Um pouco sobre transição Windows/Linux

Esse artigo mostra alguns pontos que devem ser levados em consideração para se evitar frustrações e decepções ao se explorar o funcionamento do sistema operacional Linux.

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Por: Pedro Henrique Cipoli em 02/06/2010


Pontos iniciais



Como primeiro artigo publicado aqui no site, gostaria de observar alguns pontos que devem ser considerados por qualquer pessoa que opte por explorar o sistema operacional Linux:
  • Não "caia de cabeça". Fazer uma transição drástica para o Linux pode não dar certo em alguns casos, pois dificuldades de adaptação podem ocorrer e são bastante frequentes. Fazendo uma grande generalização, o Windows é orientado a usabilidade, com uma interface de usuário (UI) construída com o propósito de facilitar o uso (a síndrome Avançar-Avançar-Concluir), não necessitando de conhecimentos avançados para e usar o sistema. Já o Linux é orientado a performance, o que não faz dele um sistema difícil de ser usado.

    São paradigmas diferentes, e versões como o Ubuntu e Mint são orientadas a facilitar o uso, com inúmeros aplicativos pré-instalados que fazem dele praticamente "pronto para uso". Por mais que ainda se acredite hoje que o Linux é sinônimo de uma tela preta no fundo, ele possui UIs amigáveis ao usuário. Conhecimentos de como utilizar o terminal para tarefas simples como instalar programas são largamente explicados na internet, mas é importante deixar claro que as distribuições Linux possuem repositórios que automatizam a instalação de programas e formatos de pacotes que são auto-instaláveis.

  • Procure saber se o seu hardware é compatível: tenha em mãos as especificações de seu hardware. Antes de baixar uma distribuição, procure saber se o seu hardware é suportado por ela. Algumas empresas não liberam o driver proprietário para distribuições Linux, caso, por exemplo, de alguns chipsets SIS e placas Realtek. Eu pessoalmente posso confirmar isso: com um adaptador gráfico SIS Mirage 671 tive problemas no início para fazer a resolução do meu notebook ficar 1024x768. Outro exemplo é minha placa Reaktek Wireless Lan 8187b, que, com um controlador SIS, tive que perder vários dias para conseguir fazer meu wireless funcionar.

  • Leia sobre a distribuição que deseja instalar: o Linux possui centenas de distribuições que atendem a uma enorme gama de perfis, conhecimento técnico e mesmo suporte a Hardware. O site www.distrowatch.com faz um resumo sobre cada uma delas, diz se a distribuição em questão está ativa, o repositório de software utilizado, o nível técnico requerido e inúmeras outras informações.

Pontos finais

  • Participe de fóruns: mesmo que não consiga ajudar no começo, é interessante ver quais são as dúvidas que aparecem por lá, ler os tutoriais disponibilizados, dicas e mesmo postar alguma dúvida ou problema que você esteja enfrentando.

  • Utilize distros que sejam orientadas ao uso no começo: como foi dito, como o Ubuntu, Mint, e mesmo o openSUSE. Não é porque elas são mais fáceis de usar que são mais limitadas, mas sim porque elas utilizam mais a interface gráfica pra fazer tarefas que podem ser feitas por linha de comando também.

    Escolha também distribuições que possuam live-CD ou live-DVD, para experimentar o sistema sem modificar os dados dos seu computador.

  • Leia muito! O Linux, por ser um sistema de código aberto, possui tudo muito bem documentado e disponibilizado na internet. Explore essas vantagens e faça seu sistema ficar cada vez mais próprio para você. Não existe uma receita infalível para aprender, mas sim a curiosidade colocada em prática.

  • Se divirta! Aproveite todas as possibilidades do software livre. Leia, espalhe, aprenda sem nenhum problema com pirataria, e veja que softwares proprietários muitas vezes cobram para fazer o que os livres muitas vezes fazem melhor!

Espero ter esclarecido vários pontos para os curiosos.

   

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Comentários
[1] Comentário enviado por JoseRenan em 02/06/2010 - 06:49h

justamente caro pedrocipoli, essas são as principais dicas e instruções para quem quer começar no mundo GNU/Linux, se bem que todo mundo deve procurar saber um pouco sobre algo que desconhece ou conhece pouco.
flw

[2] Comentário enviado por instrutorTIC em 02/06/2010 - 10:10h

Posso citar como exemplo a Petrobras.
Primeiro, substituiu o IE pelo Firefox;
Depois deixou o BrOffice concomitante com o msOffice;
Agora os usuários utilizam apenas o brOffice... qual sistema ms será substituído depois?
A substituição deve ser gradual para evitar um choque cultural.

