Jesus Cristo, um psicólogo experimental e algumas verdades
Já se vão mais de trinta anos que li pela primeira vez "Walden II", um livro escrito pelo Psicólogo experimental Burrus Frederick Skinner, um dos pais da corrente conhecida como "Behaviourismo", ou seja, "Comportamentalismo".
Skinner batizou esse livro por causa de um outro livro intitulado "Walden", do filósofo norte-americano Henry David Thoureau, que foi preso por recusar-se a pagar impostos para não ajudar a sustentar a guerra contra o México, aquela na qual os Estados Unidos roubaram boa parte do que hoje é a Califórnia e o Novo México.
Eu não estou aqui, no entanto, para falar desses livros. As sugestões estão aí e quem quiser lê-los, que o faça. Ambos são excelentes. O "Walden" de Thoureau, por exemplo, fala sobre a desobediência civil. Algo que nós brasileiros precisamos muito aprender a praticar, no contexto político atual.
Eu estou aqui para falar de Software Livre, mas com base em algo que li no "Walden II" de B. F. Skinner.
Em uma das passagens do livro Skinner fala, pela boca de Frazier, uma das personagens centrais, sobre uma passagem do Evangelho, a questão do "dar a outra face". Eu, como pessoa que retornou recentemente ao seio da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, após muitos anos desviado dos caminhos de Deus, tenho muita dificuldade ainda com essa parte do Evangelho. Para mim "virar a outra face", atingir esse nível de pureza, de pacifismo, é ainda um sonho a ser atingido.
Mas o fato é que Skinner notou algo muito interessante no que Jesus falou, uma consequência secundária. Quando você se recusa a irritar-se com a agressão de uma pessoa, você não apenas recusa-se a ser controlado por ela, mas também passa a controlá-la de certa forma muito sutil.
A verdade é que quem revida a agressão pensa que está sendo corajoso, quando na verdade está é sendo manipulado. A pessoa violenta que agrediu está querendo despertar justamente aquela reação em você. Ela é violenta e quer violência. Se revida, você dá a ela exatamente o que ela quer.
Por outro lado, quando dá a outra face você está dizendo: "Recuso-me a entrar nesse jogo. Recuso-me a aceitar a violência que você quer impor". E isso faz com que você, sutilmente, passe para o controle da situação. Primeiro porque você vai manter o controle de si mesmo. Segundo porque está mandando àquela pessoa violenta a mensagem de que qualquer solução terá de ser alcançada no seu terreno, no terreno da paz e do amor.
E por que estou falando em tudo isso? Será que voltei ao VOL depois de tanto tempo longe para dar uma de pregador?
Não.
Estou dizendo tudo isso como introdução para um fato que quero apresentar: Algumas coisas na vida tem consequências secundárias que nem mesmo conseguimos visualizar no começo de nossas ações, mas que estão lá e renderão frutos no momento apropriado.
O movimento do Software Livre está sendo assim, como mostrarei a seguir.
[1] Comentário enviado por Chimerah em 02/12/2015 - 15:59h
Excelente texto. Como fã e escritor de Ficção Científica, achei genial a censurada no nome do Autor do Minority Report.
É sempre bom ouvir as experiências dos "Seniors" e ligar com o que vemos acontecer no dia-a-dia. O desenvolvimento colaborativo, software livre (ainda que eu discorde do "modelo Stallman") veio pra ficar, quem nem ao menos ter noção do conceito vai comer poeira mesmo!
[3] Comentário enviado por fêla em 09/12/2015 - 13:47h
edlonewolf, muito bom seu artigo, poético e inspirador.
Faço votos para que essa liberdade seja aproveitada para algo construtivo, onde o conhecimento seja para proveito de todos e em favor do planeta, e menos para o egoísmo e narcisismo que a humanidade caminha atualmente.