplesmnte porque não há um outro produto para concorrência direta, e sim centenas e centenas de subprodutos (as distros) diferentes entre si, cada qual com suas características próprias, e cada grupo puxando a brasa para a própria sardinha.
Na hipótese de o Linux ser um produto único e comercializado, seus supostos proprietários saberiam por certo fazê-lo competir passo a passo com qualquer outro sistema proprietário, e todos nós sabemos que ele se daria muito bem nesse mister.
Nós os linuxistas - generalizando um pouco - somos como que os praticantes de 'hot-rodding", que fazem automóveis colossais em desempenho, mas que o usuário comum não tem a mínima chance de sequer chegar perto.
Pelo menos é assim que PARECEMOS sob o ponto de vista daqueles que não fazem parte de nosso grupo.
Não me importo que o Linux seja visto de forma distorcida por outras pessoas.
Eu o uso e o considero bom, aceitável, elogiável em determinados aspactos, seguro, etc.
Acho que tem suas vantagens e também desvantagens em relação aos demais sistemas operacionais.
No frigir dos ovos, sou fã de carteirinha do Linux.
No entanto, rendo-me à superioridade de alguns aplicativos "for Windows" como é o caso do inigualável AutoCAD.
Uma coisa porém me preocupa:
Nessa história toda de marketing, merchandising, consumismo, etc, existe uma presença maléfica, a do CONSUMERISMO (considerado a vergonha do marketing) e que é o consumismo extremado das coisas que não são rigorosamente necessárias.
É o tal consumerismo que nos obriga a literalmente trocar de hardware simplesmente porque alguém lançou uma tecnologia que torna totalmente obsoleto e inútil todo o nosso investimento anterior.
Quanto a reescrever os códigos, não vejo problema algum, desde que haja boa vontade para tal. Ferramentas é o que não falta hoje em dia.
Meu amigo Mario Rodrigues escrevia todos os seus programas de gerenciamento em Assembly, Cobol, Basic, Clipper e Mumps e ganhava um bom dinheiro com isso.
Tinha exatamente os mesmos programas em cada uma dessas linguagens, e os implantava de acordo com a personalidade/necessidade do cliente.
Se ele fosse comodista ficaria numa só, não é mesmo?
Se alguém já tentou migram um programa de Assembly para Cobol - por exemplo - sabe que essa tarefa não é o que se pode chamar de "fácil".
Porém, desde que se saiba o que se está fazendo. as dificuldades deixam de existir.
Dessa forma, o Linux deixa de ser "difícil", na mesma proporção em que "o outro" deixa de ser considerado "fácil".
[7] Comentário enviado por paulorvojr em 08/07/2009 - 22:05h
Faço minhas palavras as do stremer,
a história não é quem esta preparado, quem é melhor, marketing? afeta 1%, pessoas são comodistas, para linux ser usado ele tem que se mostrar mais proveitoso
exemplo mole, 90% dos usuários leigos, gostam de que? MSN - e vamo la baixar o windows live messenger
Ah quero linux, beleza temos dezenas de programas que integram, mas sempre vão usar o que? MSN, @hotmail.com, e o skin os que tentam copiar erram, então esquece, usuário leigo não vai usar linux para MSN, vai gostar do bom e velho XP.
O final faço minhas palavras do Teixeira,
Gostamos de fazer MEGA ULTRA INCREDIBLE SERVERS, que nenhum mortal vai mexer, ontem mesmo criei um com 67 serviços, pra que? ah sei la, deu vontade.
e concluindo,
Perai, fabricantes tem drivers pra windows que é uma beleza, vai pegar uma plaquinha novinha e instalar no mais XP de todos o UBUNTU, lembre-se o usuário é leigo, ele so quer botar o cd e instalar.....acordem..... apt-get? modprobe? ldconfig? make?
[8] Comentário enviado por nicolo em 09/07/2009 - 10:08h
Essa idéia de que falta aplicativo para linux é uma inversão do tempo. Se não for popular nenhum defunto vai fazer aplicativo empresarial.
Todos os aplicativos soho já existem no linux. O que ainda não existem são aplicativos especializados que são exclusivamente para windows.
Não há como software houses fazer produto para os 4% do mercado, ou para um sistema operacional desconhecido da massa.
Entre uma versão linux do super CAD 3 D ou do programa de cálculo de estruturas de elementos finitos, ou de movimentos lunáticos no dominio do tempo,
ou do superbanco de dados GW$ , a versão windows será sempre a preferida.
