Brasil apimenta a guerra do software livre

O Brasil está prestes a pôr fogo na guerra entre o software livre e o software comercial ao tornar o campo de batalha desfavorável à Microsoft Corp.

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Por: Alessandro de Oliveira Faria (A.K.A. CABELO) em 14/09/2003 | Blog: http://assuntonerd.com.br


Introdução



Esta notícia foi tirada do site: http://www.softwarelivre.org/.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está finalizando uma política recomendando que ministérios, agências federais e empresas estatais instalem software aberto, como o Linux, em vez de softwares patenteados, como o Windows da Microsoft, em novos computadores. Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, diz que a meta é que pelo menos 80% dos novos computadores que serão comprados pelo governo no próximo ano utilizem software de código aberto, embora isso não seja obrigatório.

O governo, incluindo estatais, é o maior consumidor de hardware e software do País e qualquer mudança em Brasília, portanto, deve ressonar pela economia. "Em nenhum momento vamos obrigar o uso de software livre. O mercado terá de escolher", diz Amadeu, que também está pressionando órgãos do governo a migrar quando possível de sistemas da Microsoft para software de código aberto em redes de computadores atuais. Mas "vamos usar o poder de compra do Estado para criar uma política tecnológica. O governo americano faz isso. Por que não podemos fazer o mesmo?", acrescenta.

O movimento de software livre no Brasil ganhou força desde que o Partido dos Trabalhadores assumiu o governo em janeiro. Alguns Estados, como Rio Grande do Sul, já aprovaram leis encorajando o uso de software livre e um projeto de lei do PT pedindo o mesmo está ganhando apoio no Congresso depois de padecer por quatro anos.

Para Amadeu e seus aliados, o software aberto é fundamental para a redução de pesadas comissões de licenciamento e a concretização da meta social do governo de dar aos brasileiros mais acesso a computadores, e dar impulso à indústria de informática do país. Há também um elemento moral. "Software livre é como remédio genérico", diz Amadeu, referindo-se à cruzada do Brasil para encontrar alternativas baratas a caros remédios contra a aids. Neste caso, no entanto, não há ameaças de violação de patentes.

Empresários do País concordam que a redução nas comissões de licenciamento e o uso de software aberto podem beneficiar um país em desenvolvimento como o Brasil. Mas, como a Microsoft, muitos dizem que o governo está encampando uma batalha ideológica que poderia ferir a indústria do software brasileira e as exportações porque a maioria das empresas desenvolve produtos e aplicativos para a plataforma da Microsoft. "É um macarthismo digital", diz Cid Torquato, diretor da Camara-e.net, associação setorial da qual a Microsoft é membro. "O governo quer regras setoriais para software que são como dizer a pessoas destras que elas têm de usar a mão esquerda".

O debate toca o coração de questionamentos sobre os oito meses de governo petista. Lula conquistou investidores céticos com prudência orçamentária e êxito na aprovação da reforma da previdência. Mesmo assim, diz John Williamsom, do Instituto de Economia Internacional, em Washington, "minha preocupação é se o Estado fará alguma coisa para suplantar o mercado em políticas microeconômicas, como uma política industrial ou regulamentação".

O Brasil não é o único país onde a Microsoft enfrenta crescente oposição por proponentes do Linux ou outros softwares abertos. Governos locais e federais estão cada vez mais interessados nos softwares livres. Na semana passada, uma autoridade do governo do Japão disse que o país vai trabalhar com Coréia do Sul e China em um software livre como alternativa ao Windows.

A Microsoft, em resposta, está intensificando o lobby com governos em todo o mundo.

O Brasil, junto com China, Índia e Rússia, é estrategicamente importante para a Microsoft. O presidente do conselho da empresa, Bill Gates, esteve entre os primeiros executivos a se reunir com Lula para discutir o desenvolvimento de software no Brasil e as prioridades do novo governo.

"Não temos nada contra a Microsoft", insiste Amadeu, que usa um laptop com o Linux. Mesmo assim, Amadeu vislumbra o governo oferecendo no futuro incentivos para que empresas brasileiras troquem a Microsoft por aplicativos de código aberto. "O modelo de software fechado não é sustentável para países em desenvolvimento", diz.

A Microsoft enfurece-se com a mudança do pensamento oficial. Luiz Moncau, diretor de marketing da firma no País, diz que, enquanto o governo anterior "permitiu que o mercado decidisse que software comprar, o atual acredita que regulamentos funcionariam melhor que autonomia". Armada de estudos de mercado, a Microsoft está tentando mostrar ao governo como softwares patenteados podem ser mais eficientes em custos que o software livre, quando os gastos com serviços estão incluídos. "É difícil fazer a mensagem ser entendida", diz Moncau.