[3] Comentário enviado por kabalido em 02/06/2010 - 10:24h

Cara,

Parabens pelo artigo. Gostei bastante daquilo que vc escreveu. Falou tudo.
Muito legal mesmo. Obrigado!

Abs.

[4] Comentário enviado por removido em 02/06/2010 - 11:15h

Se vocês pararem para analisar a verdade irão perceber que o Linux é que possui uma interface amigável e fácil de usar, não que o Windows não tenha este foco, mas a interface do Linux é muito mais amigável.

O Gnome tem um conceito que é usado na maioria dos aplicativos para Linux, este conceito chama-se: Human Guidelines Interface. Este conceito diz que o aplicativo deve fazer aquilo a que se propõe fazer, que sua interface sejá fácil de entender, que as opções seja acessíveis, e inclusive mostra como escrever a interface de um programa para que ele se torne amigável para o usuário.

Infelizmente no Windows não há conceito semelhante, cada desenvolvedor de software produz seu programa da maneira que ele quer. No Linux, cada desenvolvedor de software pode desenvolver da maneira que quiser, mas a maioria está optando por seguir o conceito do desktop Gnome.

O resultado são aplicativos simples em aparência, mas bem fáceis de serem compreendidos, entendidos, e com interface realmente amigável. Já no Windows, o resultado de tudo o que ocorre por lá são aplicativos com interfaces distintas, dificuldades em entender as funções dos programas, dificuldades em se localizar dentro do sistema operacional, na interface do sistema e dos programas.

E agora, analisando por este lado, qual sistema é mais amigável ao usuário final?

[5] Comentário enviado por cruzeirense em 02/06/2010 - 14:12h

Prezados Amigos,
Acho que uma transição drástica vai falhar na maioria dos casos pelos motivos sempre citados: Comodismo dos usuários, falta de drivers, falta de softwares, etc... mas em diversas situações a causa da não transição é simplesmente porque o windows atende bem o usuário e ele não vê porque mudar (lembre que o usuário não se interessa/entende dados técnicos).

Bilufe,
Respeito sua opinião em relação a interface do linux ser melhor que a do Windows, mas discordo de você. Acho na verdade que o ponto fraco do linux é a interface, não que ela não tenha bons recursos ou não seja bonita, mas sim pela falta de padronização. Lembre-se que cada distribuição linux tem sua interface diferente o que causa confusão no usuário.
Acho também um pouco leviano diver que uma coisa é melhor do que a outra sem um estudo técnico. Lembre-se que o windows tem 90% do mercado, e garanto que a maior parte está satisfeito (se não estivessem satisfeitos, mudavam...)

Abraço,

Renato

[6] Comentário enviado por Teixeira em 02/06/2010 - 19:54h

Mas é notório que no Windows também ocorrem mudanças na interface que fazem com que o usuário tenha de sair procurando coisas que ele sabia onde estavam e a partir de uma certa ataualização, passa a não saber mais.
Coisinhas de uso já consagrado como "Meu computador", "Impressoras", mudam de lugar; Recursos utilíssimos (System File Checker) deixam de existir.
Portanto, o problema não está NO LINUX mas na diversificação de situações que confundem o usuário excessivamente acostumado - ou acomodado - com apenas um único universo de situações.
Está comprovado que usuários que jamais se utilizaram anteriormente de um computador têm encontrado melhor desenvoltura em diversas distros GNU/Linux que em qualquer versão do Windows.
Um usuário Linux mesmo inexperiente examina diversas distros substancialmente diferentes com uma certa naturalidade, enquanto um usuário que se tenha iniciado unicamente no Windows fica visivelmente confuso ao encontrar qualquer diferença, por mínima que seja.
Quanto à participação do Windows no mercado, não pode de forma alguma ser superior a 60% do mercado (isso já com algum exagero - de qualquer forma, certamente domina por grande margem o mercado de PCs domésticos):
Teriamos de esquecer a esmagadora maioria dos mainframes do mundo (que rodam Unix), dos sistemas profissionais específicos (que rodam Solaris ou algum BSD), do universo de Applemaníacos fiéis, e dos usuários de 58 distribuições GNU/Linux principais, dente as 200 catalogadas na Distrowatch. Teriamos de esquecer que 2/3 dos hosts da internet são atualmente baseados em GNU/Linux e oferecem hospedagem GNU/Linux em igual proporção.
E já que estamos falando em "computadores", vamos deixar de lado os gadgets que são desenvolvidos com GNU/Linux embarcado.

