hrcerq
(usa Outra)
Enviado em 04/06/2018 - 12:59h
gusbenedito escreveu:
Se vós continuares a ser fanáticos só por causa do open source ou por causa da Microsoft, a comunidade Linux não será bem vista e os novatos poderão desistir de experimentar o Linux. Grandes companhias perderão o interesse em investir no Linux. Vós sereis lembrados como fanáticos de Dormammu, ou pior, semelhantes aos de ISIS. Vós sereis estereotipados. Nós sê-lo-emos. Tudo por vossa culpa.
Quanto drama. O fato é que a opinião dos usuários nunca foi tão insignificante para ditas companhias. Eles cagam e andam para o que as "comunidades Linux" pensam.
Nem todos são open source, porque nem todo o mundo trabalha de graça.
O que vejo nesse texto é pura falácia:
O que se quer dizer com trabalhar de graça? Um programador que coloca seu código-fonte sob licença livre e/ou de código aberto não pode ser pago por isso? Eu posso querer determinada funcionalidade e pagar um programador para fazê-lo. Depois disso, o trabalho dele já está feito, ele já foi remunerado e não é justo que eu tenha que pagar novamente. O código então poderá ser reaproveitado para outras finalidades se assim eu desejar. Em outras palavras, eu paguei por um serviço prestado (a implementação).
Agora, quando o código não está disponível, então eu não posso fazer nada com ele, mesmo após ter pago por isso. E assim, eu terei que contratar o mesmo programador se quiser algo novo. Isso se chama aprisionamento tecnológico, quando você fica refém de um único fornecedor e só o contrata porque não tem outra opção.
Nada é mais justo que querer ser pago por seu trabalho. Então, creio que um programador deve sim cobrar pelo seu trabalho. Porém não é justo que ele queira cobrar por um trabalho que já foi concluído e devidamente remunerado. No entanto, é assim que funciona o modelo do código-fonte fechado. Você paga para ter acesso à funcionalidade e, dependendo do caso, pode pagar várias vezes (uma para cada pessoa que usar ou para cada máquina onde instalar). É um modelo de aluguel que se sustenta pelo aprisionamento tecnológico.
E o pior, se este programador de repente resolve se aposentar, tirar férias, se mudar ou simplesmente sumir do mapa, você perde toda e qualquer esperança de ter qualquer alteração naquele código. E digo mais, também não poderá auditá-lo ou contratar um terceiro para validar a qualidade do programa. Quando mais pessoas tem acesso ao código, maiores as chances de identificar falhas ou possibilidades de melhorias.
Não é justo querer auditar algo pelo qual você pagou? Não é justo poder usufruir de uma funcionalidade pela qual já pagou e já está pronta? Eu acho que sim.
É justo querer se apropriar de uma ideia, como se você fosse a única pessoa capaz de concebê-la? Eu acho que não.
Me impressiona que quando alguém defende a própria liberdade, isto pareça aos olhos de alguns um radicalismo ou fanatismo. Isto é o puro reflexo do que se tornou a nossa sociedade: o servilismo, o imediatismo e a aceitação das coisas dadas como verdade absoluta.
"O único modo de lidar com um mundo de pouca liberdade, é se tornar tão absolutamente livre, que sua mera existência é um ato de rebeldia."
(Albert Camus)
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Atenciosamente,
Hugo Cerqueira