Os que têm por volta de quarenta anos, e sempre gostaram de novidades tecnológicas, provavelmente participaram do início da computação pessoal no Brasil, lembrando da revolução introduzida pelos ícones, janelas e, sobretudo, pelo mouse, o tripé da chamada "interface gráfica".
Sim, com ícones, janelas e um dispositivo que permitia clicar na tela para realizar ações, substituindo a digitação de comandos no prompt do DOS, ou da antiga interface baseada em texto, a computação ficou mais fácil, atingiu as massas e é o que hoje conhecemos.
As janelas, ícones e, principalmente, o mouse foram, definitivamente, os responsáveis por transformar o computador pessoal em mais um eletrodoméstico, decifrando o antes quase indecifrável funcionamento do DOS.
Quem viveu e viu o começo de tudo, sabe como era difícil entender que era preciso digitar um comando, que muitas vezes, devia ser decorado e pressionar Enter, e como era fácil clicar duas vezes num determinado símbolo (ícone), então, as duas formas de ver um programa ser executado.
E isso, sem falar na possibilidade de escolher ícones que também representavam arquivos, ler listas que rolavam na tela e arrastar e soltar dentro da área de trabalho.
Não vou entrar no mérito da questão, mas constato ser voz corrente, que o uso dos ícones e janelas deve-se à Apple, sendo o Windows uma descarada cópia. E constato também, e aqui não há dúvida, que a invenção do mouse deve-se à Xerox, conhecida em nosso país como sinônimo de cópia reprográfica.
Inventado o rato no PARC - Palo Alto Research Center - renomado instituto mantido no Vale do Silício pela "Gigante das Cópias", os pesquisadores o utilizaram pela primeira vez no Alto, um computador muito bom para a época (1973), mas também muito caro e difícil de ser comercializado.
O que interessa, dessa já exagerada introdução é que, bem ou mal, pelas mãos de Bill Gates ou de Steve Jobs, chegamos ao mouse, às janelas e aos ícones com os quais convivemos nos últimos vinte anos ou mais, lembrado, neste passo, que o Windows 3.1, o primeiro a realmente fazer sucesso, foi lançado em 1992.
Passados os já mencionados vinte anos, surge a era do toque, ou touch. E não se trata mais do toque num espaço limitado, que faz parte do gabinete do seu laptop ou notebook, ou seja, do toque em nosso conhecido "touchpad".
Agora, toca-se diretamente na tela, ou na imagem que está nela, e isso está mudando radicalmente o que sempre entendemos por área de trabalho.
Os ícones continuarão a existir, pois precisamos tocar em algo que possamos distinguir e associar a uma função, mas e as janelas? E o mouse? Eles sobreviverão à mudança de paradigma?
A resposta é: talvez.
Sim, caros leitores, talvez, pois a partir das telas de toque desenvolvidas com o advento do iPod e do iPhone, e que cresceram em precisão e uso com o iPad (e também com os diversos dispositivos Android de igual função e utilidade, certo que a Apple, ao contrário do que muitos acreditam, não inventou a roda), os desenvolvedores de sistemas operacionais parecem ter "pirado". Eles querem simplesmente mudar tudo, deixando nossa querida área de trabalho de ponta-cabeça.
Baseados num modelo de uso, que passa longe do padrão atual, os desenvolvedores de ambientes gráficos parecem realmente querer acabar com tudo que conhecemos. Prestigia-se o touchscreen, ou seja, telas com ícones grandes e confortáveis ao acesso através das pontas dos dedos, ícones estes dispostos num padrão ao qual, definitivamente, não estamos acostumados.
E pior, que a falta de intimidade com tal conceito, é a falta de equipamento apto a utilizá-lo tal como pensado, já que não conheço ninguém que tenha um computador de mesa com um grande monitor touchscreen.
Aliás, penso que monitores deste tipo, geralmente usam telas pequenas e são associados a sistemas específicos, como quiosques de consulta, pontos de venda e o que mais exija um conjunto restrito de funções, a que se dê rápido e fácil acesso.
Não temos, no novo padrão, o devido repeito e consideração às conhecidas janelas que permitem dividir nossa tela em mais de uma atividade produtiva, ou em produção e lazer, já que ninguém é de ferro.
As janelas e seus conhecidos botões para minimizar, maximizar/restaurar e fechar, associadas a outros botões no painel, ou barra de atividades, dão lugar a novos métodos de acesso, orientados pela atividade desenvolvida pelo usuário.
E se interessa apenas a atividade, resta esquecida, seja por dificuldade de acesso, ou porque totalmente abolida, a velha janela, talvez por conta de uma certa mágoa em relação ao termo popularizado pelo sistema da Microsoft.
Conclusão
Resumindo e encerrando este breve texto, passamos vinte anos, ou mais, usando mouse, ícones e janelas em áreas de trabalho que eram feitas, ou pensadas, para o uso do mouse, dos ícones e das janelas.
