Considerações sobre interfaces gráficas (palestra VOL DAY I)

Essa á a palestra que tive a honra de apresentar no VOL DAY! Aqui foram incorporadas também as questões surgidas da plateia (e aliás um abraço a quem foi ver!).

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Por: celio ishikawa em 12/03/2010


Do meu primeiro computador aos modernos



Estava contando para a plateia que meu primeiro computador foi um 386 com DOS e Windows 3.1, ou seja, eu descobri como era a interface texto e a interface gráfica (ainda que, como lembrou a plateia, o Win3.1 não fosse um sistema operacional verdadeiro e que oferecia um falso suporte multi-tarefa). Depois do 386 tive um AMD K6 e agora tenho um AMD Athlon 64. Contudo, senti pouca evolução apesar de que o computador com AMD K6 veio com 4GB... de HD (risos).

No site Guia do Hardware tinha uma explicação legal: a memória RAM é como o que está a sua disposição em cima da sua mesa, enquanto que o HD são como gavetas que você vai abrindo para acessar o conteúdo. Ou seja, o computador moderno, com 4GB de RAM, já dispõe em cima da mesa o que o computador velho tinha em gavetinhas. E se compararmos com o 386 a comparação é ainda mais absurda, provavelmente a quantidade de memória que ele tinha em MB, o computador moderno tem em GB, ou seja, 1000 vezes mais capacidade!

Mas como ia dizendo, senti pouca evolução. Isso porque quando as pessoas ligavam o computador e aparecia o DOS e apareceu a opção do Windows, houve uma grande mudança, mas as coisas que foram aparecendo depois não trouxeram grandes novidades depois. Meu AMD K6 processa imagens de 72 dpi com alguma dificuldade dependendo do filtro da renderização que se pede para fazer nele. Já o computador moderno faz o mesmo em imagens de 300 dpi brincando. Ou seja, a capacidade de processamento aumenta fantasticamente.

Mas então qual é o problema? O problema é:

(originalmente um slide:) capacidade do hardware ----> capacidade de execução de tarefas

A capacidade do hardware aumentou, e assim evoluiu a capacidade para executar tarefas. Contudo, tem uma coisa no meio das duas: a mediação entre a capacidade e a maneira do usuário botar a tarefa para executar. Essa mediação mudou muito pouco. Surgiu o mouse, as janelas, ícones, e basicamente essa interface gráfica ficou praticamente como está.

Uma coisa que tenho saudades do Win3.1 é que por alguma razão tinha ícones animados. Eu adorava aquilo, a lixeira por exemplo podia ser um monstrinho comendo lixo etc. Aliás naquela versão o papel de parede não ficava no fundo assim, imediatamente atrás dos ícones. Tinha o wallpaper, mas para acessar os ícones você abria o gerenciador de programas e lá dentro ficavam os grupos de aplicativos e dentro deles os ícones. Ou seja, para embelezar o desktop você ficava mudando os ícones e não o wallpaper, que aparecia pouco. Mas como ia dizendo, no 386 tinha ícones animados! 386! E se encararmos os ícones animados como algo que usa um pouco da capacidade do processamento para facilitar o usuário achar, executar uma tarefa, eu pensava que com computadores 1000 vezes melhores iam surgir recursos muito mais "doidos" no futuro! Mas o mais perto disso que vi foi que a partir dos MacOsX, surgiu aquela barrinha de Dock, na parte de baixo, em que passando o mouse, os ícones aumentam, ou seja, animam um pouquinho e ao aumentar, facilita do usuário achar a tarefa que quer, mas apenas isso.

(atualização pós-palestra: ambientes como KDE e Gnome estão ficando mais pesados, ainda mais se usados em conjunto com Compiz etc. E eles exigem mais capacidade de hardware também. No entanto, como veremos, eles não quebram paradigmas antigos, embora eu goste muito por exemplo do Cubo que gira para alternar áreas de trabalho.)

Vamos voltar à interface texto x gráfica para anotar algumas coisas interessantes. O que eu tinha medo no DOS, na interface texto, era de entrar em algum programa e não saber sair. Já nas janelas, é só clicar no quadradinho com X. E também algumas recursos ficam mais ou menos visíveis, clicando nos menus ou na barra de ferramentas que inventaram depois. Dava para ter ideia também de quantas tarefas existiam se as janelas ficassem uma atrás da outra em cascata.

Quando veio o mouse, algumas pessoas diziam que interface gráfica só usava mouse e a interface texto só o teclado. Mas o meu palpite é que quanto mais complexo o programa, mais ele depende do teclado e mais ele tem as desvantagens que antes era atribuídas à interface texto.

