Rei Tenguh
(usa Arch Linux)
Enviado em 18/05/2013 - 13:19h
Perdão, Paulo, estava em viagem.
Também não sugiro que qualquer assunto pelêmico tenha um ponto ou uma palavra final (a síntese e mais importante que a tese ou a antítese, sempre). Minhas intenções com esse dois tópicos de assuntos "políticos" a que criei é exatamente porque vejo, dando-me ares de "profeta" (risos) que assim como as bibliotecas ontem, amanhã serão os fóruns de informática a dividirem opiniões buscando um consenso subjetivo.
Quanto a influência do nome relacionado a ideia, sim; não tinha pensado no efeito borboleta decorrente da publicidade vinculada ao nome, me restringi a questão do mérito e deixei passar a importância política (os "buracos" em que a filosofia nos coloca as vezes, já tão bem descrito pelos adeptos do "zen", rsrsrs...) Claro que faz diferença (como exemplo, pra ilustrar) eu comentar que a ideia de que a revolta é o único sentimento útil tenha vindo de João Ubaldo Ribeiro (satírico), ou de Niezsche (afrontador) ou Shoppenhaugnher (já desistiu!), mas isso não influencia no mérito da ideia. Mas SIM, influencia na forma como ela é desenrolada, e no âmbito político isso realmente tem ainda mais importância que o próprio mérito.
Quanto a isso, reconsidero o que havia dito antes: há mesmo importãncia; não no mérito da questão, mas há sim na forma como a questão pode ser "desenrolada".
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Mas ainda assim o mérito da questão se mantém como importante, e o tal projeto de lei parece-me sim ser contrário a evolução de tantos anos, onde o "tratamento" deixou de ser possível. Volto a usar como analogia a década de 60, nos EUA, onde mulheres eram lobotomizadas (quando eles enfiam umas agulhas no cérebro e puxam alguma fibrazinhas opticas, criando zumbis bem "calminhos"), como "tratamento" por "distúrbios emocionais" que as faziam cogitar a separação judicial. E se olhar nos autos, todas foram sacrificadas "com autorização dos responsáveis". E isso não foi a 500 ou 600 anos atrás, foi "ontem".
Vale lembrar também dos "tratamentos" que faziam-se até menos de 40 anos atrás, onde (em palavras curtas) abafava-se o tesão nos homens colocando uma argola de metal no k-c-t dos meninos. Isso era para "curar" o desconforto dos pais em relação a ereções dos filhos (atrapalhava a foto ¬¬)
É uma realidade jurídica que acompanha o ser-humano desde sempre, e que se resume a: os "dominantes" colocam os "dominados" sobre "tratamento" para que "curem-se", o que significa tornarem-se iguais aos "dominantes".
É perigoso, é passo certo em direção de violências gratuitas e autorizadas.
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Quanto a "fé na ciência", você nem imagina o quanto concordo com você. Se eu for enumerar as coisas que considero como entraves ao desenvolvimento humano, acho que eu colocaria o cientificismo em primeiro lugar. (começa pelo erro de Decartes em tirar algo de seu contexto pra análise de suas partes - o que desvenda os meios dos acontecimentos mas ignora as verdadeiras causas (contextuais), e ainda engloba o equívoco de atribuir-se a experiência respostas que na verdade vêm apenas da mente do observador (que naturalmente limita as questões a serem formuladas),e por aí afora... também não mantenho uma mentalidade cientificista. Mas a sua função positiva deve ser mantida: evitar decisões objetivas sobre aspectos de interpretação subjetiva.
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A partir desse "não-cientifiocismo" que me acompanha, minhas respostas pessoais a algumas de suas colocações seriam:
"É a Ciência absoluta e livre da influência das opiniões dos cientistas?
Obviamente que não, como já sugeri acima, mas devido a seus métodos isso não elimina sua "objetividade" proposta.
Por conta disso:
"Definições de doenças não embutem juízos de valor de grupos majoritários?"
Não, não incluem. A ideia de "doença" se resuma a pergunta objetiva: "É fonte principal de algum sofrimento/deteriorização fisica ou biológica"? Não existem valores subjetivos envolvidos, e é exatamente contra isso que a ciência luta desde sempre.
Ainda sobre o lugar correto a cada "ciência":
"Há absolutismo quando os congressitas atuam? Não há absolutismo autocrático quando um órgão de classe (em última instância, um órgão do Executivo) usurpa funções constitucionais do Poder Legislativo?"
O que eu sugeri foi que o "toque absolutista" está na valoração moral subjetiva propondo-se a regulamentar a ciência e o direito. Foi nesse contexto que falei sobre mentalidade absolutista. Mas, mesmo nesse OUTRO contexto que você colocou: não, se há a divisão e a autonomia dos poderes enquanto norma constitucional, isso pode as vezes estar mais ou as vezes menos dentro de seus princípios propostos, mas a discussão e as alterações serão em contexto democrático.
O que leva a minha conclusão de que:
"Tudo o que é religioso é mau, ou deve ser automaticamente e definitivamente banido do debate social e político?"
São duas perguntas diferentes com duas respostas diferentes: NÃO, TUDO O QUE É RELIGIOSO NÃO É "MAU", muito pelo contrário. A introspecção humana é a única coisa que pode gerar algo de bom no indivíduo. Mas, perceba-se: "NO INDIVÍDUO". Então, a outra resposta é: SIM, TUDO O QUE É DE CUNHO RELIGIOSO DEVE SIM SER RETIRADO DO DEBATE SOCIAL E POLÍTICO; porque a religiosidade tem como função a busca do aperfeiçoamento moral do indivíduo, e as ciências sociais tem como função prover bem estar físico e biológico aos cidadão independente de conceitos morais de "certo" ou "errado".
Exemplo: Eu sou taoísta, e por isso acredito que o homosexualismo seja um distúrbio de personalidade. Mas só que isso é religião, é crença pessoal minha; e o Estado não pode NUNCA basear-se em crenças pessoais, sejam as minhas ou as de qualquer outra pessoa; deve basear-se na busca objetiva do bem estar a TODOS os seus cidadãos, a partir do que ELES querem, do que ELES votam e de estudos objetivos DESVINCULADOS de crenças e dogmas.
E por conta disso, então:
"Tudo o que teve origem na Idade Média é ruim?" Tudo o que existe de atitude política que teve origem na idade mádia é ruim, e só trouxe morte e desgraça, exatamente porque essa política era baseada na religiosidade e não nas ciências sociais objetivas.