5 fatores (subjetivos) que tornam o software proprietário insustentável para as micro, pequenas e médio empresas

Talvez este artigo pareça uma crônica. Não é um texto técnico nem se aprofunda em investigações, mas baseado em experiências do cotidiano, em algum ponto, comparando com as próprias experiências do leitor, podemos concluir que a insustentabilidade do software proprietário vem aumentando, e quem vai sofrer mais não são as grandes empresas.

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Por: Perfil removido em 25/09/2010


Incapacidade gerencial e negligência operacional, ou seja, incompetência



Eu poderia colocar isso dentro da discussão do "não saber o que está fazendo", mas acontece que incompetência não é simplesmente "não saber fazer algo", incompetência é muito mais, é "saber como se deve fazer mas não fazer ou fazer de qualquer jeito"! Eu sei que as palavras são polêmicas, mas não dá pra ser tão gentil diante da ignorância.

A incapacidade gerencial faz parte de não saber o que fazer, mas ela é um ponto a ser destacado porque para se gerenciar algo é necessário saber como funciona o que está sendo gerenciado - quanta antítese. Em praticamente todos os ramos, todas as empresas, isso ocorre, mas na indústria de software as consequências disso podem ser muito mais desastrosas.

E também é uma questão cultural capitalista. Vejamos, hoje a maioria dos lançamentos no mercado tem como alvo o consumismo focado no entretenimento e satisfação pessoal. A propaganda de um carro utilitário não chama tanto a atenção quanto à propaganda de um carro esportivo, então, o que é feito hoje? Todas as propagandas de carros utilitários hoje têm um roteiro esportivo, focam a aventura, emoção, diversão... Mas um utilitário, em última instância, é feito pra carregar peso, ou seja, trabalho.

Na informática isso é ainda pior. Como geralmente os computadores são coisas que assustam a maioria dos mortais, a estratégia foi criar uma visão cada vais mais amigável deles. Isso não está errado, não sou contra tornar as coisas mais simples, mas a coisa chegou tanto ao extremo que agora qualquer um pensa que é um expert em informática, o velho ditado aumentou: "de médico, louco, treinador de futebol, político e (agora) técnico em informática todo mundo tem um pouco".

Eu sei que em todas as empresas e ramos existem estes problemas, mas se "a informática surgiu para resolver problemas que não existiam antes dela", nela as coisas podem tomar proporções cataclísmicas num piscar de olhos, ainda mais num cenário como este.

Tempos atrás eu vi uma reportagem que mostrava que algumas faculdades de medicina estavam estudando incluir administração na ementa do curso, isso porque o cara só estudava medicina, ele se tornava de fato um bom médico, mas quando chegava a um cargo administrativo, burocrático, não tinha o mesmo sucesso por falta de conhecimento para tanto.

Na informática, o negócio desanda, tudo começa nessa cultura de que tudo é fácil. No lado operacional, o cara sabe digitar um texto no Word e já acha que é professor, sabe instalar o MSN e já acha que é técnico, sabe formatar e já acha que é um engenheiro, sabe fazer um arquivo BAT e já se acha programador... No lado gerencial, se sabe a diferença entre lançamentos de crédito e de débito e já se acha um analista, sabe "mandar" e já se acha um coordenador de desenvolvimento, sabe "enrolar" os clientes e já acha que é gerente... E por aí vai...

A maioria das pessoas que trabalham com informática, na realidade, possuem um conhecimento muito básico e são pouco dedicadas em aprender mais, e isso também é culpa da filosofia do sistema amigável vendido pelo mundo capitalista. E como os cursos de formação, tanto técnica quanto superior, ainda estão em processo de amadurecimento e existem em poucos lugares do Brasil, a maioria dos profissionais aprende na prática. O problema não é aprender na prática, mas querer aprender do jeito mais rápido, sem muito esforço, e consequentemente do jeito errado.

Quantos técnicos de informática enrolados que você conhece? Quantos deles só tem uma resposta: "tem que formatar"? Quantos programadores "gambiarreiros" que você conhece? Tudo bem, você pode não conhecer nenhum destes, mas quantas empresas você conhece por aí que reclamam de seus computadores, de que a rede não funciona, a internet vive caindo, que o sistema de gestão que ela usa só dá problema, só tem erro?