[7] Comentário enviado por igoiglesias em 03/06/2010 - 19:20h

Muito bom seu artigo mano !!! XD

[8] Comentário enviado por raulgrangeiro em 04/06/2010 - 10:21h

Gostei do artigo!

É isso mesmo que temos que fazer. Nunca tente mudar de uma vez, pois pode ser difícil no começo. Eu uso Linux, em especial Ubuntu, a uns 2 meses, e tenho dual-boot com Windows 7, pois de vez em quando ainda preciso do Windows!

Parabéns!

[9] Comentário enviado por hideoux em 04/06/2010 - 12:45h

Duas diferenças básicas:
- Migração pessoal (e até familiar);
- Migração empresarial.

Na migração empresarial, é essencial que haja:
- Prazos (para migrar cada aplicativo/conjunto de aplicativos). Se alguns prazos não forem respeitados, quase certeza de que será mais difícil o resto dar certo;
- Hierarquia (sim... a ordem para uma empresa migrar deve ser de cima para baixo e sem muita democracia. Quanto mais funcionários que sabem um pouco de informática (mas acham que sabe o suficiente...) houver na empresa, mais duro será o golpe...)
- Planejamento (não há comentário);
- Estudo (não há comentário).

Vale muito a pena estudar os casos de sucesso: Celepar, BB, Caixa, Petrobras, Casas Bahia, etc.

[10] Comentário enviado por Teixeira em 05/06/2010 - 14:12h

O colega hideoux foi bastante feliz em seu comentário, em especial quanto à migração empresarial e ao quesito "hierarquia" sem muita democracia.
Em qualquer implantação, as pessoas tendem a reagir feroz porém surdamente contra qualquer coisa que as faça sair de algum ponto de inércia, ou do comodismo puro e simples.
Se deixar a coisa levemente democrática, uns irão sabotar desta ou daquela forma, outros terão má vontade, outros reclamarão veladamente, mas nenhum deles apresentará argumentos verdadeiramente válidos para justificar o seu voto contrário.
Já vi um caso recente onde foi abandonado um projeto (verdadeiro caso de sucesso) porque "alguém" alegou que o "linux não deu certo" porque "ninguém" conseguia sequer "fazer uma planilha"...
Esse é um fato bem interessante, pois aquele mesmo alegado "alguém" continua ainda hoje usando entusiasticamente o GNU/Linux, além de outras 399 sub-redes da mesma Organização que continuam com o seu sistema de gerenciamento 100% baseado em GNU/Linux.

[11] Comentário enviado por Ricardo Camara em 06/06/2010 - 18:26h

Acho que o problema da migração para o Linux "pega" nos seguintes aspectos:
1) Resistência das pessoas às mudanças. Sei de várias pessoas que compram uma máquina com Linux e nem a ligam. Levam-na direto para um colega ou profissional para instalar um Windows provavelmente pirata e pronto.
2) Continuando a resistência das pessoas às mudanças vale ilustrar que embora qualquer software sempre busque em suas versões seguintes além de um número maior de recursos busquem também uma maior facilidade de integração com o usuário, é notório que vários usuários de Windows XP e MSOffice 2003 se queixaram de dificuldades de familiarização com o Windows Vista e o MS Office 2007. O que existe na verdade é uma dificuldade com mudanças. Tente freiar seu carro com o pé esquerdo e você verá a diferença. Se estiver sem cinto pode meter a cara no parabrisa.
3) Agora, um ponto que realmente complica no Linux para o usuário comum é a instalação de novos programas, atualizações e etc. Principalmente no que diz respeito a parte multimídia (codecs, etc.).
4) Se um número representativo de empresas usassem pelo menos o Open Office ou BrOffice, bem como o Firefox, tudo começaria a mudar de figura porque as pessoas progressivamente absorveriam estas diferenças.


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