Há dois casos de software comprados pela empresa que trabalho, um mega banco de dados e um especializado em CAD suprasumo que NÃO FORAM
FEITOS PARA WINDOWS. Um deles nitidamente tem origem o VMS, e o outro de MainFrame. Os dois foram adquiridos para versão windows e
são uma bosta no windows, mas a galera da geral só conhece windows e a empresa comprou para windows.
Se o sistema operacional fosse o linux essas duas porcarias caríssimas teriam migrado para linux e não para windows.
OU o Linux ganha a massa ou vai voltar para o laboratório de onde tenta sair.
E não sou profissional de informática, sou o usuário Altamente especializado no uso dos tais software, que não conseguiria defender a versão linux
diante da primeira pregunta do diretor.
Quantos dos nossos sabe usar linux?
Sr diretor só eu e um outro maluco lá da sessão de prego torto.
E isso são fatos da vida real e não dos bits e bytes autistas.
[10] Comentário enviado por agk em 09/07/2009 - 15:18h
Já ganham o software, agora querem também ser bajulados por marketing, amanhã vão querer ser pagos para usar Software livre.
Tenham em mente uma coisa, ninguém é obrigado a usar, o software é livre e você usa por sua livre e espontâneo vontade, eu uso porque pra mim é melhor em vários quesitos que o "outro" não atende.
Cada um é responsável por suas decisões, não queiram culpar quem colabora, quem faz e desenvolve, culpem os "preguiçosos" que não querem aprender, culpem os "muquiranas" que não querem investir em conhecimento.
[11] Comentário enviado por iguito em 09/07/2009 - 16:05h
Nossa! Que baita artigo! Excelente artigo! Parabéns!
Há tempos que venho falando com os meus colegas exatamente isso que você escreveu neste artigo. Não vou escrever muita coisa aqui porque ficaria repetitivo, pois acho que tanto no artigo quanto nos comentários acima já foi dito quase tudo o que eu tenho para dizer.
Mas a questão é: mesmo eu não sendo usuário do Ubuntu, indico-o e se me pedirem, instalo-o. Não falo às pessoas sobre software livre, Linus Torvalds, Richard Stallmann, GNU, distribuições, pacotes, etc. Apenas mostro o Ubuntu como sendo uma alternativa fácil de usar em relação ao Windows.
[12] Comentário enviado por augustouser em 10/07/2009 - 12:22h
Perfeito o tópico. Concordei com absolutamente todas as linhas que li.
E acrescento apenas que o Ubuntu é/será de fato o principal responsável por essa guinada dos sistemas GNU/Linux, jutamente com o Google que, se confirmar seu sistema baseado em Linux para o ano que vem, vai derrubar gigantes...
Quanto à questão dos aplicativos, estou com o Teixeira e não acho que é/será um problema para o avanço do software livre. Meramente uma questão de adaptação por parte de quem cria.
Ps: se o cara for analisar, instalar por exemplo um dos softwares mais usados no mundo (messenger) é muito mais simples no Linux: na maioria das distros basta um comando "sudo apt-getinstall amsn" ou "urpmi amsn" ou algo parecido e fim de papo. São 7 MB.
O "poderoso" windows live hoje em dia é uma tremenda novela pra instalar, fora que são mais de 20 MB de um download extremamente demorado.
[14] Comentário enviado por Teixeira em 11/07/2009 - 12:30h
Não nos esqueçamos de que essa história de "custos de implantação" na migração Windows/Linux pode - na maioria das vezes - ser apenas conversa fiada.
Porventura não houve mudanças entre o Windows 3.x e o Windows 95 que geraram PESADOS custos de aprendizado e/ou implantação?
Ou quando algum "inteligente" instalou o Windows 2000 numa rede que rodava software escrito em Clipper Summer '87?
Será que não houve ALTOS custos envolvendo esse processo? Será que não houve SÉRIAS perdas?
E por que mudamos (tradução: mexemos no time que estava ganhando)?
Merchandising, meus amigos, merchandising!
Não sou partidário de ficarmos parados no tempo e de desprezarmos as novidades tecnológicas sem uma razão plausível.
Mas, aqui para nós:
Será que não tem muitos empresários arrependidos de terem saído do velho DOS, ou do Windows 3.x, ou do 9x, ou do XP apenas porque alguém ACHOU que seria melhor (ou pelo menos estaria na moda)?
A verdade é que não precisamos de supermáquinas para editar nossa corespondência, gerenciar nossos emails ou fazer nossas planilhas, mesmo que avançadas.
O AutoCAD, o Corel Draw!, o Photoshop já funcionavam - e bem - nos jurássicos 486 da vida (claro, nas versões para 486).