Praticamente em toda esquina você vai ouvir uma pessoa ou empresa insatisfeita com os recursos de informática que tem. Existe muita concorrência na área, muitos técnicos, muitos sistemas, muitas opções, mas a qualidade geral dos produtos e serviços oferecidos é cada vez pior, isso porque a maioria dos profissionais que prestam serviço nesta área não tem o conhecimento adequado pra realizar um bom trabalho, e mesmo que tenham, tempo é dinheiro, e entre ganhar o máximo de dinheiro possível em menos tempo, mesmo que correndo o risco de deixar o cliente na mão com um serviço ruim, e dispender mais tempo pra realizar um bom trabalho, a primeira opção sempre prevalece.

Alguns até tentam oferecer uma coisa melhor, mas até mesmo as melhores alternativas dentro do modelo de gestão de TI apoiado no software proprietário sempre serão medíocres. Claro, isso pode ser causado principalmente por falta de visão dos desenvolvedores de software, mas como o objetivo é capitalista, no capitalismo a qualidade nunca será prioridade. Não estou aqui defendendo uma filosofia comunista, isso é um fato do mercado.

A esmagadora maioria das pessoas prefere o que é mais barato, são poucos o que enxergam a qualidade como um investimento. Sempre ouvimos falar que na tecnologia, na informática, as coisas mudam muito rápido, o que é novidade hoje daqui há seis meses já está desatualizado, e é assim mesmo. Agora me diga, nesse cenário, quem consegue ter tempo pra colocar a qualidade como prioridade?

Nesse aspecto gostaria de destacar o conceito de "entropia", que é tendência dos sistemas ao desgaste ou desintegração, com consequente relaxamento de padrões e aumento da aleatoriedade. Isso vêm da física. Um sistema um dia irá se desintegrar, assim como todos os seres vivos nascem, crescem, ficam velhos e morrem.

Não tem jeito, um dia tudo acaba, mas na informática todos os dias lidamos com a falta de capacidade das pessoas de levarem isso em conta. Não se dá a devida importância para os investimentos em treinamento, capacitação, atualização de tecnologia, podemos dizer que não existe preocupação com o futuro. Muitas vezes somos tão medíocres que oferecemos pro nosso cliente o pior só porque ele quer o pior.

Desenvolver sistemas pra gestão empresarial é muito mais do que fazer um programa pra gravar as informações dela num banco de dados, mas sim é auxiliá-la na melhor forma de gerir os seus negócios utilizando as soluções em informática que oferecemos como a ferramenta mais adequada para isso.

Por mais que as argumentações sejam bem semelhantes às do tópico anterior eu quis destacar este aspecto separadamente porque de fato existe uma linha tênue de diferença. A questão da falta de conhecimento é um problema prático, facilmente perceptível, mas incompetência é algo "psicológico", que pode ser mascarado.

Não ter conhecimento necessário para fazer algo é uma questão de habilidade, mas não ter competência pra fazer algo já tende a uma questão de caráter. Se, por exemplo, não ter competência para realizar a atividade profissional que possa ser considerada a mais simples já resulte em grandes transtornos no "final das contas", imagine o estrago a falta de competência em um ramo tão complexo quanto a informática pode causar.

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Páginas do artigo
   1. Introdução
   2. Expectativas exacerbadas de lucro conflitando com investimentos insuficientes ou errados
   3. Não saber o que está fazendo
   4. Incapacidade gerencial e negligência operacional, ou seja, incompetência
   5. A imbecilidade real revelada pela realidade virtual
   6. Microsoft Windows
   7. Conclusão - O software livre como modelo a ser considerado
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Comentários
[1] Comentário enviado por cruzeirense em 25/09/2010 - 18:13h

" O problema aumenta mais ainda quando os pequenos tem "mania de grandeza". "

Isso ficou um tanto quanto contraditorio...

Seu artigo defende o software livre em detrimento do proprietario. No atual cenario o software livre seria o "pequeno" e o proprietario seria o "grande".

O que você frisou em diversos pontos do artigo foi o que voce disse no seu artigo anterior, a culpa é sempre dos usuários imbecis que não se interessam em aprender a utilizar o computador corretamente, mas lembre-se, isso não vai mudar...

Sabe qual é a fórmula do sucesso? Pergunta ao Bio Gades... ele vende (caro) um sistema muito pior(isso foi vc que disse) e obtem muito sucesso...

Acho que temos que rever muitos conceitos e não seguirmos apenas paixões..

Eu torço para o meu time e não para um sistema...

[2] Comentário enviado por Teixeira em 25/09/2010 - 23:08h

O artigo ficou mais parecido com "prolegômenos" que com "crônica"... rsrs
E concordo com o cruzeirense quando afirma que o texto ficou um pouco contraditório.
De qualquer forma, isso teria de ser dito.

Enfim tudo pode ser resumido em uma frase:
O pior cego é aquele que não quer ver...