   

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Comentários
[1] Comentário enviado por jllucca em 14/09/2003 - 12:44h

Usar "Software de codigo aberto" não influi necessariamente em se usar Linux. O governo por
exemplo pode estar encorajando de inicio o uso do OpenOffice ao invês do Office da MS que
pelo que o Arknoid me falou a licença do office é mais cara que a do proprio windows. E outra
coisa, se ocorrer uma migração de uma hora pra outra em algum lugar, certamente o pessoal dela
vai rejeitar o nosso pinguim. Em exemplo de algumas escolas do RS, alguns softwares que são
utilizados no Windows não existem similares no Linux. Ai a ordem é "Dual Boot" e acredita o que
o pessoal mais utiliza daquela máquina?

[2] Comentário enviado por rneto em 14/09/2003 - 17:46h

Olha o Linux tomando de assalto ! :-) huh tava na hora de nosso governo realmente "mudar" pra melhor é claro.. agora so espero a decisão sobre pulso único... Lula ainda tem 4 anos pra garantir o proximo voto dele :) abraços.

[3] Comentário enviado por rsouza em 16/09/2003 - 13:26h

No meu estado o governo está com um projeto para criar centros de estudos, com software livre, para promover a inclusão digital da sociedade, isso é um passo para mudar todo a estrutura governamental para software livre.................... PARABÉNS

[4] Comentário enviado por luizc em 18/09/2003 - 11:09h

É isso aí chega de virus, vermes, trojans e codigos maldosos, somente a TRANSPARÊNCIA que do Linux com Código Aberto pode nos levar a um futuro mais Justo e Digno.
Luiz

[5] Comentário enviado por marcosomag em 20/09/2003 - 23:17h

A adoção do software livre pelo governo atual tem o objetivo de eliminar problemas relacionados ao tráfego de informações sigilosas, do governo e da sociedade. Os programas de computador feitos por empresas dos Estados Unidos, mesmo os de código fechado, podem ser abertos pelo FBI e outras agências de segurança. O governo dos Estados Unidos não tem escrúpulo em espionar informações econômicas, militares e outras informações sigilosas de países estrangeiros, quando lhes convém. Não é por acaso que partem de governos e parlamentos de muitos países, principalmente os que concorrem mais diretamente com os Estados Unidos no mercado internacional, a iniciativa de substituir o Windows Big Brother por sistemas plenamente auditáveis. O governo anterior do Brasil tentava empurrar o Windows em concorrência públicas dirigidas por ser totalmente submisso ao governo dos Estados Unidos. Essa era a política que permitia ao mercado escolher o que queria comprar, segundo as palavras do empregadinho da Microsoft enfurecido com o espírito público do governo atual do Brasil. Na área do política internacional, o Brasil tem mudado. E para melhor.

[6] Comentário enviado por blasph em 24/09/2003 - 21:41h

Concordo que a prioridade vai ser o office, mas, descordo do uso dual bot. No governo existem inúmeras aplicações cliente servidor e até mesmo muitos pequenos controles em MS Access.
Tudo isso pode ser resolvido sem dual bot, com o uso de wine ou de rdesktop, o segundo é muito interessante, pois o wine ainda requer em muitos casos o Windows instalado na estação de trabalho, equanto que com o rdesktop, basta existir uma maquina com uma versão server do Windows com Terminal Services.
Estamos testando as soluções e o rdesktop tem se mostrado muito útil, pois já temos no setor de desenvolvimento de sistemas pilotos utilizando uma máquina como servidora de Terminal Services sendo utilizada por estações com Linux+Rdesktop, o que vem possibilitando a manutenção em Sistemas feitos em VB, Access e qualquer outra ferramenta feita para Windows.

O que tenho notado (com exceção de alguns ministérios como é o caso do Ministério da Cultura, que já esta bem avançado nas mudanças) é um certo comodismo por parte dos cargos de Chefia, que temem as mudanças, muitas vezes até por falta de preparo, mas creio que a pressão irá aumentar a partir do ano de 2004.

[7] Comentário enviado por fabio em 24/09/2003 - 23:45h

blasph,

Existe ainda uma ferramenta mais completa que o rdesktop, trata-se do tsclient, que testei e aprovei também! O tsclient é similar ao rdesktop, porém possui add-ons muito legais como exibir em fullscreen, gerenciamento de profiles, etc.

http://www.gnomepro.com/tsclient/

[8] Comentário enviado por blasph em 26/09/2003 - 08:25h

fabio,

Vou baixar e testar agora mesmo. Valeu.

[9] Comentário enviado por f_Candido em 24/07/2007 - 00:24h

O fim da Microsoft se aproxima. Vai demorar, a não ser que haja uma grande mudança de mentalidade. Mas, logo, logo veremos o desfecho desta história.


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