E também nessa época já tínhamos acesso a impressoras a jato de tinta, laser, a sublimação de cera, etc.
Muito desse investimento ficou irremediavelmente perdido porque trocamos de hardware, na ilusão de alguma melhoria.
A bem da verdade, melhorou alguma coisa, mas a meu ver não se justifica a perda de investimento.
Para o usuário doméstico, pode ser que o que estou afirmando não faça o mínimo sentido, porém para uso corporativo a coisa é bem diferente.
Sou do tempo em que "uso corporativo" não incluía necessariamente a atual "necessidade" de baixar vídeos, mp3, jogar CS ou GTA ou LBE ("limpa o bolso do empresário").
E corrijam-me se eu estiver errado: Muito software de gerenciamento que custou altas somas há alguns anos atrás - e que não falavam mal de ninguém - foram literalmente para o lixo, porque nossas atuais supermáquinas não os suportam mais.
Merchandising, meus amigos, merchandising!
[15] Comentário enviado por alevian em 12/07/2009 - 13:03h
Senhores,
Retornei ao VIVAOLINUX para saber se o pessoal daqui teria, por acaso, algumas alternativas em provedores de linha discada, números de acesso, etc.
Não encontrei o que queria, mas li este artigo e aproveito para registrar minha experiência que, de certa forma, ilustra até que ponto o "problema" seria "de Marketing".
Há aproximadamente dois anos, uso Linux. Pouco sei de termos técnicos. Fui ao Carrefour, comprei uma maquininha HP por pouco mais de R$600,00 com o Mandriva 2007 instalado e passei usá-lo.
O Linux não se desenvolve aqui no Brasil por falta de vontade dos empresários, dos usuários e também da comunidade.
É inegável que grandes redes como Casas Bahia e Grupo Pão de Açucar colocam boa parte dos computadores nos domicílios do povão. O programa "Computador Para Todos", do Governo Federal, foi infrutífero.
Os fabricantes não se interessaram por ele, muito menos os lojistas. Querem ganhar dinheiro fácil; não são motivados a treinar equipe de vendas e suporte. Por isso fazem parceria com a POSITIVO ou com outros grandes montadores, que só usam o Windows.
Não é falta de ética comprar o outro sistema. E vejam que nem estou abordando problemas como "Santa Efigênia" e pirataria.
Quais são as dificuldades do iniciante?
- configurar o KPPP;
- configurar impressora ou "mouse";
- atualizar navegadores e a própria distribuição;
- etc, etc, etc;
Minha Epson C92 tá rodando, mas sem as vantagens do "software", que possibilitaria ver o nível de tinta e/ou escolher entre modo econômico ou de impressão mais aprimorada, mas que SÓ RODA NO WINDOWS.
Acabo de ter problema com o "mouse" - como minha versão do Mandriva pouco tem de "plug & play", o simples mortal fica a se debater.
Se tentar contratar, por exemplo, um sistema 3G (Claro, Tim, Oi ou VIVO) não terei destas empresas nenhum apoio para a utilização do Linux. Colocam como pré-requisito ter o "outro sistema".
E, nós, leigos, que queremos apenas que programas FUNCIONEM em nossas máquinas - que não queremos nos tornar GRANDES ESTUDIOSOS DE LINUX nem MODIFICAR softwares - ficamos a depender DE UM ALTO GRAU DE NOSSA PRÓPRIA BOA VONTADE e de informações dos fóruns, dos "sites" especializados, etc.
Só que tanto aqui como no "brlinux", por exemplo, encontramos muitos e muitos artigos com uma série de termos técnicos, de pouca utilidade para os usuários comuns.
Acredito, pois, que os "sites", os foruns e as comunidades deveriam ter uma PARTE ESPECIAL, até com MAIOR DESTAQUE DO QUE TODAS AS OUTRAS, dedicada ao be-a-bá, que deveria ser REGADA TODO DIA.
Mais do que isto, uma "campanha de Marketing" efetiva seria colocar nos bairros, especialmente os mais pobres, periodicamente gente oferecendo SUPORTE GRATUITO para instalação, atualização, etc.
Do contrário, parece ser uma contra cultura, mas ainda com o principal traço da cultura vigente: o conhecimento só é repassado mediante vantagem financeira / remuneração. Ou seja, o mesmo pensamento do governo, do fabricante e dos lojistas.
Se no Brasil a maioria esmagadora das máquinas rodassem com sistema LIVRES e GRATUITOS, economizaríamos milhões ou bilhões, que poderíamos destinar a outras necessidades de nosso povo tão carente.