[3] Comentário enviado por diegowalisson em 26/09/2010 - 00:47h

Concordo 200% com o cruzeirense.
O que está realmente insustentável é esta guerra diária entre software livre e proprietário. Isso não contribui nem um pouco com a T.I. A questão da incompetência vale para todos. Seja proprietário ou livre, o que interessa no final das contas é que o seu trabalho e o software atenda os requisitos de maneira satisfatória. Se puder e quiser pagar por ele, pague. Por que não? Windows é um problema ou TEM problemas? E Linux, Mac, não tem? Todos têm. Ah, tem a questão ideológica e tal, de compartilhar o conhecimento... Isso é UM dos aspectos do nosso ramo. Não deverá nunca ser o único a ser considerado, seja qual for a circunstância, assim como a falsa idéia de que software livre tem de forma geral menor custo que o proprietário. Em certos contextos não tem. Vocês sabem que não tem. Às vezes perdemos mais tempo tentando convencer os outros que opensource é lindo do que resolvendo os problemas que nos são postos.
Meu lado usuário gosta de Windows. Gosto de "descansar" nele. Requer de mim muito menos esforço no geral. No trabalho, administro servidores Linux e Windows. Simples assim, sem culpa nem dor de consciência no final do dia. Não é isso que buscamos, afinal?

[4] Comentário enviado por removido em 26/09/2010 - 12:31h

Pois é!

O legal é que o pessoal tem acompanhado meu trabalho contraditório... Mas não confundamos uma coisa com outra... Este artigo não foi pra dizer qual é o melhor... Sei que sou radical em alguns pontos, e isso é até bom, ou ruim, mas o fato é que a radicalidade de alguns mexe com a mediocridade de outros... Não estou dizendo que as opiniões aqui expressas são medíocres, mas me motivo a querer mostrar os dois lados... E o foco aqui são é SL X SP, mas sim modelo de desenvolvimento... Alguém tem que dar a cara a tapa pra que as coisas sejam vistas sob um novo prisma, para que conceitos sejam revistos, inclusive os meus...

[5] Comentário enviado por guilessons em 26/09/2010 - 14:59h

Compreendo perfeitamente a sua visão e acredito que você apenas foi um pouco mais sincero, percebi uma certa emoção em suas palavras :)

Sobre o texto ser um pouco contraditório... hmm não sei, difícil é encontrar um que não seja...

Tente não ser tão "cruel" com os usuários leigos ao se referir a eles rsrs

Aproveitando este comentário, você ou outra pessoa aqui membro da comunidade poderia fazer um artigo falando das empesas (no Brasil se possível) que usam e CONTRIBUEM com o Software Livre.

Ahh! se possível também quais projetos o governo tem para apoiar financeiramente desenvolvedores de SL.

:)

[6] Comentário enviado por fred_marques em 27/09/2010 - 12:49h

A questão principal é que a própria indústria de software brasileira está inviabilizada, pois atualmente ela só existe para atender a demanda dos clientes que por sua vez estão reféns da burocracia estatal. Dizer que PAF-ECF foi um avanço é uma grande mentira, pois cada SEFAZ baixa suas próprias portarias, e o que ocorre na verdade é que estamos em um sistema tributário caótico, e isso reflete na área de TI. O modelo de negócio em software que existe nos EUA ou na Europa é completamente diferente do Brasil e abrangem as mais diversas áreas, tais como : industrial, comércial, entreterimento, comunicação, científica etc. Me aponte uma única grande softhouse brasileira que não seja da área de ERP? E as outras áreas como ficam? Existe incentivos? Existe demanda? Existe interesse? Estou na área desda década de 80, e ao menos naquela época existiam softhouses tentando atuar em outros setores. Lembram do Carta Certa? Portanto essa guerra Windows x Linux x MacOsx etc é inútil, pois o nosso maior problema é uma total falta de política e metas de negócios para o setor de tecnologia que realmente agreguem algúm valor aos nossos produtos, sejam proprietários ou GNU. Somos meros consumidores de perfumarias tecnológicas e nossa área de TI existe simplesmente para atender o elefante branco da burocracia estatal.

[7] Comentário enviado por camusmal em 27/09/2010 - 19:54h

Olha só!

Se eu vende-se uma nova linha de Panela de marca XYZ mas o mercado ja tem três marcas famosas que vendem panela, então quem daria um conjunto de panela XYZ como presente de casamento pra um amigo?

Primeiro vou arrumar o acabamento da panela vou torna-la atrativa com tampas de vidro e vou reduzi meu lucro para poder vender mais inicialmente e assim as pessoas vão indicar a panela de tampa de vidro para outras. Me tornando uma marca reconhecida!

