hrcerq
(usa Outra)
Enviado em 26/11/2017 - 23:17h
Respondendo sua primeira pergunta, "Seria o fim do Linux se a Microsoft deixasse de ser proprietária?", precisamos entender uma coisa: você está se referindo ao Windows especificamente ou aos produtos da Microsoft como um todo? Não vou nem considerar que esteja falando da empresa em si, porque aí nem mesmo faria sentido.
Mas enfim, considerando que esteja falando do Windows, especificamente, eu duvido que isso representaria o fim do Linux. As pessoas que optam por usar alguma distribuição do Linux dificilmente o fazem única e exclusivamente pelo fato de o código do Kernel ser aberto. Esse pode até mesmo ser um dos fatores (e o é, no meu caso), mas não o único. Essas pessoas, portanto, não optaram pelo Linux em detrimento do Windows apenas pelo fato de o código-fonte do Windows ser proprietário.
E ainda que fosse assim, veja, o Linux nasceu com seu código aberto e assim permaneceu até hoje (embora haja a questão dos blobs, mas não vou entrar no mérito), o que significa que há contribuições há anos de diversas partes. O tempo inteiro são detectados e corrigidos bugs, bem como detectadas e exploradas oportunidades de melhorias. Já o Windows, se passasse a ser de código aberto a partir de hoje... bem, podemos dizer que ainda haveria um longo caminho até que tudo fosse explorado.
Agora, se isto seria bom ou não? Eu penso que ruim certamente não seria. Mas pra ser bom, aí depende do ponto de vista. Pro usuário de Windows seria bom, afinal o sistema passaria a ser mais auditável e receberia mais contribuições. Além disso, não haveria mais Windows pirata e todos teriam acesso às atualizações de segurança. Mais contribuições viriam para o sistema, e portanto mais segurança também. Afinal, quanto mais olhos no código, mais falhas são percebidas e corrigidas.
Para a Microsoft, talvez fosse bom, talvez não. Isso dependeria muito das estratégias comerciais que resolvesse adotar. Enquanto escolher partir para o monopólio e controle absoluto, pode ter certeza que eles não vão querer falar em abrir código do Windows.
E principalmente, para agências de vigilantismo seria bem ruim. Vamos lembrar do WannaCry: falhas detectadas pela NSA no Windows relacionadas ao protocolo SMB, que não foram trazidas à tona para o público geral, até que de repente isso escapou e foi usado para fins malignos (não que pelo governo os fins fossem necessariamente benignos). Esse tipo de problema é muito mais rapidamente detectado quando o sistema tem seu código aberto. Inclusive, se fosse assim ninguém teria que esperar pelo lançamento de um patch para correção. Bastaria desenvolver o próprio patch.
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Atenciosamente,
Hugo Cerqueira