Todos os principais projetos open source seguem, em linhas gerais, o conceito de "close to optimum", ou aproximação aceitável do jogo ideal com participantes ideais.
Há nuances e sutilezas que diferenciam os projetos tipo BSD (núcleo estabelecido em uma universidade vinculada ao estado); ou tipo
Linux vinculado a empresa e tipo fundação Debian e Free Software Foundation.
A diferença básica está no conceito de qual seria a aproximação aceitável para o jogo ideal, e esse aceitável é, em grande parte, subjetivo. Note que a viabilidade de espaço pode ser mais (ou menos) limitada para uma modalidade ou outra. Quer dizer que se todos utilizassem a mesma estratégia haveria uma saturação mais rápida de espaço para um mesmo assunto.
Alguns projetos tem características gerais não tão precisas como, por exemplo o Ubuntu, cujo núcleo é uma empresa, mas tem aberturas de contribuições de código alargadas.
O jogo de participação é mundialmente utilizado na forma de JIP (joint industry project), uma modalidade de projeto, em geral de desenvolvimento, onde os participantes contribuem com dinheiro ou pesquisa para obtenção de um resultado. Nisso o Software livre não é diferente, mas é bem menos formal, e infinitamente mais aberto.
Há jogos que ficam dentro do laboratório; esses são, em geral, desenvolvimentos de alta tecnologia onde apenas especialistas altamente qualificados são selecionados como participantes. Isto é normal para produtos que não são ofertados diretamente ao grande público. Distros de Linux especialistas que exploram novos conceitos são um exemplo. Uma vez expandido o jogo, suas características passam por adaptação, pois o nível de especialização é inversamente proporcional à quantidade de participantes.
No open-source existe uma realimentação dos jogos, por exemplo: projetos que não tem objetivos de massa alimentam projetos que são elaborados com objetivo de massa. Isso é visível em algumas distros derivativas.
Hoje, praticamente todas as grandes distros tem objetivos de massa. Empresas que possuem versões fechadas e abertas do Linux jogam dois jogos, um para ganhar a massa e outro para obter clientes diretos.
O software livre contém um pouco de filosofia utilitarista (ética de maximizar o bem) e um pouco de teoria dos jogos. Nesse sentido há uma inversão de causa e efeito em relação ao dinheiro em si. Num empreendimento normal são calculados o indicadores de ganhos.
No projeto open source é criado um grande jogo como causa direta e o ganho como consequência. Não sei se isso é fundamental do ponto de vista ético ou se é apenas uma questão de boas maneiras. Os projetos que visam maximização global dos resultados, em geral, não colocam seus objetivos principais no curto prazo, embora isso soe como heresia ao capitalismo micro.
O open source não parece ter objetivos imediatos, mas de longo prazo, num jogo onde alguns saem e outros entram para dar continuidade e manter o desenvolvimento.Enquanto houver mercado para vender o produto todos os participantes terão a ganhar com o jogo, garantindo às empresas (mesmo que essa empresa seja de um homem só) manterem-se atualizadas na tecnologia.
Vamos raciocinar ao contrário: seria mais vantagem manter uma tecnologia fechada como o Db2. Isso incorre no risco do concorrente surgir com uma nova tecnologia que se torne o padrão (ainda que temporariamente) e causar a derrocada do negócio. Muitos gigantes do software comercial já experimentaram o gosto amargo da obsolescência dos seus caríssimos produtos e bandearam para o open source, onde tem a garantia de que estão em sincronia com o mundo. Em outras palavras, é melhor dividir o filet mignon com a concorrência que roer o osso sozinho, ainda que isso ofenda aos cânones do capitalismo purista.
Muito se pode desenvolver sobre o assunto, especialmente pelos fãs da teoria dos jogos, ou pelos adeptos da ética utilitarista, mas isso não caberia em um artigo de leitura geral.
Sobre as referências:
- Quanto a teoria dos jogos você vai encontrar toneladas de informações na internet.
- Quanto ao utilitarismo você vai encontrar toneladas de DESINFORMAÇÕES na internet. A única fonte confiável é o livro sobre utilitarismo de John Stuart Mill (http://www.gutenberg.org/etext/11224)
Obrigado.