Mas a quem, de fato, isto interessa?
E a quem NÃO INTERESSSA?
Quem tomará nas mãos este projeto?
Ainda não desisti. Vou comprar um novo HD, tentar instalar o UBUNTU, já que não sei fazer o DUAL BOOT, apesar de já ter comprado até o livrinho do Morimoto e de ter tentado...
Quem sabe com o Ubuntu eu receba um FIREFOX 3, que me permita entrar em "sites" que com meu Mandriva 2007 (Firefox 1.5) hoje não entro...
Quem sabe o Ubuntu tenha um pouco mais de "plug & play" e seja mais fácil atualizar...
E quem sabe também se este depoimento, que certamente será tomado por alguns como de um "preguiçoso", mas que nada mais é do que um atutêntico usuário comum do LINUX, possa ecoar na mente do autor do texto, do administrador desta comunidade e de outros participantes, ao mesmo tempo em que procuro evoluir, lendo o que aqui se publica.
[16] Comentário enviado por Teixeira em 12/07/2009 - 21:14h
Pode até parecer ironia, mas uma das lojas que você citou vende Windows, aconselha Windows, elogia o Windows, e no entanto o sistema operacional que sustenta todas as suas lojas no Brasil inteiro - sem dar pau - é o... Linux!
Concordo em que haja certas dificuldades para alguns novatos (e para muitos que se intitulam "técnicos"), mas essas dificuldades também existem em outros sistemas operacionais.
Quem já experimentou colocar o microfone para funcionar no MSN ou no VOIP e ele não funcionou "nem a pau Juvenal"?
Porventura foi o suporte da MS quem deu a solução?
E em quanto tempo se instala o XP ou o Vista (apenas o que é mais básico)?
Falta realmente boa vontade em ensinar, em recomendar, em implantar o Linux.
Como não existem valores $$$ envolvidos, não há comissionamento. E num sistema capitalista corrupto, nada funciona sem o tal IPI (Incenyivo à Participação de Intermediários, ou seja, grana por fora).
O que considero um grave problema no Linux (sob o ponto de vista de um novato) é exatamente a excessiva diversidade de distribuições, um monte baseado nesta, outro monte baseado naquela, sem um padrão definido.
Enquanto isso, o Windows tem um padrão definido. Proprietário, porém definido.
Deveríamos poder entrar em TODOS os sites, e qualquer sistema operacional, e qualquer browser, deveriam permitir-nos isso.
Somos impedidos porém pela IMPERÍCIA dos desenvolvedores de sites que pensam que TODOS usam APENAS Windows + Intenet Explorer e que somos OBRIGADOS concomitantemente a baixar o último plugin do Flash do Java (ah, do java DA MICROSOFT, senão não funciona), do...
Tem site que demora para carregar até em banda larga...
Outros nem carregam.
Tem loja virtual que ninguém consegue acessar.
E o usuário é quem é penalizado pela burrice (ou mera conveniência) de uma meia-dúzia de "designers".
Não basta o site ser "bonito"; Ele tem de ser "eficiente". Internet é sinônimo de velocidade, praticidade, eficácia.
Mas alguns dão a ela um nome infame.
No entanto, gostaria de deixar registrado que Firefox, Seamokey, Opera, Crazy Browser, Dillo e Links2ssl tem-me permitido entrar em todos
os sites que desejo visitar, embora alguns sejam realmente penosos (leia-se Orkut e seus similares).
Quanto aos fabricantes de periféricos...
"Falta-lhes" a visão necessária para entender que aumentar suas vendas em 0,1% que seja pode significar lucro (supondo-se que os usuários Linux sejam apenas 0,1%).
Ora, considerando que eles já estão estabelecidos há muitos anos e que não desprezariam algum faturamente a mais, pois menos significativo que possa parecer o seu percentual, acho que não "falta" nada, e que a resposta talvez seja outra...
E vejam que esse 0,1% de faturamento a que me refiro seria algo MUITO superior a US$ 1,000.00.
Não conheço nenhum empresário estrangeiro que despreze esses "míseros" mil dólares a mais em seu caixa...
Mas vamos deixar os fabricantes para lá.
Eles tem as suas metas já estabelecidas, e não estão nem aí para apoiar a Apple Computer, ou o universo Linux, ou de Open Source ou qualquer coisa que não esteja vinculada à arquitetura IBM-PC + Microsoft.
Nós, do Linux e do Open Source, é que deveremos procurar saber como desenvolver um software que faça esse papel, e desenvolvê-lo em benefício da comunidade.
É assim que tem sido durante todos esses anos.