Livre não precisa ser gratuito

Quando digo que desenvolvo SL, muitas pessoas perguntam que compensação financeira tenho com isso. Confundir "Software Livre" com "Software Gratuito" é algo bastante comum. O próprio Richard Stallman admite que participou dessa confusão semântica. Esse artigo vem esclarecer mais sobre isso e sugerir maneiras de ganhar dinheiro com SL.

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Por: Edvaldo Silva de Almeida Júnior em 04/01/2007 | Blog: http://emeraldframework.net


Algumas restrições



Cuidado, porém, pois nem todas as licenças de SL são iguais.

Um exemplo disso é a Qt, uma API para programação C++ da Trolltech que é bastante conhecida. A Qt é apresentada em duas versões, uma com licença livre e outra com licença comercial.

Se você vai desenvolver software livre, pode usar os utilitários e bibliotecas da versão livre, sem ter de preocupa-se com custos. Mas se você pretende usar os excelentes recursos da Qt para desenvolver software comercial, tem de pagar por uma licença comercial.

Nesse ponto alguns podem se perguntar: Mas por que eu tenho de respeitar isso? Por que eu não posso desenvolver software comercial usando a Qt livre?

A resposta é bem simples: Não somos ladrões ou piratas!

O fato de sermos defensores do SL não significa que defendamos a ilegalidade. Defendemos, sim, um novo modelo de negócios, que acreditamos ser muito mais humano, eficiente, ágil e cooperativo que o modelo do software proprietário.

Cuidado, portanto, para não andar por aí violando os direitos de ninguém! Estude bem as licenças do SL que pretende utilizar de alguma maneira.

Além do mais, não é necessário copiar programas proprietários. Há SL de boa qualidade para quase tudo que você imaginar. E se não houver ainda, reúna uma equipe de desenvolvedores e comece a produzir.

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Páginas do artigo
   1. O que é Software Livre?
   2. Eu posso vender o SL que produzo?
   3. Algumas restrições
   4. Ganhando dinheiro com SL
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Comentários
[1] Comentário enviado por galaxy_interior em 04/01/2007 - 21:14h

gostei do artigo, porém ainda tenho algumas dúvidas.

Por exemplo. Existe diversas diversas distribuições linux q são pagas.
Tudo bem! eu sei q livre não quer dizer q é de graça. Bom, me corrija se eu estiver errado. Caso eu consiga algum destes cds pagos. (mandriva, suse, red hat) eu posso instalar, sem estar cometendo pirataria, não posso? (pelo menos foi isso q entendi) afinal o linux faz uso da licença GNU.

Se eu posso instalar estes cds sem estar cometendo pirataria, porque é tão dificil conseguir (achar) baixar estes cds pela internet? por exemplo o suse enterprise server 10, estaria cometendo alguma irregularidade se acaso comprasse e disponibilizasse pela internet a quem quiser baixar?

Abraços

[2] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 04/01/2007 - 23:51h

A dúvida é pertinente! Veja bem, uma empresa pode vender a sua distribuição, mas não pode fazer dela um software fechado. Isso porque o Linux foi espertamente registrado pelo Linus Torvalds com uma licensa aberta, que garante os direitos autorias dele e inviabiliza o fechamento do código.

Agora, quem colocou algum recurso na sua distribuição e a comercializa, com certeza vai tentar evitar que outras pessoas a baixem gratuitamente. É uma política burra, pois impede a disseminação dessa distribuição que, sendo realmente boa, podia tornar-se muito popular e com isso trazer mais lucros.

É parte da mudança de mentalidade. Há pessoas (físicas e jurídicas) que não absorveram ainda a mudança de mentalidade para trabalhar com código aberto e software livre. A chave da questão está em encontrar um modelo de negócios que permita ganhar sem fechar. Quanod se consegue isso, quanto mais distribuída e baixada a sua distribuição ou o seu programa, melhor.

Mas com certeza, você não estará comentendo nenhum crime se conseguir uma distribuição Linux qualquer. Comete crime, sim, quem tentar fechar o código do Linux. Comercializar pode, mas fechar nunca!

[3] Comentário enviado por bryan em 05/01/2007 - 18:08h

O maior problema que vejo é com a própria comunidade Linux. Muitos simplesmente não admitem que tenha que se pagar para ter uma distro qualquer. No momento que um cara desenvolver uma distro e começar a vendê-la, vai ser execrado por quase toda a comunidade e isso é fato. O que tem que se saber é que todos precisam de um ganha-pão. Se escolhi desenvolver em SL e vender é por que preciso do dinheiro.

Ah, uma observação: me corrijam se eu estiver enganado, mas não existe a cláusula no SL de que se tu usa uma biblioteca livre para escrever determinado programa, tu ter que pagar pela biblioteca que tu usou?

