Participei ativamente nos três dias, e o que mais me impressionou foi ver O Sr. Hall sendo a maior estrela de um evento que não tinha o Software Livre como sua principal característica. A palestra do Sr. Hall, numa das maiores salas, foi interessante, não apresentou muitas novidades para quem o acompanha, mas acredito que para a grande maioria lá (tirando um nerd em pé de boné e outro que foi até pedir autógrafo ao Sr. Hall) foram informações novas.
Mas algumas perguntas me vêem a mente, o que Sr. Hall estava fazendo lá? Com seu discurso compassado e serenidade digna de um missionário (apelido dado por um jornalista, durante o programa Roda Viva), segue o Sr. Hall, levando a mensagem do software livre. Antes de colocar em pauta tais perguntas, gostaria de compartilhar com vocês alguns temas que foram levantados por ele e outros que lhe foram perguntados durante a entrevista para o programa Roda Viva (
http://www.tvcultura.com.br/rodaviva).
1) Open Hardware
O Sr. Hall falou a respeito deste conceito, mostrou inclusive um celular baseado em "Open Hardware" e que roda sob um sistema operacional chamado "Open Moko". Enfatizou que os custos de produção são baixos, mas que seria inviável trazer para o Brasil, pois os custos não justificariam a aquisição.
2) Projeto Caua
Aqui ele fala sobre um projeto que se desenvolvera aqui no Brasil, com o objetivo de gerar mais de 3 milhões de empregos (utopia?). Em sua descrição resumida, falou em criar "Administradores de sistemas", que ganhariam a vida de forma autônoma, dando suporte aos usuários de
Linux. Não ficou claro se seria uma outra distribuição.
3) Asterisk
Falou e demonstrou alguns hardwares compatíveis com Asterisk. Mostrou uma placa mãe praticamente do tamanho da mão dele. Citou também um estudo de caso onde um ouvinte seu implementou suas ideias e deu certo.
Enfim, foram diversos temas por ele tratado, mas o que mais me impressiona é o fato dele não criticar a Microsoft o tempo todo, em dados momentos até defende. Ao ser questionado pela pirataria ele a condenou veementemente, dizendo inclusive que a MS poderia cobrar o software mais barato se não houvesse tanta pirataria. Ao ser questionado se Open Source não era uma vertente política, defendeu também o seu ideal, dizendo que Open Source não tem ligacão direta com política, as organizações políticas que utilizam Open Source, e o fazem por questões diversas.
Mas o que o Maddog estava fazendo lá? Com tantos presidentes, aliás, todos os presidentes de todas as operadoras, porque o Sr. Hall foi escolhido para ser a estrela principal do evento?
Minha percepção me leva a crer que o empresariado começa a enxergar que o Linux é muito mais que apenas uma briga entre sistemas operacionais que querem dominar o Desktop. Na verdade o Sr. Hall cita apenas a liberdade de escolha, não condena nada, apenas afirma que se você utiliza software com Código Aberto, é livre. A utilização de software com código fechado promove a escravidão do usuário.
"O escravo não tem vontade própria, seu dono manda ele ir ele vai, manda ele voltar, ele volta, se você utiliza software com código fechado, você e um escravo...". Afirma o Sr. Hall.
O Asterisk foi uma das maiores revoluções dos últimos tempos, permitindo que um PC qualquer se transforme em um PBX. Isto permite que você monte o seu PBX, configure e implemente coisas suas sem precisar desembolsar muitos reais para isso.
Será que as operadoras enxergaram isto e de alguma maneira querem se aproximar do Sr. Hall? O real motivo não sabemos, mas sem dúvida alguma foi uma participação ímpar do Sr. Hall, levando a filosofia da liberdade a todos os níveis, até mesmo lá, onde estava a nata das telecomunicações do Brasil.
Vida longa ao Sr. Hall!