Com o tio bill gates foi assim...soh que o windows ele deu de graça pra população toda!
E ainda da...mesmo sendo o lider nesse mercado de S.O.

Mas ele cobra se eu quebrar a tampa da panela acidentalmente e cobra para cada outro suporte que eu criar como saleiros que combinam com o conjunto.

Resumindo o bill gates consegue dar panela de graça desde 19XX...hj em dia tem gente que arruma panela em todos os lugares e essa é a melhor forma de conquista o usuário.

Ninguem vai telefonar para comprar um software de uma determinada empresa se não for indicado por alguem que ja testou!

E as empresas que ganham muita grana que eh o caso das de grande porte..elas nao ta nem ai se ao inves de gasta 20mil poderia gasta 8mil...elas querem o que é recomendado pela maioria, para garantir o seu lucro e não correr risco com coisas novas.

As de medio porte segue esse modelo e só opnão por tentar algo novo se o orçamente ultrapassa o que podem pagar.

As pequenas empresas compram pacotes basicos que saem em conta e eh recomendado pela maioria.

É que nem jogar na bolsa de valores...

[8] Comentário enviado por nicolo em 27/09/2010 - 20:23h

Ora ora, Até não concordo com tudo que escreveste, mas ...
Acima de tudo: Parabéns pela coragem
Parabéns pela visão fora da mediocridade.

1-Olhando do lado do consumidor, cliente ou usuário: Nosso mercado de informatica é insipiente, uma fascinação adquirida do primeiro mundo.
Neste mercado entram todos, com qualquer grau de preparação e com qualquer grau de profissionalismo. Vai levar um bom tempo para separar o joio do trigo.

2-Sua conclusão está correta, o software livre é o espaço para o empresário nacional crescer, não há como reinventar a roda ou sair na porrada com as patentes
das mega corporações. Qualquer empresa filet mingnon vai ser ocupada pelas grandes corporações com preços unitários muito baixos. O custo de manutenção de um mega sistema Windows (de uma empresa de grande porte) é monstruoso.

3-O preparo do brasileiro para a área gerencial é patético. Dos gerentes brasileiros mais de 90% , são fraquíssimos. Só uns 10% tem cabeça para conduzir os negócios, e isso não vai ser diferente em informática. (Os decision makers brasileiros tem em média menos de 11 anos de estudo, ou o segundo grau incompleto).

4-Não concordo com a imagem que traçam do Windows e do Tio Bill. Há muita coisa que o software livre está aprendendo com eles, principalmente "como deixar o cliente satisfeito". O Mark Shuttleworth da Canonical (Ubuntu) que é um empresário de sucesso não despreza boas idéias.

5-O desenvolvimento sustentável ... Bem primeiro precisa ler o relatório Brundtland a Biblia dos ambientalistas, mas eu não conheço nenhum defunto ambientalista que o tenha lido. Eu li tudinho e desambientei.



[9] Comentário enviado por cruzeirense em 28/09/2010 - 14:09h

Só mais um pitaco...

Antes do médio e pequeno empresários crescerem com o software livre, o próprio software livre tem que crescer.

Agora, ficar falando que o gerente não sabe gerenciar, o usuário não sabe usar?

O mercado é este aí...

Lembre-se, o produto deve se adaptar ao mercado, não o contrário...

Abraços,

Renato

[10] Comentário enviado por tosca em 15/01/2011 - 23:53h

Sou Socialista do PSTU e uso linux, a questão do Linux e grande empresa junto ao Capitallismo é simples=redução de custos, melhoria do gerenciamento de dados e segurança, vc não colocaria seu patrinônio mesmo que fruto de enganações e jogos ilegas a deriva, o principal do linux nas empresas é segurança, confiabilidade e usuábilidade.

Com isso o empresário pode criar sua empresa virtual, sem as cutucadas da detentora do solftwere, praticidade. Vc corrige falhas, conserta os erros e deixa a cada dia mais na sua mão.

Por quê pequenas empresas não usam linux, simples falta proficionais dispostos a criar solftwere, um custo inicial maior pois não comprar-se um sistema já feito, sabendo que a curto prazo é investimento não gastos. Não sei nas grandes cidades, moro em Sergipe sempre quiz fazer um curso de programação no linux, aquí curso linux é acesso a net e open office; isso minha vó sabe não precisa aula; em pequenos centros é implaticável hoje usar linux de forma empresarial, falta simplesmente conhecimento e pessoal disposto a faze-lo.

[11] Comentário enviado por aldooliveira em 20/01/2016 - 15:30h

Muito bom o artigo.


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