Vejamos um programa bem complexo, como o Blender:
Linux: Considerações sobre Interfaces Gráficas (palestra VOLDAY 1)
O Blender é usado para fazer imagens 3D e também animações, ou seja, tem de ter um timeline para as próximas cenas da animação e tal, e também pode ser usado para desenvolver jogos, ou seja, tem de determinar "se o jogador faz isso, acontece aquilo"... Enfim, é um programa bem complexo. Tão complexo que enquanto nos outros programas o botão esquerdo do mouse faz algumas coisas e o botão direito abre o menu, no Blender, o botão esquerdo faz algumas coisas, o botão direito faz outras, e para abrir o menu se pressiona o tecla espaço do teclado. E esse menu tem recursos que não está lá no menu do alto do programa, ou seja, não é simplesmente um menu de atalhos.

Os programas geralmente oferecem atalhos de teclado para você não ter de ficar clicando em vários cantos (menus, ícones) para acessar os recursos. Então vejamos as teclas de atalho do Blender.

(na palestra mostramos a página http://blendertotal.wordpress.com/2007/07/10/teclas-de-atalho/)

Como vocês podem ver, ela usa todas as 23 letras do alfabeto, mais umas 20 da combinação com Ctrl, mais da combinação com Shift, também com Alt e também as teclas lá de cima, do F1 ao F12 (a plateia fez "vixe!").

Como disse, quando é muito complexo, você tem as desvantagens que antes se atribuía à interface texto: você não se lembra como acessar tal recurso, se abrem muitas janelas, não sabe mais quantas tarefas estão em curso, e às vezes fica sem saber como sair de uma tarefa. Aliás, decorar tudo isso de teclas de atalho é complicado. De repente era muito mais fácil ter um prompt ou bash num canto e você escrever uma frase para o Blender: "quero que faça isso, aquilo e finalize assim", do que teclar muitas teclas de atalho Ctrl+M, clicar ali, e a coisa toda.

(exemplo não dado na palestra: algumas tarefas são mais fáceis na interface texto. Por exemplo, se tem dois arquivos de nomes idênticos em pastas diferentes e a pessoa quer deixar os dois numa mesma pasta digamos com os nomes "original" e "original.backup". Ou ainda, os dois arquivos já estão na mesma pasta e a pessoa quer que "original.backup" substitua o "original". Na interface gráfica abrir 2 pastas e só arrastar muitas vezes não funciona, aparece uma janela com a mensagem de "não é possível mover pois já existe um arquivo na pasta destino com mesmo nome" ou perguntando se pode sobrescrever o da pasta destino. Aí são necessários vários cliques, por exemplo para renomear antes de copiar e colar, ou no segundo caso, apagar um e depois renomear. Já na interface texto os comandos cp ou mv dariam conta do recado bastando adicionar que quer copiar e mandar com outro nome ou mover um de forma a sobrescrever outro.)

Então a seguir vamos ver uns vídeos com algumas pistas do que pode ser o futuro.

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   1. Do meu primeiro computador aos modernos
   2. Vídeos, discussão sobre multitouch
   3. Mais vídeos e conclusão
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Comentários
[1] Comentário enviado por alefesampaio em 13/03/2010 - 12:08h

Realmente fenomenal, espero que as próximas sejam trasmetido ao vivo assim como já acontece com Campus Party

[2] Comentário enviado por Primo NT em 14/03/2010 - 09:05h

Ja brinquei com o blender!
Mas não sai do canto!
kkkkkkkkkkkkkkk
Muito bom! ;D

[3] Comentário enviado por vinipsmaker em 10/04/2010 - 14:51h

Parabéns, pelo artigo incrível, não sei com deixei pra lê-lo só agora.
A palestra também deve ter sido muito boa.

[4] Comentário enviado por vinipsmaker em 16/04/2010 - 13:16h

Vi uma notícia recente que pode interessar a tu e aos leitores do artigo:
http://info.abril.com.br/noticias/blogs/gadgets/miscelanea/seus-membros-podem-virar-tela-sensivel-ao...
É sobre uma tecnologia que permite utilizar seu próprio corpo como uma tela sensível ao toque. Me lembrou um pouco o teclado que é projetado via laser.

[5] Comentário enviado por vinipsmaker em 05/06/2013 - 14:41h

Novo projeto de interface que está em desenvolvimento:
https://www.youtube.com/watch?v=vya7rWrkjs0


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