xerxeslins
(usa openSUSE)
Enviado em 03/06/2015 - 12:20h
ALERTA DE SPOILER!!!
ALERTA DE SPOILER!!!
ALERTA DE SPOILER!!!
ALERTA DE SPOILER!!!
ALERTA DE SPOILER!!!
Ex Machina, vi recentemente, e mesmo após ter assistido apenas uma única vez, me peguei lembrando de algumas cenas dias depois. Com certeza um filme marcante.
Não é uma super produção. Porém, nem todos os bons filmes precisam ser.
O pano de fundo é um clássico da ficção científica: inteligência artificial. Porém, em Ex Machina, não se trabalha a questão do "e se" e nem a questão do "será que...". A inteligência artificial já é uma realidade, despudorada.
A androide AVA é transparente, exibindo suas partes internas. Quase como se dissesse "sim, sou uma máquina". Alguns filmes gostam de tratar a questão da dúvida (se tem ou não consciência de ser uma máquina) como em Blade Runner.
Em Ex Machina não há dúvida. Ela é uma máquina, ela sabe disso, e tem inteligência. Ponto. A única dúvida que paira durante o filme é apenas sobre o quão inteligente essa máquina pode ser.
A dinâmica da relação sentimental e sen s u a l entre o homem e a máquina é contada de uma forma tão singela que não nos causa repulsa. Ao contrário do filme Automata, que nos causa muita estranheza.
A dualidade dos personagens masculinos também é bem interessante.
Caleb é o nerd típico, formal, franzino e inseguro, cujo único orgulho pessoal está no fato de se achar um bom programador. Sem namorada, solitário e consumidor de p o r n (o rosto de AVA foi criado com base nos padrões dos rostos das atrizes dos filmes p o r n que ele via). Funcionário da empresa de Nathan.
Nathan, por outro lado, é "o cara". Tem porte atlético, é confiante ao extremo, barbudo e nada formal. Não usa linguagem técnica. Anda descalço em casa, bebe muito, aprecia a natureza e parece que também aprecia a arte. Mas também é um ricaço e um gênio. É superior a Caleb em conhecimento. É dono de uma empresa equivalente ao nosso Google.
A própria natureza deles se confronta. Um fraco e um forte. Nós temos a tendência de torcer pelo fraco, por isso, no final do filme, quando o fraco consegue enganar o forte, achamos que foi merecido.
AVA não é má, não é cruel e também não é boa. Ela é apenas uma máquina inteligente e capaz de simular, dissimular e manipular. Nathan sabe disso, por isso não tem piedade dela. Mas Caleb não sabe, ele "cai" na conversa de AVA. Podemos culpar AVA? Não. Ela está lutando para ser livre, como qualquer um faria.
No final, AVA pergunta a Caleb "vai ficar?" e deixa ele. Ela vai cuidar de si mesma. Por azar, Caleb fica preso. AVA não fez aquilo de propósito. O vidro é à prova de som. Ela não consegue ouví-lo. De toda forma, ela não tem nenhuma ligação especial com ele, não tem preocupação com ele. Tudo era fingimento. Por isso ela não volta.
Interessante que para AVA, aparentemente, a sua própria "idade" não é medida em tempo. Ela diz que sua idade é "um". Não se trata de um dia, um ano, ou algo assim. Apenas um. Arrisco a dizer que, idade, na interação social, é uma medida que usamos para considerar a experiência e maturidade de outra pessoa. Mudamos muito com a idade. AVA não muda. Ela pode aprender coisas, mas não muda essencialmente. Ela é o que é. Por isso sua idade é Um. Não é um período de tempo, ela apenas existe. Por que ela disse isso ao Caleb? Não sei, mas AVA é astuta e possivelmente testou Caleb para saber se ele era manipulável.
Um detalhe que é rapidamente abordado no filme é a capacidade de coletar dados pessoais. Nathan coletou microexpressões de praticamente todo mundo pelas câmeras dos aparelhos pessoais de cada um. Sensacional. Por isso vemos, no começo do filme, o rosto de Caleb sendo analisado pela câmera de seu celular. Ele estava sendo monitorado.
Por fim, se Kyoko não fala e não entende palavras (apenas gestos e expressões), como AVA fez com que Kyoko matasse Nathan? Eu acredito que AVA usou gestos e expressões para se du zir Kyoko. Sendo assim, quando Nathan agrediu AVA, Kyoko decidiu defendê-la.
Quem viu o filme, o que achou?
Abraço!