[4] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 05/01/2007 - 18:19h

Vai depender da licensa sob a qual essa biblioteca que foi usada estiver sendo distribuída. Além do mais, você não vai poder usar código livre num sistema e fachar ele. As licensas são geralmente explíctas quanto a isso.

Concordo com você que há essa mentalidade na comunidade, mas isso está mudando aos poucos. Tenho visitado os arquivos do VOL e pelo que eu vejo, há dois anos atrás esse meu artigo estaria sendo execrado e eu xingado até não poder mais por tê-lo escrito.

Sou um defensor incondicional do SL. Tanto que hoje produzo apenas programas livres. Meus clientes pagam pelos programas e recebem os fontes. Podem modificá-los sozinhos, se desejarem. Mas isso não me prejudicou em termos financeiros. Ao contrário. Eles preferem pagar ao pai do programa para promover modificações e para dar consultoria na implantação. E quanto aos que preferirem chamar outra pessoa, isso não me perturba em absoluto.

É tudo uma questão de mudança de mentalidade. Fatos mudam rapidamente, mas conceitos levam tempo para mudar.

De qualquer forma, a recolução do SL está aí. Está incomodando tanto o pessoal do software proprietário que eles estão agora buscando acordos e até patrocinando SL. Quem lembra da posiçãoda IBM há dez anos e hoje, sabe do que eu estou falando.




[5] Comentário enviado por copires em 05/01/2007 - 18:37h

Não concordo que você possa vender sua distribuição com base em uma licença ou direito autoral. A venda de um SL não é vinculada a uma "licença" a ser adquirida, porque você não pode tornar fechado aquilo que você mesmo pegou sob licença GPL nem tampouco obrigar seu comprador a não distribuir aquilo que comprou de você, gratuitamente. Na verdade você poderá vender, digamos, seu trabalho de cópia da distro, e a praticidade que você proporcionou ao comprador de dá-lo em mãos, embalado, e impresso. Favor não associarem o direito de venda de sua distro à uma licença, mas associa-la a um "esforço" de traze-la até o comprador.

[6] Comentário enviado por EdDeAlmeida em 05/01/2007 - 20:25h

Não foi isso, meu caro copires, que foi afirmado aqui. Não estou defendendo a venda com base numa licensa.

Mas, na realidade, se você quer manter seu software livre, tem por obrigação entregá-lo com base em uma licensa livre. Se não houver licensa nenhuma, aí você não estará contribuindo para o mundo do SL, mas sim para o mundo do software proprietário, pois qualquer empresa poderá usar seu código, no todo ou em parte, num sistema fechado.

Aliás, o Linux só é livre graças ao bom senso do Linus Torvalds, que tratou de garantir seu direito autoral através de uma licensa livre.

Digo que você tem o direto de comercializar o seu trabalho, garantindo assim a sua sobrevivência, e que "livre" não significa necessariamente "gratuito".

Além di mais, o mundo do SL sempre reconheceu e prestigiou o direito autoral. Tanto que uma das condições da própria GPL, que você mesmo cita, é que o direito autoral seja preservado. Você pode alterar o software de alguém e colocar no ChangeLog a informação sobre a sua alteração, mas não pode sair por aí afirmando que é o autor do programa alheio. Isso não é SL, é trapaça.

Acho que foi deixado claro no artigo, logo na primeira página, que você não pode fechar algo que foi feito com base em SL. Essa é uma condição fundamental e não está em discussão aqui.

Mas programar é muito mais do que o esforço de trazer seu programa até o comprador. É uma atividade difícil, que consome tempo e recursos. Sei disso porque vivo dela há vinte e dois anos. Quase ninguém tem condições de realizar esse trabalho por nada. Se você tem uma instituição que o mantenha ou um patrocínio, aí sim. Caso contrário, tem de ganhar o seu pão. A época em que caia maná do céu já passou!

O colega bryan perguntou acima se quando uso uma biblioteca de alguém para fazer um programa, tenho de pagar por esse uso. A resposta é: depende! Se essa biblioteca foi distribuída gratuitamente, com base numa licensa livre, não! Mas se a biblioteca que você usou foi entregue com base na necessidade de pagamento, não pagar é trapaça! SL não é estímulo à apropriação indébita.

Um exemplo disso é a Qt da Trolltech. Tem uma versão free, mas que só pode ser usada para fazer software free. Se quiser fazer software comercial tem de pagar pela licensa comercial. Não vejo nada demais nisso. Não viola os princípios do SL. A própria Free Software Foundation não vê motivo para reclamar disso. E olha que o Richard Stallman gosta de reclamar...



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