Sabemos o que fazer, quando fazer e como fazer. Conhecemos o caminho. E por tudo isso, não queremos nenhuma mudança radical que nos obrigue a reaprender esse mesmo caminho, especialmente se esta mudança surge para enfrentar um modelo de uso que ainda não conhecemos, ou aprovamos.
Portanto, senhores desenvolvedores de interfaces gráficas, tragam de volta nossa querida área de trabalho, para que possamos utilizá-la com nosso mouse, nossos ícones e nossas janelas.
[1] Comentário enviado por rogeriojlle em 27/08/2012 - 12:53h
Esse texto é matéria pro site "olhar digital", que volta e meia filosofam sobre esses assuntos que não mudam a vida de ninguém, ainda mais em Linux que interface gráfica é o que não falta.
Esse texto por exemplo, estou escrevendo numa tela de toque, o que seria bem mais fácil usando mouse e teclado.
Não é o desenvolvedor que está fazendo errado, e sim o usuário, que usa o dispositivo errado para a atividade que se propõe a fazer.
[2] Comentário enviado por felipe300194 em 27/08/2012 - 12:59h
Graças a Deus nós temos nosso amado Linux. Caso alguém não esteja satisfeito (o que sempre acontece) esta pessoa pode desenvolver algo que lhe agrade. E o melhor é que pode disponibilizar para a comunidade em geral, o que não poderia ser feito com o Windows, por exemplo.
Ótimo artigo, e como disse o colega @regeriojlle é bom para parar e pensar nos acontecimentos desde os primórdios até os dias de hoje, buscando não só aprender como também uma forma de corrigir os erros.
[5] Comentário enviado por pinduvoz em 27/08/2012 - 16:36h
É isso aí, caros leitores.
A ideia deste artigo, incluído na seção de "Debates", é colher as opiniões sobre as mudanças que estamos experimentando ultimamente em nossos desktops.
[7] Comentário enviado por albfneto em 27/08/2012 - 22:42h
Gostei do artigo. Acho porém que essas mudanças atingem alguns ambientes gráficos, o GNOME-Shell, o Unity etc... mas não o KDE, o XFCE, o MATE.
o que ocorre é que me telas pequenas, tablets, smartfones etc... aquele design com os icones grandões vai bem, mas nos desktops grandes não.
mas ao meno por enquanto vai, não somo obrigados a usa GNOME-Shell, podemos usar MATE,KDE,XFCE, LXDE, E17 etc...
no windows, a situação é diferente o Windows 8 eu testei, é horrível! na minha casa uso Linux e muito pouco Win7, e comprei um comp novo na fac, que estou morrendo de medo que venha com o win8 e sua famigerada proteção chamada "boot seguro" e aí não vou poder colocar linux nele.
[8] Comentário enviado por mcnd2 em 28/08/2012 - 20:14h
Muito bom o artigo.
Agora será que realmente a 'Área de Trabalho' vai sumir?
Eu particularmente acho que não, só se os novos computadores já vierem de fábrica com os monitores sensível ao toque ai a coisa muda de ruma realmente.
[9] Comentário enviado por eliseu_carvalho em 29/08/2012 - 16:10h
alfbneto, não há o que temer quanto ao Secure Boot, nada disso vai acontecer e você pode tranquilamente instalar uma distro Linux no seu PC novo.
Quanto ao escopo do artigo... Eu, pessoalmente, sou a favor do touchscreen. Mas não para uso profissional. Imagino como seria um escritório, onde se devesse digitar documentos direto na tela? Incômodo, não?
Porém, sendo para uso pessoal, para acessar redes sociais, escutar música, ver vídeos etc., o touchscreen vem muito bem a calhar.
[10] Comentário enviado por consolo em 02/09/2012 - 12:52h
Com 40 anos, me encaixo na descrição daqueles que acompanharam a evolução do terminal para o ambiente gráfico. Depois de tanto tempo olhando para a mesma coisa, sinto um certo alívio de que as novidades estão chegando ao Desktop, pricipalmente no Linux com o Gnome Shell entre outros. Acho isso extremamente positivo.
[11] Comentário enviado por removido em 03/09/2012 - 17:09h
Não acredito que o KDE siga esse mesmo caminho, até porque, existe um 'widget' do kde chamado "activity", que permite você trocar o esquema da sua área de trabalho, para um formato com o ícones, do desktop, um formato com os gadgets do plasma ou um formato específico para touchscreen.
O KDE está se mostrando o mais dinâmico ambiente de trabalho até agora, agradando os mais conservadores (dos mouses, ícones e janelas) até os mais liberais (dos touchscreens)
[12] Comentário enviado por px em 03/09/2012 - 20:48h
Ótimo artigo , me fez lembrar da época q usava DOS , e os famosos Win 3x~ pra frente kk ( para estudo qp n sou tao velho assim , rs) , hj usamos linux sentiram a diferença ?
A informatica esta e sempre estará em constante mudança , em relação a desktop e os periféricos espero q n se acabem d vez pois estão na historia , talvez fiquem obsoletos um dia mas se estiverem disponíveis continuarei comprando / usando